Party Poison

This ain't (just) a party

Eu definitivamente não esperava absolutamente nada do que encontrei ali.

Primeiramente, não esperava que a casa dos Way houvesse se tornado um mausoléu.

A casa em que lembro ter crescido visitando era grande, porém ainda era uma residência comum de uma família com uma renda bem confortável. Do tipo que podia pagar a faculdade de artes pra um filho e a de música pro outro sem passar dificuldades pra comer.

Porém, embora eu tenha conferido o endereço várias vezes, confirmado como pûde que era o mesmo terreno onde um dia era a casa dos Way, agora estava aquela mansão ridícula que cheirava a dinheiro há muitos quarteirões de distância. Se alguém me dissesse que era uma galeria de arte chique, ou uma nova sede de algum fashion designer ultra famoso, eu acreditaria sem duvidar. Mas aparentemente, ainda era “só” a residência dos Way.

Outra coisa que eu jamais esperaria quando recebi um convite para uma festa “na residência dos Way” era que eu ia encontrar uma festa digna de uma inauguração ou sei lá, aquelas festas maiores que fazem em universidade nos filmes. Nada além de pizza e video-games passou pela minha cabeça. Talvez música, tipo fazer um som pessoalmente como fazíamos quando éramos adolescentes, mas definitivamente não esperava umas centenas de pessoas de idades diversas, mordomos, comes e bebes exorbitantes, DJs e luzes em todo canto. Alguns anos poderiam ter se passado, mas eu tenho plena confiança de que nem Mikey e Gerard juntos conheciam todas aquelas pessoas. Ah, qual é, podemos ter perdido contato há um tempo mas não tem como aqueles dois esquisitões ficarem famosos e sociáveis assim em menos de dez anos… Ou tem?

Então eu fui encontrando ainda mais coisas inesperadas.

Uma, inclusive, logo na entrada: Um segurança com uma lista de nomes de convidados. O que implicaria que todas essas pessoas eram pelo menos conhecidos de pessoas pessoalmente convidadas. Em seguida, o fato de que meu nome estava como Convidado VIP do Mikey e eu ganhei uma pulseirinha por isso, atraindo alguns olhares curiosos como se eu fosse algum tipo de celebridade. Não é possível que essa festa seja tão importante assim, eu não morei em nenhum tipo de buraco nos últimos anos pra nem ficar sabendo! Então, do meio dos curiosos, mais uma coisa inesperada: Bert McCracken.

– Ah, meu deus! Não é possível! Não acredito nos meus olhos! Frank-fucking-Iero!

Pelo menos essa parte era completamente esperada. Bert gritou tudo o que tinha fazendo um enorme escândalo de bicha afetada e veio pulando me abraçar, em meio a gritinhos e sons falsamente surpresos extremamente exagerados.

– Bertie! Você por aqui!
– Querido, não! Você por aqui! Eu sou figura pública agora, você sabe né? Disco lançado, apareci na MTV, várias coletivas de imprensa, hmmm! – Ele fez uma pose com a taça de plástico que segurava, assumi que contendo champange. – Eu sempre estou por aqui. Agora vocêeee! Eu nunca tinha te visto por aqui e você sabe que eu conheço t-o-d-o m-u-n-d-o. E ainda chega de VIP! Que babado é esse que eu não to sabendo, você vai me contar e é tudo!

Mal tive tempo pra pensar em responder ou questionar qualquer coisa, Bert estava naquele estado esbaforido que realmente não dava tempo pra ninguém processar o que estava acontecendo. Ele comentou da pulseira no meu pulso já me puxando por ele e quando dei por mim, já estava no meio da festança.

Conheci Bert na faculdade. Fomos melhores amigos pelos quatro anos de curso, que tenho certeza que só pareceram rápidos e divertidos por causa dessa amizade. Estávamos lá um pro outro pra jogar conversa fora, pra debater sobre séries e filmes, pra fazer covers estranhos de bandas de rock alternativo que ninguém conhecia e eventualmente pra ajudar nos ensaios um do outro. A princípio tocávamos juntos, mas logo eu acabei montando a Death Spells e Bert queria algo mais tranquilo… Que gerou The Used, a banda que fez sucesso depois da faculdade e que eu soube que estava lhe trazendo o sucesso do qual ele estava se gabando.