Capítulo 11

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É tão engraçado como o amor funciona, não é? Existem vários tipos de amor e nenhum é igual ao outro, e nenhum pode ser descrito exatamente em palavras, apenas em ações.

Tem o amor de mãe, que é sem nenhuma dúvida o amor mais forte que existe. É aquele tipo de amor que você poderia tirar sua vida para poupar a do seu filho ou filha, de tão intenso. O amor de amigo, que é aquele em que você pode fazer qualquer coisa por aquela pessoa que você considera tanto em sua vida. Até o amor por um animalzinho de estimação é aceito, que é aquele carinho tão grande que quando ele se vai, você sente a perda como se fosse alguém próximo a você. Algumas pessoas dizem que você só ama uma vez na vida, mas isso é uma total mentira na opinião de Vitória. Para ela, o amor é o sentimento que você mais vive no decorrer de sua jornada na Terra, a dor é o segundo e a felicidade é o terceiro.

Vitória achava esse pensamento um tanto curioso, pois os três sentimentos estavam interligados, como se fosse um ciclo. Amando você sofre, que é onde entra a dor. Mas o mesmo amor que machuca, que dói, te traz a completa felicidade. E assim vai seguindo esse ciclo. Ela diz que, o amor machuca, mas é a única coisa que pode te curar novamente.

Você já ouviu falar da palavra intrínseco? Significa que é real, que tem importância. E é isso que Vitória sente por Ana, um amor intrínseco, um amor real que é a coisa mais importante em sua vida. Ela não sabia que poderia sentir tanto amor um dia na vida até Ana aparecer, e esse sentimento só aumentou quando Helena entrou na vida delas. Era algo sem explicação, e a melhor palavra que ela achou para definir aquele sentimento foi essa.

O relógio marcava nove e vinte da manhã, e Vitória ainda se encontrava na cama. Sentada com as costas encostadas na cabeceira da cama, ela observava o sono tranquilo de Ana que estava dormindo na mesma posição de sempre, toda encolhida e com a mão embaixo do rosto. Vitória sorriu pois não importava em qual posição elas se deitavam, a morena sempre acabava na mesma posição no dia seguinte.

Ela alisou o rosto alvo de sua esposa com a ponta dos dedos, tirando uma mecha do cabelo escuro que estava atrapalhando sua visão. Ana parecia tão tranquila que nem parece que foi dormir com várias inseguranças e o mesmo medo de sempre. O medo sem explicação que insistia em atormentá-la.

- Eu vou fazer esse medo passar, amor – Vitória sussurrou beijando a testa de Ana antes de se levantar.

Vitória fez sua higiene calmamente no banheiro e colocou uma roupa mais leve antes de sair do quarto e descer as escadas, indo direto para a cozinha. Ela havia ligado para Sandra dizendo que não iria ao banco hoje, e qualquer coisa era para ser direcionado ao seu e-mail e ela resolveria tudo em casa. Aproveitou para ligar para Edimilson e pedir para trazer sua filha para casa, ela estava com saudades da pequena correndo pela casa e falando sem parar.

Ela pegou o notebook na sala e voltou para a cozinha, se sentando no balcão e abrindo seu e-mail para ver se tinha alguma coisa, e pela primeira vez ela odiou a eficiência de sua secretária. Já haviam pelo menos quatro documentos para serem lidos e aprovados. Vitória pegou uma xícara de café forte e prendeu os cabelos em um coque, colocando os óculos e começando seu trabalho.

- Bom dia – Vitória quase caiu do banco do balcão com o susto que levou ao ouvir a voz de Ana tão próxima de si. Mas estranhou o tom de voz seco que ela usou.

- Bom dia, Amor – Respondeu vendo-a abrir a geladeira – Eu preparei seu café – Apontou para o prato com panquecas em cima do balcão e viu Ana apenas assentir e se sentar à sua frente com a garrafa de suco de maracujá – Tudo bem?

- Sim – A resposta veio do mesmo jeito que o bom dia, seco.

- Tem certeza?

- Sim, Vitória. Eu tenho certeza – Responde grossa encarando a esposa que não estava entendendo aquele comportamento – Por quê? Quer pesquisar mais um dos meus sintomas para descobrir o que eu tenho? – Perguntou sarcástica olhando para o notebook em cima do balcão.

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