Capítulo 11

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Nobres estão espalhados pela casa inteira. Não pisei até agora no salão principal, mas minha curiosidade não me impediu de sair um pouco da cozinha para dar uma espiada pelo corredor. Os trajes de gala dos homens, bem como os vestidos caprichosos das mulheres são impossíveis de não reparar. A decoração é ainda mais fantástica. Um enorme lustre de vidro localizado no centro do salão logo rouba a atenção dos meus olhos. Mesas cobertas por toalhas brancas bordadas sustentam vários tipos de bebidas e bandejas de comidas que saem diretamente da cozinha. No meio do salão, alguns homens e mulheres se dividem em pares e dançam ao som de um instrumento que não sei identificar.

Estou preparando desde cedo os mais diversos e complexos tipos de pratos. Sr. Thomas me enviou algumas ajudantes, mas ainda assim o trabalho é árduo. Mamãe e tia Stella estão ajudando no serviço geral. De manhã as vi limpando e arrumando o salão juntamente com outras servas.

Nunca fui a uma festa de verdade. E desta, só consegui ver pouco. Tive que voltar logo para o trabalho antes que fosse pega bisbilhotando por algum convidado. Tudo é muito elegante, principalmente as pessoas. Mas o interessante acaba aí, pois o ambiente parece em si muito tedioso. A cozinha fica bem próxima do salão e tudo o que ouço são ruídos leves de pessoas conversando e uma música extremamente lenta.

Sei que seria impossível de acontecer, mas se fosse convidada, apenas viria pela comida.

—Essas festas são sempre assim? —Pergunto para a criada ao meu lado. Ela é baixinha, tem cabelos negros como os meus e uma franja bonita que lhe cai muito bem. Estou montando a próxima bandeja de comida enquanto ela enche diversos copos com uísque.

—Na verdade, hoje está até mais agitado. —Diz, dando um sorriso de leve—Sirvo a família do Sr. Thomas faz muitos anos. Já circulei por muitas festas assim. Os homens só aparecem para falar de suas posses e beber até não aguentar mais. Enquanto que mulheres fofocam e esbanjam sua arrogância a noite toda.

Dou uma risada.

—Pensei que a vida dos nobres fosse mais interessante.

Ela termina o que fazia e finalmente me olha nos olhos.

—Eles não passam de posses. Sem isso não são nada. —A criada fala, em tom agradável. Já gostei dela—A propósito, meu nome é Anne.

—Antonella. —Respondo, sorrindo agradavelmente—Moro na casinha na entrada deste feudo.

—Sim, todos os criados conhecem você.

Me conhecem? Não me lembro de ter me apresentado a todos.

—Você virou notícia depois da primeira vez que veio trabalhar aqui. O Sr. Thomas a procurou por todos os lados. —Ela continua— E depois que ele pediu gelo para pôr nas partes íntimas, todos ficaram sabendo o que aconteceu entre vocês.

Anne dá uma risadinha.

—Bom... —Tento encontrar as palavras certas. Mas só consigo gaguejar.

—Menina, você está pedindo para morrer. —Anne diz, colocando sua mão em meu ombro. Não perde o tom de humor. Mas o olhar que me lança parece como um aviso.

—Pode até ser, mas você não ouviu o que ele me disse nesse dia. Aposto que teria feito o mesmo.

Ela inclina a cabeça, pensativa.

—Com certeza não teria. Acho que ninguém aqui teria coragem suficiente para isso.

Seu comentário me deixa arrepiada. Sinto um medo chegando, mas rápido o dispenso. Não me arrependeria nunca do que fiz.

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⏰ Última atualização: Aug 13, 2019 ⏰

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