A biblioteca

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Estou tão contente dele ter aceitado passar um tempo comigo.
Entramos silenciosamente na biblioteca, ele me segue sem dizer nada mas posso sentir seu olhar no meu corpo.
Então ele pega minha mão e me arrasta pra um dos corredores.
Meu coração começa a bater descontroladamente.

(Peter) "Eu gosto de poesia."

Simplismente olho sem dizer nada, sua sensibilidade me toca profundamente.

(Jéssica) "Você escreve poemas Peter?"

Seus olhos se encontram com os meus e sinto um pouco de calor neles, algo que não estava acostumada a ver.
Ele parece gostar de me ver interessada pelos seus gostos.

(Peter) "Sim, já escrevi alguns... às vezes penso de mais e gosto de colocar tudo num papel, é uma forma de eu me livrar dos meus demônios... "

Fico pensando o que seria esses "demônios".
Já senti frações do passado dele, sempre senti solidão, arrependimento e amargura... será que é isso?

(Peter) "Você gosta de poemas Jéssica?"

Sempre gostei de poemas, posso dizer que sou uma pessoa literária, durante muito tempo os livros foram meus únicos amigos.

(Jéssica) "Eu amo! Gosto de imaginar as belas imagens escondidas entre as palavras, isso me faz sonhar."

O Peter me dá um grande sorriso como se entendesse exatamente o que quero dizer.
Ele me leva a seção reservada para  autores franceses, e então para em frente a umz coleção de poemas.
Posso lêr na capa "Alfred de Musset".

(Peter) "Eu gosto desse poeta, ele expressa sentimentos que são semelhantes aos meus."

Peter pega o livro e abre, seus olhos deslizam sobre as páginas como se as conhecesse de cor.
Ele me olha com intensidade e recita uma parte de um dos poemas.

(Peter) "...Perdi minhas forças e minha vida, meus amigos e minha alegria, perdi meu orgulho, isso tornou meu gênio crível..."

Ele se aproxima de mim e logo me encontro de costas contra uma estante, estou hipnotizada por ele.

(Peter) "...Quando eu conheci a verdade, pensei que ela era minha amiga, quando a entendi e a senti, eu já estava inojado dela."

Sinto um nó na garganta, como se eu sentisse na pele o significado de cada palavra.

(Peter) "...E, no entanto, ela é eterna, e aqueles que fizeram sem ela, nesta Terra não entendiam nada..."

De repente sinto o gosto salgado de uma lágrima em meus lábios.
Este poema é tão triste, e Peter está recitando como se fosse ele... o pior é que é... é a verdade dele.
Eu sinto sua tristeza e não consigo mais segurar minha emoção que transborda de meus olhos.
Peter traz uma de suas mãos até meu rosto e limpa suavemente minhas lágrimas.

(Peter) "Por favor não chore, eu não queria te deixar triste."

Eu o abraço forte com todo o meu amor. Preciso sentir ele contra mim.
No início ele não reage mas depois acaba aceitando meu abraço.
Ele apoia a cabeça em meus cabelos.

(Jéssica) "Eu tenho certeza que você pode encontrar poemas um pouco mais felizes que esse!"

Digo com um tom divertido, tentando anima-lo.
A vida pode ser cheia de alegrias se soubermos onde procurá-la.
Então o puxo pro departamento de quadrinhos. No começo ele me olha sem entusiasmo.
Pego um quadrinho e começo a lêr imitando cada um dos personagens.
Pouco a pouco ele relaxa e até começa  a achar graça, sorrindo e rindo de minhas piadas.
Agora o carrego pra parte de lendas urbanas. Procuro um livro específico, não demora muito e eu acho, então mostro-lhe o livro.

(Peter)"Tem certeza que você quer lêr esse livro? A estúpida história de amor de um vampiro e uma humana?"

Ele suspira e me observa.

(Peter) " Então é isso né Jéssica, você está interessada em mim porque você fantasia sobre vampiros..."

Ele parece decepcionado com a minha escolha, porém sinto uma pontinha de curiosidade de saber o final da história.
Eu finjo ficar indignada com o que ele disse e depois caio na risada.

(Jéssica) "Claro que não fantasio isso!"

Na verdade nunca me interessei por esse tipo de romance.
Me interesso pelo Peter porque ele é  inteligente, bonito, sensível e não porque ele bebe sangue!

(Peter) "Você ficaria desapontada, porque não tenho muito em comum com eles..."

Ponho o livro de volta na prateleira e pisco pra ele.
Apesar de tudo ele ri da situação.
Ficamos  na biblioteca por mais um tempo.
Acho que nenhum de nós queria que esse momento terminasse.
Ele me mostra alguns de seus livros favoritos e diz tê-los em casa e me oferece caso eu queira lêr.
Deixamos a biblioteca um pouco mais feliz  do que quando chegamos.

Is it Love - Peter - Da solidão à Paixão Onde histórias criam vida. Descubra agora