03 - Whisky Ordinário

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SE FPR EGOÍSTA, NÃO CASE

WHISKY ORDINÁRIO

POR Wingstern


Nos últimos dias, pude perceber que minha relação com Chanyeol melhorava gradualmente, mesmo que discutíssemos por coisas como o prato servido no jantar – o que não fazia sentido, se era eu a cozinhar, ele deveria se contentar com meus dotes culinários. Quem vai a um restaurante e ordena o chef a preparar algo além de suas capacidades? – e o Park insistisse em manter o jantar silencioso, não parecíamos nos detestar tanto quanto antes, conseguíamos até trocar mais de dez palavras sem iniciar uma discussão!

Devido a essa ligeira melhora, eu havia optado por permanecer em casa no fim de semana, sem me esconder na biblioteca para estudar ou sair com Xiumin, este que se divertia às minhas custas, gargalhando em cada um dos meus relatos da minha formidável vida de casado.

Então quando os raios de sol finalmente invadiram o quarto, me despertando pela claridade repentina em meu rosto, não fiz esforço para levantar o mais furtivamente possível da cama, apenas me dirigi ao banheiro em modo automático para realizar minhas higienes básicas antes de começar o preparo do desjejum.

Mesmo que eu só soubesse ligar a máquina de café ou fazer o chá e montar sanduíches com o que encontrasse na geladeira, pegando doces já prontos e colocando-os em pratos caso estivesse com preguiça, e não gostasse de não dormir até quando eu quisesse em um fim de semana porque precisava agir como um bom marido, eu sabia que era necessário. Chanyeol podia não se importar com isso, mas se eu fosse capaz de preparar todas as refeições dele, aguardar sua chegada, recebê-lo com um sorriso no rosto – ainda que fosse totalmente falso – e deixar a casa como nova, então talvez dessa forma, eu sentiria que estava apto a levantar a cabeça ao olhar meu pai e afirmar que não era uma decepção por ser o único garoto ômega dentre os Byun.

Provar que eu não era uma espécie de prostituto como meu progenitor costumava berrar aos ventos quando bebia algumas doses do seu whisky caro preferido, cuja sofisticação estava inteiramente em seu preço considerando que o gosto era tão ordinário quanto o whisky mais barato que se encontraria em um bar qualquer.

Termino de arrumar a mesa ignorando meus pensamentos, quando sinto o cheiro já presente na casa se intensificar, alertando a aproximação do alfa que não demorou a cruzar o portal entre a sala e a cozinha. Ele vestia apenas uma bermuda branca, o peitoral levemente definido exposto como sempre, já que Park Chanyeol era capacitado o suficiente para administrar uma empresa multinacional, mas não para dormir com uma camiseta porque era desconfortável e desnecessário, além de um atentado a sua liberdade corporal, como o mesmo dizia.

— Ainda de pijama? – questionou ao se sentar, esfregando os olhos com as costas da destra.

— Não deveria? – de costas, redireciono a pergunta, apanhando a chaleira no fogão para então me virar.

— Você geralmente se arruma para sair aos fins de semana – deu de ombros, passando geleia em uma torrada com um pouco de dificuldade – Você sequer é coreano? Nunca fez um café da manhã tradicional – queixou-se ao se sujar com o doce.

— Anos fora do país me fizeram notar como é um desperdício praticamente repetir a mesma refeição três vezes ao dia – expliquei ao encher sua xícara de chá – Por quê? Incomodado pela mudança ou por não conseguir passar geleia na torrada?

— Insolente – revirou os olhos, bebericando o líquido quente.

Ri baixinho e peguei meu celular no bolso do moletom que eu vestia, apaguei as notificações de mensagens do Xiumin, daria atenção para elas mais tarde por, provavelmente, tratarem de anotações da aula, e vaguei pelas redes sociais sem objetivo em mente, apenas para terminar de comer sem me entediar.

Se for egoísta, não caseOnde histórias criam vida. Descubra agora