Hit the lights

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MIKEY

Insistir para que Frank viesse aqui tinha, de fato, várias camadas de motivos.

Os óbvios: Ele levou um cartão de acesso, as roupas dele estavam aqui (agora já lavadas), a bolsa dele estava inteira aqui.
Os menos óbvios porém importantes: Precisávamos conversar melhor sobre ele ser padrinho do casamento, ele precisava pelo menos pegar o analgésico que tomou ontem pra continuar tomando e eu precisava fazer um pedido de desculpas mais formal por como nos "despedimos" na última noite.

E os pessoais.

Eu queria, sim, saber do meu amigo porque estava curioso sobre onde estava sua vida já que ontem ao vê-lo percebi que muitas das minhas ideias eram equivocadas. Justamente por perceber isso fiquei ainda mais intrigado e curioso com como diabos aquela história desnecessariamente dramática entre ele e meu irmão era dentro de sua cabeça.

A curiosidade só cresceu depois de ver suas interações. Mesmo contra minha ética, tentei até conversar com a loira pra tentar arrancar alguma coisa sobre o quê ela havia escutado da tal conversa entre Frank e Bert, mas acabei me estressando e saindo sem informação alguma.

Então além de toda a necessidade médica e ética de cuidar de seus ferimentos e o que mais tenha provindo do desastre de ontem, eu precisava dar um jeito de mantê-lo debaixo de nosso teto o máximo possível pra fazer aqueles dois se resolverem sozinhos.

Talvez se biquem tanto que acabem de beijando.

Quis rir quando Frank chegou um tanto mais arrumado do que havia vindo ontem, mas acabei ficando puto primeiro. O que ele estava fazendo parado no portão de baixo da chuva? Pedi pra James abrir o portão e peguei o guarda-chuva de sua mão, abrindo-o enquanto corria até meu amigo estúpido.

- Por quê que eu sabia que você ia fazer isso? - Já cheguei puxando Frank para de baixo do guarda-chuva pelo ombro com aquele tom acusador.
- Talvez porque minha única bolsa tenha ficado aí? - O dirigi um olhar acusador e acabamos caindo no riso.

Frank ainda parecia extremamente zeloso quanto ao tamanho e luxuosidade de nossa casa. Depois de deixar o guarda-chuva novamente nas mãos de James, pude notar o jeito que Frank parecia remontar os acontecidos de ontem em sua mente enquanto me acompanhava e me mantive em silêncio por não saber exatamente o que falar. E como a víbora aproveitadora de sempre, foi nesse momento que ouvi os sons de seus saltos ecoando no mármore do mezanino. Não queria deixar Frank e Evellyn chegarem muito perto um do outro, mas Frank se manteve olhando pra algum detalhe do tapete da sala claramente ignorando aqueles sons enquanto eu olhava pro parapeito próximo às escadas onde sabia que ela iria aparecer.

"Oh, temos visita...!? Michel, por quê não me avis-"

Frank ergueu o rosto e exibiu o curativo em seu olho direito com uma jogada de cabelo simples e uma cara de paisagem surpreendente. Nem precisei responder, ela mesma se interrompeu e desmontou a postura simpática imediatamente, voltando pra de onde quer que ela tenha saído.

Virei tanto os olhos que veria meu próprio cérebro se fosse possível. Após uma bufada de ar e um suspiro pra recompor os ânimos, dirigi um sorriso empático pra Frank antes de começar a subir aquelas mesmas escadas.

- Dá pra ver quem andou treinando seu irmão pra ter tantas caras. - Ele comentou após me seguir silenciosamente por alguns degraus. - Aliás, Michel? Achei que ela já estava aqui há tempo o suficiente pra saber o nome de todo mundo.
- Frank, você nem imagina. - Nem tentei disfarçar a completa falta de saco que eu tinha pro assunto. Esse em específico, inclusive, eu já estava literalmente exausto de debater e discutir. - Vem, a Kris tá no quarto conversando com a médica.

Party PoisonOnde histórias criam vida. Descubra agora