A promessa

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Peter acompanha o Drogo com um olhar homicida que logo se volta pra mim.
(Peter) "O que está acontecendo?"
Consigo sentir a raiva dele como se a mesma pudesse me tocar.
Às vezes o Peter me assusta...
O que  eu vou dizer?
Não sei ao certo o que falar e principalmente, a melhor forma de respondê-lo.
(Jéssica) "Eu achei que tinha visto um fantasma com quem conversei outro dia..."
Peter me olha preocupado mas ainda visivelmente irritado.
(Jéssica) "Eu fui atrás dele... na floresta..."
(Peter) "O que você tem na cabeça? Sair no meio da noite! Você é muito irresponsável!"
Suspiro já cansada.
(Jéssica) "Eu vejo gente morta, é normal eu querer conversar, entender e exercitar minhas habilidades."
(Peter) "É perigoso estar sozinha na floresta no meio da noite... ah! mas você não estava sozinha, estava com o Drogo."
Com sarcasmo ele despeja sua ira em mim.
Tava demorando...
(Jéssica) "Eu encontrei com ele lá, fui sozinha se é isso que você quer saber."
Peter cerra seus olhos me fuzilando.
Eu sei muito bem o que ele tá pensando e não gosto disso.
(Jéssica) "Você pare de agir assim comigo, Peter!"
Me aproximo dele e estico meu dedo bem na frente da cara dele, quero que ele entenda de uma vez por todas.
(Jéssica) "Não é a primeira vez que você insinua coisas, eu não sou puta! E os seus irmãos nunca faltaram com respeito comigo."
Ele parece surpreso com minhas palavras e logo uma tristeza se instala em seu rosto.
(Jéssica) "Eu nunca dei motivos pra você desconfiar de mim. Eu te amo, será que você é o único que não consegue vêr isso?"
(Peter) "Me desculpe... eu não sei o que me deu..."
Não digo nada, apenas o olho...
Na verdade estou chateada com o Peter, pela falta de confiança dele.
Um sorriso tímido aparece no canto da sua boca, não consigo sentir raiva do meu vampiro, eu sorrio e o abraço aconchegando meu rosto em seu peito.
Ele apoia o queixo no topo na minha cabeça.
(Peter) " Jéssica... me desculpe... eu digo muita coisa sem pensar..."
Fico na ponta dos pés e aproximo minha boca na dele.
Um beijo apaixonado surge cessando qualquer desconfiança.
Nos sentamos ali mesmo no gramado do jardim e observamos o chacoalhar das árvores que beira a entrada da floresta.
(Peter) "Se você não se importa me diga... o fantasma que você foi atrás me conhece?"
(Jéssica) "Não... e não vou tentar descobrir coisas sobre seu passado."
Eu realmente não quero mais isso, não preciso que o Peter fique mais angustiado do que ele já é.
(Jéssica) "Quando você confiar em mim e quiser você me conta."
Peter me abraça forte, minhas palavras parecem aliviar um peso dos ombros dele.
(Jéssica) "Eu te amo demais pra não te respeitar."
Ele relaxa visivelmente, seus olhos de esmeralda estão brilhantes me olhando junto com seu sorriso irresistível.
Sua boca se aproxima da minha e novamente um beijo apaixonado surge.
Nossos lábios unidos selam essa promessa que eu pretendo cumprir.

