Cap. 35 - Tudo acaba em... Roxo?

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CATLÉYA NARRANDO...

Me olho no grande espelho do banheiro, e noto alguns hematomas arroxeados.

- Mas o quê...? - Sinto dores pelo corpo, como se tivesse sido atropelada por uma espaçonave em alta velocidade.

Coloco o lençol e as roupas sujas de sangue pra lavar, e fico encarando meu reflexo, enquanto escovo os dentes. Não posso deixar o Dante me ver assim. Pelo que eu o conheço, ele vai se culpar pelo resto do dia por ter me machucado, mesmo sem querer.

Procuro algum daqueles regeneradores no armário debaixo da pia. Não encontrando nada, me apresso logo a tomar um banho. Fecho os olhos embaixo do chuveiro, a única coisa que ouço e sinto são as gotas de água caindo sobre minha pele. Toda a dor, frustrações, preocupações, simplesmente desapareceram.

Ouço um bater na porta e saio de meus devaneios.

-Cat, está tudo bem?

- Oi, está sim. - Respondo abrindo a porta, já enrolada em uma toalha. Jogo rapidamente meus cabelos pra frente, cobrindo meu pescoço e ombros. - Estava colocando o lençol e as minhas roupas pra lavar.

- Vem comer, preparei uma coisa pra você. - Ele tenta me beijar, mas minha única reação é recuar. - O quê foi? - Ele questiona confuso.

- Nada. - Digo receosa, mas ele acaba descobrindo o porquê de eu estar o evitando.

- Quê isso? - Ele joga parte do meu cabelo pra trás e vê algumas das manchas roxas.

- Já disse que não é nada. - Digo me recolhendo. - Preciso do seu regenerador celular emprestado.

- Onde mais lhe machuquei? Deixe-me ver. - Ele fala sério, e noto raiva em seu olhar quando abro a toalha lhe mostrando meu corpo nu, todo arroxeado. - Cat, me perdoe por ter feito isso com você.

- Está tudo bem. - Digo me erolando na toalha novamente. - Não é sua culpa. Meu corpo que é muito frágil.

- EXATAMENTE. - Ele fala exaltado e vai até seu closet.

- Dante? Não fica assim, essas coisas acontecem. - Falo puxando-o pelo braço. - Vem cá. Mesmo que isto tenha acontecido, eu não vou deixar de te amar.

- Vamos tratar destes hematomas. - Ele diz enquanto aplica o spray regenerador, meio cabisbaixo. - Assim, estás melhor?

- Melhor impossível. Agora vem aqui, deixa eu ver se você precisa de cuidados também. - Digo sentando em seu colo e acariciando seu rosto. - Sabia que eu te amo? Muito, muito. - Ele abre um sorriso maravilhoso. Nos beijamos e com as carícias, o clima esquenta. Desta vez eu controlo nossos movimentos.

Quando terminarmos nosso ato, descansamos alguns minutos e logo entramos no chuveiro juntos, e lá reiniciamos. O dia estava sendo longo e quente, nos dois sentidos. Só que desta vez com mais cuidado pra não correr o risco de nada ficar roxo de novo, a não ser a íris dos olhos dele.

...

Dante e eu saímos um pouco pra pegar um ar fresco e um solzinho. Andamos pelo jardim, as flores que brilhavam durante a noite, agora aparentavam mais coloridas que o normal, e exalavam um perfume maravilhoso no ambiente.

Caminhamos por uma trilha de pedras até chegarmos na entrada da plantação de sequoias. Dante havia me dito que tais árvores eram raras, e que seus frutos são bastante apreciados e valiosos.

Noto que as folhas delas são diferenciadas. Parecem com folhas de pinheiros, entretanto são ambulantes. Suas copas se mexiam para cima e para baixo, quase enconstando os galhos no chão. Juro que são as árvores mais belas que eu já vi na vida. Além de tamanha beleza, elas possuem frutos bastante interessantes. Pelo que pude perceber, são três espécies diferentes.

Uma delas possui cachos de frutas arredondadas e amareladas como laranjas, só que do tamanho de melancias. Outra espécie tinha também cachos com frutas arredondadas e arroxeadas como uvas, porém do tamanho de laranjas. E a outra espécie ainda mais inusitada, possui umas frutinhas arredondadas, com alguns espinhos, como a bola de ferro da arma medieval chamada mangual. Só que essa frutinha é transparente, com algumas sementinhas arroxeadas e verdes por dentro, de textura gelatinosa e firme.

E o gramado que circunda toda a plantação, também tem o aspecto de folha de pinheiro, porém macio com uma textura de veludo. Nos deitamos na grama aveludada, e olhamos pra cima, especificadamente para a copa das árvores. São lindas, parece um sonho.

Fico imaginando, e se uma destas enormes frutas cair na cabeça de algum de seus espectadores?

Noto um dos galhos dançantes se aproximar rapidamente de mim. Me encolho e fecho os olhos tampando o rosto com as mãos. Ouço um riso do meu lado.

- Do que estás com medo? - Dante questiona, me afagando em seus braços.

Quando tiro as mãos do rosto, vejo frutas paradas em minha frente como se a árvore quisesse que eu as pegasse. Pego uma para experimentar, e logo ela volta pra cima em seu estado normal.

- Ela gostou de você. - Dante fala dando uma mordida na frutinha que ele também havia colhido. - Porquê ficastes com medo?

- Filho, é você que conhece seu planeta e seus habitantes. Tudo isso é novidade pra minha pessoa. E como assim a árvore gostou de mim? Elas sentem? - Questiono confusa.

- Sim, elas sentem quando alguém não as quer fazer mal. Não existem delas em seu planeta?

- Não mesmo. O que é uma pena. - Falo enquanto saboreio aquela deliciosa frutinha espinhosa e gelatinosa. Observando em minha volta, as outras árvores fazendo o mesmo movimento. - Mas terei a maior felicidade em ajudar a cuidar delas. Afinal, temos tempo de sobra.

- Claro. Temos todo o tempo do mundo.







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Um Abração e até o Próximo... 💜




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