Capítulo 2

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A última coisa que S/N poderia esperar dele seria um beijo. Surpresa, virou o rosto rapidamente, assim que seus lábios se roçaram, e espalmou uma das mãos no peito dele. O homem sorriu.

J-Hope:- Um beijo... - sussurrou ele. - Não pode ser considerado uma ofensa, pode?

Brava, S/N afastou-se no mesmo ins­tante.

S/N:- Você só pode ser louco, completamente louco! Eu vou... - Parou no meio da frase ao passar a mão pelo pescoço. A corrente... Onde estavam a corrente e a meda­lhinha de ouro? - Seu... Devolva a minha corrente! - ordenou, vermelha de raiva.

J-Hope:- Sinto muito, Afrodite. Não sei de corrente nenhuma.

S/N:- Devolva a corrente e a medalha! - insistiu, sem dar ouvidos a ele.

J-Hope:- Eu já lhe disse: não tenho uma coisa nem a outra. Não sou um ladrão. - Era visível o esforço que fazia para não perder o controle. A voz, aparentemente fria, vibrava, indignada. - Com você, eu teria para fazer coi­sas mais interessantes do que roubar as suas preciosas jóias.

Ela ergueu a mão para esbofeteá-lo, mas ele evitou o golpe no ar, segurando-lhe o pulso com firmeza.

J-Hope:- Ao que parece, a tal corrente é muito importante para você. - Os dedos apertavam o pulso delicado. - Pre­sente do namorado?

S/N:- Uma lembrança de uma pessoa especial, que eu amo muito! - rebateu ela. - Mas não posso esperar que alguém como você compreenda o significado sentimental de certos objetos. - Com um puxão, soltou o braço, dando-lhe as costas e caminhando em direção aos degraus de pedra.

Imóvel, ele a seguiu com o olhar até que ela fosse engo­lida pela escuridão. Só então começou a andar na direção oposta.

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O reflexo do sol na água dava a impressão de que aque­le pedaço de mar estava coberto de diamantes. S/N fechou os olhos, sonolenta com o balanço monótono do iate.

Será que o que acontecera na véspera não passara de um sonho?, perguntou-se vagamente. Facas, mãos fortes e um sorriso arrebatador vindos de um estranho não costumavam fazer parte do cotidiano das pessoas. Não fosse pelo desaparecimento da corrente e da medalha, pre­sentes de seu irmão, ela diria que tudo aquilo fora fruto da sua imaginação.

Espreguiçou-se e deitou-se de bruços, usando os braços como travesseiro. A pele, besuntada de protetor solar, brilhava ao sol. Por que ela escondera toda essa loucura de Yoongi e de Lisa? Sorriu, imaginando a reação deles. Ficariam horro­rizados. Yoongi, muito provavelmente, colocaria um guarda-costas acompanhando os seus passos durante o resto da sua estada em Lesbos. Ordenaria uma investigação mi­nuciosa e não descansaria até que encontrassem o tal homem.

Por outro lado, o que ela teria a dizer à polícia? Não estava ferida, não sofrera violências, não tinha marcas pelo corpo. Por que um estranho a levaria para o escuro sem uma razão precisa, deixando-a ir embora logo depois, sem molestá-la? Esse era o mistério que S/N gostaria de decifrar.

Nenhuma polícia do mundo encararia uma tentativa de beijo como um crime. Ela nem ao menos tinha como provar que fora roubada. Poderia simplesmente ter perdido a corrente na praia. Droga! A verdade era que não conseguia ver aquele desconhecido no papel de um ladrão ordinário. Lembrando-se novamente do sorriso e dos lábios dele, sentiu um arrepio de excitação. Aborrecida consigo mesma, tratou de esquecer aquela parte do episódio.

Ouvindo os passos de Yoongi no convés, S/N descansou o queixo nas mãos e sorriu para ele. Na espreguiçadeira ao lado, Lisa continuava dormindo.

Yoongi:- Que preguiça danada, hein? - sentou-se ao lado da esposa. - Nada como o sol para dar sono na gente.

Paixão na GréciaOnde histórias criam vida. Descubra agora