À primeira vista
Quando você é uma pessoa quebrada, quando algo dentro de você já se quebrou e apenas está em cacos deixados lá que se transformam em traumas ou medo, você começa a reconhecer esses detalhes em outras pessoas, claro que não é todo mundo, você precisa ser uma pessoa que tenha empatia pelas outras, e quando você tem isso misturado ao fato de ser alguém muito observador, você começa a perceber o quanto o outro está sofrendo ou já sofreu.
E quando eu a vi pela primeira vez, percebi isso.
Para ser mais claro foi à segunda vista, porque quando a vi pela primeira vez, apenas fiquei intrigado com aqueles olhos achando já os ter visto antes, mas não lembrando exatamente de onde, claro que os lindos cabelos ruivos contribuiu mais ainda para aquela sensação de Dejavu, mas naquele primeiro momento não me lembrei de onde.
O fato é que, sempre estive quebrado, desde a morte de Joe e toda a culpa que sentia por ter acabado com o que eu ainda podia chamar de família, isso me destruiu por dentro, ele morreu naquela noite por minha culpa, se não fosse por mim ele estaria vivo hoje e com a família dele, ele estaria bem, quando ele morreu de alguma forma ele levou uma parte de mim também, fiquei completamente destruído.
Comecei a frequentar mais ainda as pistas de corrida na esperança frustrada de manter minha cabeça ocupada, porque assim toda aquela adrenalina, toda aquela euforia que eu sentia na pista, me manteria vivo, me mantinha acordado; enquanto todo mundo da cidade estava dormindo eu estava correndo, participando de rachas pela cidade e corridas clandestinas com muita coisa em jogo; apostava a minha moto, ingressos para aquele show maneiro de rock que a turma curtia, coisas com algum valor e, claro, que quando corríamos dessa forma, nossa vida também estava em jogo.
E acho que por isso também sempre gostei de correr, não era só a adrenalina e euforia que me causava, o quanto isso fazia meu coração bater loucamente em um sinal que eu ainda estava vivo, mas era não saber como terminaria, não saber se eu ganharia no final ou não.
A morte de Joe deveria ter sido um aviso para eu parar e era isso que meu pai tentava me dizer todo o tempo, mas teve o efeito inverso em mim, eu não queria fugir do perigo, queria senti-lo, porque isso fazia eu perceber que de alguma forma ainda existia um coração dentro de mim, mesmo ele não tendo a mesma vida que tinha antes, que eu ainda, em meio o todo o caos dentro de mim, de algum forma ainda estava vivo.
A verdade era que eu já me encontrava no fundo do poço e correr era minha única fuga da realidade e de um pai que queria controlar o meu destino, ele me olhava como se soubesse que eu havia mesmo matado Joe, e eu não o culpava.
Juntou a morte de Joe com a traição da minha ex-namorada e o resto de confiança e esperança que ainda existia em mim evaporou, não foi uma cena muito agradável ver a minha namorada (agora ex), transando com um dos meus melhores amigos e não foi agradável também quando ela aparecia pedindo para voltar e se desculpando como se eu fosse idiota demais para simplesmente aceitá-la.
Só de lembrar que na minha frente agiam como a boa namorada e o melhor amigo e saber que pelas minhas costas faziam isso me deixava frustrado, ficava me perguntando como nunca percebi antes, o olhar trocado deles e tudo o mais, o quanto confiei tanto nos dois e jogaram isso no lixo.
Traição pra mim é algo imperdoável, porque quando você trai uma pessoa você joga no lixo suas memorias, todo o respeito e confiança que a pessoa tem em você. Joga no lixo sem o mínimo de consideração todos os momentos que já viveram juntos por uma noite de prazer logo seguido por culpa, e quando você vai atrás do perdão já tem noção que nada será como antes, eu sabia que jamais poderia confiar nela de novo e viver sempre desconfiando dela e me perguntando onde estava não era pra mim. Sem contar que acho que a nossa relação estava mesmo desgastada, acho que ela gostava da atenção dos caras nela e das pistas de corrida mais do que de mim.
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Broken: Basta um verdadeiro amor para unir o que antes foi quebrado
RomanceSINOPSE: Verônica Sinckler é uma garota comum, por causa de um trauma do passado, não consegue mais se relacionar com garotos e sendo assim, sempre se afasta de quem tenta se aproximar. Luke Mcdoneel é o típico bad boy com um passado dolorido que...