UM MÊS DEPOIS
Ana sentia algo pesado em sua bochecha, pressionando e as vezes cutucando. Ela franziu o cenho e abriu os olhos devagar por causa da claridade. Logo ela pode ver Vitória sentada na cama lhe encarando com os lábios entre os dentes e uma expressão divertida.
- O que tem no meu rosto?
- Talvez um pé bem pequeno – Vitória respondeu controlando a risada e Ana suspirou.
- Ela está fazendo graça ou está dormindo mesmo?
- Ela está dormindo, então não levante de uma vez.
Ana assentiu e tirou lentamente o pé de Helena de seu rosto, vendo que ela nem ao menos se mexeu. Se sentou na cama e coçou os olhos, podendo ver que sua filha estava esparramada na cama e até mesmo ressonava.
- Quando foi que ela entrou aqui?
- As cinco da manhã – Vitória respondeu pegando a xícara de café no criado – Acordei com algo subindo pelas minhas pernas e depois ela se jogou no meio da cama, resmungando alguma coisa sobre unicórnios e voltando a dormir.
- Unicórnios? – Ana perguntou olhando atentamente para a pequena – Até semana passada eram fadas.
- Está tudo interligado, amor – Vitória disse como se fosse óbvio bebendo um pouco de café.
- Que seja – Ana revirou os olhos se levantando, esticou os braços e fez careta com o estalo que sentiu – Vou tomar um banho porque estou me sentindo destruída.
- E eu nem faço ideia do porquê – Vitória disse em um tom malicioso levando a xícara novamente aos lábios. Ela pode sentir os olhos da morena em si e apenas controlou a risada.
- Cadê seu diploma?
- Que diploma? – Vitória perguntou confusa e Ana sorriu debochada.
- O de formação em Artes Cínicas.
Vitória mostrou o dedo do meio para Ana que apenas riu e entrou no banheiro. Vitória negou com a cabeça e pegou o controle remoto, ligando a televisão e se ajeitando melhor na cama. Ela estava tão concentrada nas notícias que nem percebeu quando Helena acordou. A pequena coçou os olhinhos e se arrastou para mais perto da mãe, deitando a cabeça em suas pernas.
- Coloca no Bob Esponja, mamãe – Helena pediu entre um bocejo.
- Bom dia para você também, bebê – Vitória brincou mudando de canal e Helena abriu um sorriso inocente para ela.
Ana saiu do banheiro enrolada em uma toalha sentindo seus músculos bem menos tensos. Ela olhou para a cama e foi impossível conter o sorriso com a cena. Vitória estava sentada com Helena deitada em suas pernas, a mão da esposa mexia nos cabelos castanhos da filha e as duas riam do desenho que se passava. Quase todas as manhãs de sábado eram daquele jeito e Ana nunca se cansava, na verdade, ela jamais se cansaria.
-/\-
Não passava das duas da tarde e Vitória estava largada no sofá da sala com um grande saco de batatas ao seu lado assistindo sua série favorita. Essa era a parte ruim de um sábado tedioso. Passos na escada lhe tiraram a concentração e quando olhou para trás quase engasgou com as batatas.
Ana estava vestida com uma regata azul escuro colada no corpo, um de seus curtos shorts de corrida e seus tênis, os cabelos presos em um belo rabo de cavalo alto e o celular em mãos.
- Amor? – Ana chamou a ver a expressão de Vitória – Tudo bem aí?
- Sim, eu... – Vitória se ajeitou no sofá apenas para olhar melhor as pernas da morena – Só... Gostosa.
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Um Porto Seguro
Fiksi Penggemar"Síndrome do Pânico: é um tipo de transtorno de ansiedade no qual ocorrem crises inesperadas de desespero e medo intenso de que algo ruim aconteça, mesmo que não haja motivo algum para isso ou sinais de perigo iminente". Você já imaginou sentir medo...