Andrew não para de rir.
—Você fez o quê? —Estamos no meu quarto, com a porta trancada. Cheguei em casa e a primeira coisa que fiz depois de falar com meus pais e entregar as compras, foi dizer para Andrew que precisava conversar. Ele, um fofoqueiro de primeira linha, largou tudo o que estava fazendo e me seguiu.
—Não é engraçado.
—Mas é claro que é. —Ele diz, ainda gargalhando e batendo no joelho. —Quer dizer que você chutou o pênis do Senhor Feudal? —Ele aponta para a região.
—Fale baixo, se a mamãe ouvir, é o meu fim. E sim, foi por impulso. —Falo, envergonhada.
—Caramba, Anta. De todas as vezes em que te imaginei com um homem, nunca passou pela minha cabeça que seria o deixando aleijado.
—Mas o que você queria que eu fizesse? Me deitasse com ele? Isso, nunca.
—Eu sei, entendo seu lado. Você pode ser tudo: Chata, reclamona, violenta..., mas não é oferecida.
—Me sinto muito melhor, obrigada. —Digo, irônica. Andrew volta a rir.
—Se eu estivesse no seu lugar...
—Eu sei, você teria aceitado a proposta; seu pervertido.
—Exatamente. —Ele sorri maliciosamente. — Mas você está esquecendo de uma coisa... o que será de nós?
Eu não havia parado para pensar nisso.
—Ótimo... agora temos que pensar em um plano. —Digo, me jogando na cama, ao lado de Andrew. — O dia foi péssimo. Primeiro isso, depois a senhora Marília me persuadindo a casar, e por último, ainda teve aquele Monge idiota para completar.
Andrew me olha confuso.
—Que Monge?
—Fui na igreja. Pensei que lá acabaria me acalmando, mas na verdade só fiquei mais estressada.
—Não me diga que você se atraca com santos agora?
Dou uma risada.
—Só quando eles mexem comigo primeiro. —Lanço uma piscadela para ele, brincando. — Mas é sério, o que vamos fazer com essa história toda do Senhor Feudal? E se todos nós formos parar na fogueira?
Andrew se levanta e começa a caminhar pelo quarto, pensativo.
—Não... não é para tanto. Não acho que um nobre como ele gostaria que os outros soubessem que ele foi rejeitado por uma serva. O mínimo que ele pode fazer é aumentar nossa carga de trabalho.
Respiro fundo, aliviada.
—Isso não é bom, mas é melhor que a morte. Você é um gênio.
Andrew abre um sorriso enorme.
—Finalmente você reconheceu. —Jogo um travesseiro em seu rosto, rindo.
Alguém bate na porta.
—Antonella, você pode vir aqui? —Minha mãe diz do corredor.
Arregalo os olhos para Andrew.
—Ai meu Deus. Esquecemos da possibilidade de ele falar com um dos meus pais. —Sussurro.
—Fique calma, haja naturalmente. Agora é com você, Anta. —Diz Andrew, também sussurrando.
—Não me chame de Anta. —Falo e ele sorri.
—Estou indo, mãe. —Respondo, em voz alta.
Caminho em direção à sala. Minhas mãos tremem. Existem duas possíveis reações que podem vir dos meus pais: Ou eles irão me matar ali mesmo, ou vão me apoiar e dizer que partiremos no dia seguinte. Independentemente de qualquer uma, pretendo dizer que não me arrependo do que fiz.
Meus pais estão sentados em duas cadeiras da mesa de jantar. Meu pai parece tranquilo, pois está apenas limpando seus sapatos de trabalho. Já minha mãe, parece nervosa, provavelmente pronta para pular em meu pescoço.
—Mãe, pai, antes de qualquer coisa eu gostaria de dizer que...
Minha mãe se levanta e corre na minha direção.
—Filhinha, você está bem? Seu pai disse que você saiu cedo do trabalho porque estava passando mal. —Ela diz enquanto passa as mãos pelo meu rosto. —Como pôde ir ao mercado? E se tivesse desmaiado lá?
—Querida, ela me garantiu que estava bem. —Diz meu pai, tranquilo.
—Mesmo assim, você não devia ter deixado ela ir.
—Mamãe, eu estou bem. Não fique assim, foi apenas uma indisposição por causa do calor dentro do casarão. —Digo, dando um sorriso e segurando suas mãos.
Ela suspira.
—Da próxima vez, vá direto para a cama.
—Tudo bem. —Ela parece mais calma agora. —Disseram alguma coisa quando você não me encontrou? —Tento não parecer nervosa.
—Ah sim... fiquei preocupada, então pedi desculpas ao Senhor Feudal, dizendo que teria que sair para ver se você estava em casa.
—E ele disse o quê? —Engulo em seco.
—Ele foi muito gentil, na verdade. Disse que tudo bem e me entregou na hora o nosso pagamento. Falou que em breve nos chamaria outra vez.
Arregalo os olhos.
—Só isso?
—Sim. Fiquei bem surpresa, achei que ele seria rude, mas foi bem compreensivo. Parece ser um bom homem.
Um bom homem? Provavelmente está agora em seu quarto, repassando todas as cenas desta manhã, com muito ódio, e planejando como fará o meu fim ser o mais doloroso possível, por isso ainda não disse nada. Sinto um medo gigante. Não por mim, mas pelos meus pais, tia Stella, e Andrew. Posso não me arrepender do que fiz, mas o que será deles quando o Sr. Thomas resolver revelar toda sua raiva pela minha pessoa?
—Claro. —Minto.
—Ei, você pode me acompanhar amanhã até a igreja? Quero dar o nosso dízimo.
Apenas concordo com a cabeça, ainda perdida naqueles pensamentos. Dou boa noite aos meus pais e volto para o quarto.
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Amor Sob Trevas
Historical FictionUma mulher. Dois homens. Um tempo cujo maior desafio é se manter vivo. Bem-vindo a Idade Média. #AMOTOTÓ #TheBest #ConcursoPF #GoldLeaves **Plágio é crime!