Capítulo 14

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— Como estou? — Dou uma voltinha na frente de Gabriel.

Seus olhos me devoram sem cerimônia.

— Nem me olha assim, vamos sair mesmo hoje. — Brinco.

Ele faz um biquinho bonitinho, mas sorri também.

— Você maravilhosa, amor. — Elogia. — Sem sapatos de reconciliação. — Mira minhas botas azuis.

— Não quis arriscar. — Arrumo a gola de sua jaqueta. — Você fica gato de couro.

Estou tão acostumada a vê-lo com roupa social que até fico chocada quando o vejo com algo mais normal.

— Ah, é? — Segura minha cintura. Seu cheiro é tão bom.

— Sexy. — Beijo sua boca.

— Não provoca se quiser sair. — Morde lentamente meu lábio.

— Parece que ficamos mais animados quando estamos prestes a sair. — Entrelaço meus dedos em sua nuca.

— Talvez. — A mão dele vai para minha coxa, alisando o topo delas, por cima da minha calça jeans. Suas pupilas se dilatam.

— Gabe... — repreendo.

Ele revira os olhos e me solta, levantando as mãos em rendição.

— Acho bonitinho quando me chama de Gabe. — Sorri. — Pronta? Já pegou tudo?

Confirmo.

Seguimos juntos para a garagem, e diferente do que pensei, iremos de moto dessa vez. É uma Harley preta fosca, com detalhes cromados. Parece aquelas de motoqueiros que vemos quando vamos em shows de rock.

— Posso dirigir? — questiono, elétrica.

— Desde quando você dirige motos, amor? — Levanta uma sobrancelha.

— Poderia me ensinar novamente. — Proponho. Seria útil.

— Não hoje, mas ensino. — Pega um capacete e estende para mim.

Gabriel posiciona o dele e tira a moto da garagem, esperando que eu suba nela.

— Segura firme — diz sob o ombro.

— Com prazer, anjo.

Agarro em quadril sem um pingo de decência. Isso é quente.

A lua ilumina o caminho escuro e tudo ao nosso redor. Chega a ser mágico e eletrizante. As árvores, a estrada, Gabriel e eu.

Não demoramos quase nada para chegar no único pub da vila. É um lugar relativamente grande e animado, com visual meio anos 80. Acho que todos os que são jovens vêm para cá procurando por uma diversão.

— Por aqui, anjo. — Gabriel pega meu capacete, levando junto com o dele, e entrelaça nossos dedos com sua mão livre.

Concordamos de fazer isso uma espécie de primeiro encontro. Eu poderei perguntar tudo para ele, e ele vai fingir que ainda não sabe tudo sobre mim. Estou me esforçando para pensar em coisas que ele não sabe. Deve ter sobrado algum mistério.

Pegamos uma mesa mais isolada, próxima a uma janela. Gosto do lugar, conseguimos ver o lago daqui. O garçom vem anotar nossos pedidos.

— Então, como eram seus pais? — pergunto, após embarcarmos em uma conversa sobre infância e família.

— Hum... — Brinca com o copo de suco em mãos.

— Se for algo ruim, não precisa falar. Eu só não lembro e quero conhecer mais de você.

[DEGUSTAÇÃO] Todas as Noites que Nunca AconteceramOnde histórias criam vida. Descubra agora