Capítulo 4

1.2K 79 10
                                    

- Ana?

Vitória chamou assim que entrou no quarto e não a encontrou deitada na cama. Ela foi até a sacada do quarto – que dava vista para o quintal atrás da casa – e a encontrou sentada na grama do jardim na beira da piscina, observando as pequenas ondulações que se formavam na água por causa do leve vendo que soprava.

Vitória desceu as escadas novamente para o andar de baixo e andou até a porta de vidro que a levaria à parte de trás da casa. Ela caminhou até onde Ana estava e se sentou ao seu lado. O silêncio sob as duas, apenas o canto de alguns pássaros ao fundo e o bater da água na borda da piscina eram ouvidos.

Ela queria deixar Ana ter o seu próprio tempo e espaço para pensar sobre tudo o que estava acontecendo. Vitória sabia que em algum momento Ana iria desabar, e precisaria do seu apoio e segurança mais do que tudo. Na noite anterior Vitória ficou até tarde da madrugada acordada com Ana, confortando-a e tentando de todas as maneiras faze-la dormir, para esquecer de tudo por algumas horas. E ela conseguiu, mesmo que por pouco tempo.

- Isso tudo é tão estranho – Ana disse quebrando o silêncio – Pensar que ontem de manhã ela estava aqui, fazendo suas típicas piadas sem graça e agora não está mais é.... – Ela parou de falar soltando um pesado suspiro. Vitória apenas a encarava, esperando que ela desabafasse – Eu nunca pensei como seria ficar sem ela aqui. Tudo bem que ela morava em Nova Iorque e nos víamos poucas vezes, mas sempre estávamos nos falando – Ana levantou a cabeça e encarou a esposa com os olhos vermelhos e um tanto inchados por causa do choro – E saber que se eu ligar ou mandar uma mensagem ela não vai me responder é um tanto.... Desesperador.

- Eu sei como é, amor – Vitória se sentou mais perto da esposa e puxou uma de suas mãos para o seu colo, entrelaçando seus dedos aos dela.

- Essa dor passa? – Ana fungou deitando sua cabeça no ombro da esposa.

- Acredite, a dor em si passa. Mas as marcas que ela deixa são eternas – Vitória respondeu apoiando sua cabeça na da esposa e acariciando as costas de sua mão com o polegar – No fim a única coisa que te resta são as lembranças e a saudade.

- Você sente falta do seu pai, não sente? – Ana perguntou pois sabia que a Vitória estava falando do pai que havia falecido no início do ano.

- Eu sinto sim a falta dele todos os dias. Mas vai passar, amor. Não digo quando isso irá acontecer, mas vai passar – Vitória beijou o topo da cabeça da esposa levantou a cabeça ao escutar a campainha – As meninas chegaram.

- Helena está com elas?

- Está sim.

- Vi eu não quero ela no velório. Ela só tem quatro anos – Ana disse observando Vitória se levantar e ajeitar a roupa.

- Eu sei, eu também não quero. Por isso Sabra irá cuidar dela hoje – Vitória respondeu e Ana assentiu mais aliviada. Ela não queria que sua filha presenciasse um velório sendo tão pequena – Eu volto logo – Se curvou e beijou os lábios da esposa rapidamente antes de se afastar.

Vitória pegou a mochila de roupas da filha e a colocou sobre os ombros antes de ir abrir a porta. Assim que abriu a porta, Vitória sentiu um pequeno corpo colidir com suas pernas, ela sorriu e se abaixou para pegar a filha no colo.

- Oi meu amor! Como foi a noite com suas tias? – Vitória perguntou acariciando as costas da filha enquanto recebia aquele abraço que ela tanto amava.

- Foi muito legal! – Helena respondeu animada e tirando o rosto do pescoço da mãe para encará-la – Tia Bá ficou blava porque perdeu pala a tia Flá no jogo de dança.

- Eu perdi por pouco, pestinha – Bárbara disse fazendo careta para a sobrinha antes de beijar a bochecha de Vitória – Onde está a Aninha?

- No quintal – Vitória respondeu e Bárbara praticamente correu para lá.

Um Porto Seguro Onde histórias criam vida. Descubra agora