Aula de poesia

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Vou até o jardim do campus, me sento num banco, pra estudar um pouco para as outras provas e lêr o recado da Suzy.
Abro o envelope.

          " Querida amiga Jéssica,
Ainda essa noite terei que partir, infelizmente não é só em Mystery Spell que inimigos antigos estão a rondar.
Amigos queridos foram atacados e eu preciso ajudá-los nessa batalha, que é de todos nós.
Gostaria de ficar ao lado de vocês, porém sei o quanto vocês são fortes e poderosos, fazendo com que minha presença nesse momento seja àqueles que mais necessitam.
Você não tem ao que temer, você está pronta!
Pude notar no decorrer da semana que passou.
Apenas mantenha sua mente o mais vazia possível de qualquer sentimento mundano, eles te atrapalham porque não fazem parte do seu verdadeiro eu.
Quanto mais próximo você chegar do seu verdadeiro eu, mais forte você ficará.
E não se preocupe, na hora certa você saberá o que fazer.
Isso tudo é necessário apenas pra vercermos nossos inimigos nesse momento.
E lembre-se uma escolha vinda do coração nunca será a escolha errada!
                            Suzy Bernauer "

Estou tonta com a notícia quando a Samanta se aproxima.

(Samanta) "Estuda mesmo querida, é a única opção que você tem em se dar bem na vida, considerando a sua aparência."

Ela diz em alto e bom som.
Devo ter jogado pedra na cruz!
Enquanto peço paciência aos seres celestiais vejo Loan se aproximar de cara feia.

(Loan) "Pare de irrita-la Samanta! Pare de agir como uma vadia..."

Samanta fica completamente fora de si... E lá vamos nós...

(Samanta) "Porquê você está defendendo ela?"

Junto minhas coisas, guardo a carta de Suzy e tento sair à francesa fugindo deles.
Mas o Loan bloqueia meu caminho.

(Loan) "Eu gostaria de falar com você Jéssica..."

Fora de cogitação!

(Jéssica) " O que você quer, fazer suas ameaças?"

(Samanta) "Ameaças? Você é paranóica ou algo do tipo?"

(Jéssica) "Você não sabe? O Loan tem muita imaginação."

(Loan) "Jéssica..."

Ele tá quase rosnando, como se eu tivesse medo dele.

(Loan) "Essa história é entre eu e Jéssica."

(Samanta) "Como assim? Que tipo de história você tem com essa daí?"

Preciso sair o mais rápido possível daqui.

(Jéssica) "Dá licença que eu tenho mais o que fazer."

(Samanta) "Você fica!"

Ela me agarra com força pelo braço.
Tento me soltar e ela me empurra, quase caio mas Loan me segura.

(Loan) "Sai daqui Samanta! Eu quero ficar sozinho com a Jéssica, meu assunto com ela é particular."

Ele está piorando as coisas...
Os olhos da Samanta se enchem de lágrimas.
Quase sinto pena dela... só que não!!!

(Samanta) "Tudo bem, vou embora e fique você sabendo Loan, que você não é o único cara dessa faculdade."

Ela se vira e sai, algumas pessoas me olham como se eu tivesse culpa de alguma coisa.

(Loan) "Estão dizendo por aí que você e o Peter não estão mais juntos... eu percebi isso também..."

Que audácia!

(Jéssica) "E a culpa é sua, por causa da ceninha na cafeteria aquele dia, agora ele se recusa a ficar comigo."

(Loan) "Porque ele faria isso?"

(Jéssica)"Ele não quer que nosso relacionamento me coloque em perigo."

Ele parece gostar de ouvir o que digo.

(Jéssica) "Deixe-me esclarecer uma coisa pela última vez, eu não quero ter nada com você, você escolheu ser uma ameaça, não temos mais nada a falar um pro outro."

Eu me viro pra sair mas recuo.

(Jéssica) "E tem mais, o Peter pode estar distante de mim mas sempre estarei do lado dos Bartholy. Então, me deixe em paz!"

Agora sim me afasto dele com raiva.
Eu fui bem nas provas finais, e agora tem apenas uma aula de poesia que eu quero assistir.
Começei a me interessar pelo assunto depois que conheci o Peter, e como tem dias que eu não o vejo acho que terei alguma chance nessa aula.
As vezes acredito que a poesia pode me ajudar a entender o Peter... será?
A sala pra essa aula estaria vazia se não fosse por minha presença.
A porta se abre.
Não acredito! A Dorothy!
Sei muito bem que ela assiste essa aula por causa do Peter...
Ainda bem que ele não está aqui, e agora até prefiro que ele não venha.
A Dorothy acena pra mim e se senta algumas fileiras a minha frente.
A nossa relação é esquisita!
Mais alguém entra, porém não me dou o trabalho de vêr quem é... deve ser o professor...
No entanto sinto uma corrente elétrica percorrer minha espinha alguns segundos depois.
E mesmo sem olhar sinto que foi o Peter quem acabou de entrar.
Ele tem uma áurea magnética que me conecta a ele, um feitiço que me faz extremecer sempre que estou em sua presença.
Eu o olho timidamente.
Ele passa por mim tão triste...
Mas por uma fração de segundos seus olhos encontram os meus.
Reconheço em seus olhos todos os sentimentos que tenho por ele.
Porque se afastar assim do nosso amor?
Quanto tempo isso vai durar?
Nós precisamos um do outro...
O que ele decidiu fazer é tão cruel!
Peter se senta a uma fileira de distância atrás de mim.
Eu consigo sentir o cheiro dele...
O professor chega, agradece a nossa presença e começa a falar sobre poesia romântica.

(Professore) "A poesia é uma espécie de linguagem sagrada. Um meio de expressar sentimentos de incerteza em relação ao futuro, no que diz respeito a própria morte...  A vida realmente vale a pena ser vivida? Se nosso sofrimento não é grande demais? Se os sentimentos não nos levam sistematicamente ao sofrimento?"

Eu levanto minha cabeça intrigada.
Será que amar é arriscar?
Amar alguém é, portanto, correr o risco de sofrer?
Com certeza, mas na minha opinião a vida não vale a pena ser vivida sem amor... principalmente quando se vive pra sempre... como o Peter.
Não posso deixar de me virar pra vêr como ele está reagindo.
Eu prendo a respiração quando vejo que seus olhos estão focados em mim.
Eles estão cheios de sentimentos diferentes!
Quando meus olhos encontram os dele, ele não desvia o olhar.
Ele parece estar sofrendo e isso parte o meu coração, até porque toda vez que eu o vejo é a sensação que eu tenho.
Ele já não sofreu o suficiente?
Jamais desistirei dele, o Peter merece que eu lute por ele, para preservar sua felicidade.
Tomo coragem e sorrio pra ele com todo o meu amor.
Ele parece surpreso e por um momento a tristeza que geralmente cobre seus olhos desaparece.
Ele então passa a mão pelos seus cabelos pretos e desvia o olhar.
Volto a prestar atenção no professor, me sentindo um pouco mais feliz.
Já conheço um pouco do Peter, e quando ele passa a mão pelos cabelos é porque está hesitante, com certeza ele tem dúvidas se o que ele está  fazendo é o certo.
A aula termina, e foi muito instrutiva pra mim...
Tenho certeza que se o Peter ama poesia é porque a poesia se assemelha a ele...
Ele é lindo, muitas vezes triste, as vezes melancólico, é sensível... assim como a poesia!
A Dorothy e o professor saem da sala em silêncio.
Não posso desperdiçar essa oportunidade...







Is it Love - Peter - Da solidão à Paixão Onde histórias criam vida. Descubra agora