Hoje, na faculdade me encontro com a Sara o que é de costume.
Seus grandes olhos me sondam querendo saber como estou com o Peter.
(Jéssica) "Ok! Diga vai? O que você quer saber?"
Ela ri.
(Sara) "É... como está com o Peter?"
(Jéssica) "Nem sempre é fácil mas estamos bem."
Digo e sorrio pra ela.
Sara balança a cabeça lentamente, sem fazer comentários.
(Sara) "Eu trouxe minhas cartas de tarô, quer que eu leia pra você?"
(Jéssica) "Claro! Desde que minha mãe morreu nunca mais vi ninguém jogar!"
(Sara) "Sua mãe jogava?"
(Jéssica) "Sim, minha mãe era filha de cigana, ela era uma excelente cartomante."
(Sara) "Me conta um pouco de como era sua família, você nunca fala sobre eles..."
Ela pergunta enquanto embaralha suas cartas.
(Jéssica) "Bom, como você sabe eu era adotada, minha mãe descendia de ciganos e meu pai era filho de imigrantes japoneses, ele era budista."
Ela me olha curiosa.
(Jéssica) "Depois te conto mais, agora joga pra mim vai!?!"
Ela espalha as cartas sobre a mesa.
(Sara) "Escolha 5 cartas."
Escolho com cuidado, com meu coração o mais calmo possível.
Nesse momento olho pra Sara que parece estar em traze, ela começa a virar as cartas que eu escolhi.
Seus olhos observam atentamente as 5 cartas e depois de um silêncio pertubador ela começa...
(Sara) "Você vai se encontrar com um homem em breve... Num lugar que exala cultura..."
(Jéssica) "Que homem?? Que lugar??"
(Sara) "Eu não sei... as cartas não são tão precisas, você deve saber né?"
(Jéssica) "Mas eu já tenho um homem na minha vida."
(Sara) "As cartas dizem um encontro, não significa amor."
(Jéssica) "E diz mais o quê?"
(Sara) " Posso te dizer que esse homem trará informações que serão úteis pra você. "
(Jéssica) "E mais o quê?"
(Sara) "E mais nada! Agora tenho que ir pra aula que por um acaso você não tem."
Ela junta suas cartas se despede de mim e sai.
Não dou muita importância pra previsão da Sara, na verdade acho que ela não sabe lêr muito bem.
Vou até a biblioteca nesse tempo que tenho vago porque preciso pesquisar sobre cruzamento de espécies sobrenaturais...
Depois que Suzy foi embora não tenho mais pra quem perguntar, ela sempre sabia tudo!
A biblioteca está quieta e vazia.
Passo pelo corredor das biografias históricas e me sinto atraída. Enquanto seleciono alguns livros vejo a mulher que disse que o Peter era um grande compositor.
Ela está me olhando e sorri pra mim, desaparecendo em seguida.
Só a vi uma vez e foi na mansão, o que ela faz aqui?
Deixo pra lá... pego os livros, vou até a mesa, sento-me e começo a folhear cuidadosamente...
"Crônicas de feriados em Mystery  Spell."
Interessante...
A cidade foi fundada em 1804...
Algumas fotografias em preto e branco...
Algumas de festivais nas décadas seguintes e...
Meus deuses!!!
É o Peter!??
Quase enfio a cara no livro de tão atordoada que estou.
Mas sim, é ele! Num recutal de piano!
Devo admitir que ele é muito lindo mesmo, até numa foto antiga em preto e branco ele é magnifico!
E ele não mudou nada!
Sob a foto eu leio: "Peter Rakoczy, 1818."
Essa foto com certeza é de quando ele ainda era humano, seu sobrenome era Rakoczy em vez de Bartholy.
A legenda menciona: "Os prodígios Rakoczy da Transilvânia vêm se apresentar em Mystery Spell."
Continuo folheando e uma foto me intriga... é o fantasma!
É muita revelação pra minha cabeça!
Essa foto é do fantasma que diz conhecer o Peter...
E é verdade, ele conhece!
Ele esta num piano, assim como o Peter... mas seu sorriso é arrogante.
A legenda diz: "Stelian Rakoczy, 1818."
Claro! A semelhança deles, o mesmo sobrenome, eles são parentes!
Tô bege!
(Stelian) "Não é que nos encontramos de novo?"
Dou um pulo se susto quando ouço a voz dele.
(Stelian) "Se o Peter te encontrar aqui ele não te perdoará."
Ele começa a rir, e sua risada estranhamente me lembra de outra...
(Stelian) "Então, o que achou? Peter e eu fomos muito cortejados, atendiamos aos pedidos das moças... Tudo isso nos divertiu muito, até que o estraga prazeres não conseguiu mais suportar..."
(Jéssica) "O quê?!?"
(Stelian) "O ciúme, a inveja dele..."
(Jéssica) "Você está mentindo, o Peter não é assim!"
(Stelian) "Eu era o melhor músico da época, cada conquista minha fazia com que ele trabalhasse cada vez mais duro, ele queria se igualar a mim mas foi uma perda de tempo."
(Jéssica) "O Peter é um gênio, ele é..."
O espírito de porco me interrompe.
(Stelian) "Veja bem, eu não estou tentando ferir a imagem dele, eu só queria que você soubesse a verdade... é o que você quer, não é?"
Eu apenas balaço a cabeça negativamente pra ele, essas coisas não podem ser verdade.
(Stelian) "Você precisa saber que ele estragou tudo e eu o odeio por isso. Não tenho mais nada à acrescentar."
Sua voz desaparece assim como sua imagem.
Estou confusa, essas coisas que ele disse não fazem o menor sentido.
Inclusive tenho a impressão que ele se esforçou pra colocar o Peter em maus lençóis diante de mim.
Estou chateada...
Prometi ao Peter não investigar seu passado e sem querer descumpri minha promessa.
Me sinto tonta e fraca, é melhor eu ir pra casa.

Is it Love - Peter - Da solidão à Paixão Onde histórias criam vida. Descubra agora