RENASCIDA DAS CINZAS

Capítulo 3 - Castelo abandonado

- Estamos no antigo castelo do rei Ricardo III, esquecido na história da Inglaterra. Afinal foi conhecido como um homem usurpador.

- Eu fui historiadora e nasci aqui, nesse século, sei tudo sobre a história da Inglaterra.

- Quem você é hoje, Luna?

- Luna... Quantos séculos não ouço esse meu primeiro nome. Sou a herança do que restou da origem do feminino, a conexão sagrada da mulher com a natureza. Sou a filha de Gaia.

- Você então me parece ser a última representante da linhagem de Gaia. Vi muitas irmãs suas, serem queimadas vivas, por religiosos. Tenho horror a Igreja Apostólica Romana, endemonizou nós, para eles terem o poder da salvação nas mãos, e a cura da alma.

- Me diga o que sabe sobre Anita Draco?

- Nada. Faz meses que não consigo sentir sua presença. Tenho medo do que possa ter acontecido com ela. Me diga como foi a morte dela.

- Não sei se estou pronta pra isso, ainda. Mas, queimamos juntas.

- De que forma queimaram?

- Pelo sol... Anita ficou muitas horas exposta. Quando cheguei já estava pegando fogo seu corpo, e eu me uni a ela. - Comecei a querer chorar.

- Sinto muito por isso. Mas, eu acho que você salvou a Anita, não tenho certeza. - Sabrina veio me abraçando. Seu corpo era gelado. Não sentia nenhuma manifestação do seu corpo, parecia estar com um réptil.

- Como assim? Como sabe disso?

- Eu tenho mais séculos de vida do que você, já vi coisas assim... Acontecer, mas, não sei se isso pode ser possível com vampiros. Na Romênia tem uma biblioteca que é da família real Draco, lá tem o livro que fala sobre o renascimento através das cinzas do sol.

- Só com bruxas então? Isso ocorre? E tem como você buscar esse livro?

- Sim somente com bruxas. E tem como eu buscar, levará apenas algumas horas, só espere a noite chegar, fique por aqui, é preferível que fiquemos unidas. Não sabemos se existe ainda pessoas como a Jéssica, nos caçando.

- Certo. Aqui nesse castelo tem alguma área aberta? Com Natureza?

- Sim. Castelos sempre possuem jardins externos. Por quê?

- Minha força vem de Gaia... Vou ver o que consigo, meditando na grande mãe. Boa sorte na Romênia.

- Mersi.

- Cu plăcere. - Sabrina se surpreendeu com meu "De nada" em romeno.

- Parece que não perdeu sua língua mãe romena. Que bom saber disso, Anita ficaria tão orgulhosa, do seu despertar, era tudo que mais queria.

Sorrimos meio sem graça, com uma expressão vazia de ambas nos olhos. E, assim Sabrina, olhou a noite chegar,  desaparecendo num vulto, senti até um calafrio na coluna. Como se a morte tivesse me mandando um "Olá" do submundo. Submundo para Gaia, é descansar sob sua sagrada Terra.