Capítulo 6

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S/N entrou na mansão dos Min com a cabeça latejando. Em algum ponto do trajeto de volta, ela descobrira que não estava com raiva ou medo, muito menos ressentimento. Naqueles poucos dias de convivência, J-Hope conseguira fazer com ela o que Jin não conseguira em meses: magoá-la. Magoá-la profundamente. E esse sentimento era muito anterior ao dia em que o conhecera. Começara quando ele optara por ganhar a vida de um modo que ela considerava nojento.

Por que isso a incomodava tanto, S/N não saberia dizer. Afinal, não tinha nada a ver com ele. J-Hope que fizesse o que quisesse! Ele e seu secretário!

Entrou na casa, torcendo para não encontrar ninguém. Queria ficar sozinha, quem sabe cochilar um pouco. Sen­tia-se exausta. Seus planos, entretanto, foram por água abaixo, quando, ao atravessar o hall rumo à escada, ouviu a voz de Taehyung:

Taehyung:- S/N, venha se juntar a nós!

Colando um sorriso nos lábios, ela não teve outro remédio senão dirigir-se ao terraço. Rosé estava lá também e apenas a cumprimentou com um sorriso distraído, antes de voltar a atenção para o mar.

Taehyung:- Yoongi está tratando de negócios ao telefone. – informou, estendendo uma cadeira para ela. - e Lisa está às voltas com probleminhas domésticos na cozinha.

S/N:- Sem uma intérprete?

Sorriu, dizendo a si mesma que J-Hope não iria estragar o seu humor e torná-la tão chata quanto Rosé.

Rosé:- Isso é ridículo. - ela estendeu um cigarro a Taehyung para que ele o acendesse. - Lisa deveria simplesmente despedir o homem. Mas qual o quê, vocês, coreanos, não sabem lidar com empregados.

S/N:- Eu podia jurar que você também era coreana...

Rosé:- Sou australiana. Somente minha mãe é coreana.

Antes que S/N tivesse tempo de retrucar, Taehyung tomou apressadamente a palavra:

Taehyung:- O que você achou da casa de Hoseok, S/N?

O olhar que dirigiu a ela era expressivo, como se lhe pedisse que relevasse o comportamento de Rosé. S/N obteve a confirmação do que já suspeitara no dia anterior. "Ele está apaixonado por ela.", constatou, sentindo pena dele.

S/N:- É um lugar maravilhoso. Deve ter levado muito tempo para ele recolher todas aquelas peças.

Taehyung:- Para ele, isso não é difícil. Ele tem faro para reconhecer objetos de valor. – comentou, lançando-lhe um olhar agradecido. - E, naturalmente, ele se utiliza da sua posição para garantir as melhores peças para o seu acervo.

S/N:- Entre todas as coisas que vi na casa dele, gostei de uma caixa de música suíça, muito antiga. Tem mais de cem anos. O que eu não daria para ter uma relíquia como aquela...

Rosé:- J-Hope é um homem muito generoso, quando sabem agradá-lo... - O sorriso dela era tão cortante quanto uma lâmina afiada.

S/N encontrou-lhe o olhar irônico.

S/N:- Não diga! Você parece falar com conhecimento de causa... - retrucou com frieza, e, deliberadamente, voltou-se para Taehyung. - Eu conheci o primo de Hoseok, esta manhã.

Taehyung:- Ah, sim. O compositor.

S/N:- Ele disse que costuma andar por toda a ilha. Acho que vou me aventurar a fazer o mesmo; afinal, este lugar tão calmo não parece oferecer perigo a caminhantes solitários. - Juntou coragem e prosseguiu, dando um tom de casualidade à voz: - Não dá para acreditar que num cenário tão pacífico como este, ocorram atividades ilegais. Hoseok me contou a respeito dos contrabandistas.

Paixão na GréciaOnde histórias criam vida. Descubra agora