Capítulo 15

193 49 24
                                    


tudo bem? — pergunto. — Parece meio nervoso.

Gabriel está comigo na biblioteca. Enquanto termino de ler um livro, fascinada pelo plot, ele está fazendo alguma coisa envolvendo tabelas e pacientes.

— Não gosto de trazer trabalho para casa — responde, tirando a atenção da tela do notebook e me olhando.

— Por que não para um pouco? Faz horas que aí na frente. Vem sentar aqui. Vou fazer algo pra comermos. — Tiro minhas pernas do sofá e bato do meu lado.

Sem resistir, ele deixa os óculos na mesa e caminha até mim como um gato manhoso. Gabe me puxa para ele, espalhando vários beijos por meu rosto.

— Melhorou a cólica? — Passa a mão por meu ventre.

Meus óvulos não são lá grande coisa, mas meu útero segue firme trabalhando todos os meses para que eu tenha peitos inchados, espinhas enormes e dores irritantes.

É injusto, se você for pensar.

passando.

— Depois posso ir comprar sorvete. — Faz um biquinho. — Chocomenta, o seu favorito. Menta pra refrescar e chocolate pra acalmar.

Sabe até o sabor que gosto. Esse homem nem existe.

— Você é meu anjo. — Deito com a cabeça em seu colo. — Não esquece de ver a data de validade. — Aviso.

Florencia comprou algumas coisas que já tinham vencido. Sorte que chequei a embalagem antes de abrir. Nem mesmo Gabriel, o perfeccionista com os condimentos, se atentou a isto. Ele disse que tomaria providências e até reclamaria no SAC. Não duvido que tenha feito isso mesmo. Certeza que vai inspecionar tudo antes de comprar agora. Este lugar é um super descaso com o consumidor.

— Bem lembrado, bebê. Vou pegar naquela sorveteria caseira que você gosta, da Senhora Agustina.

— Meu Deus, ela faz o melhor sorvete do mundo. — Solto um barulho apreciativo. É uma marmita de isopor cheia de sorvete e granulado. Se eu pudesse, enfiava granulado em tudo o que como.

— O melhor para você. — Passa o polegar por meus cabelos. Sorrio.

Gabe faz cafuné em mim, me encarando como se eu fosse a coisa mais linda que já viu na vida. Ele tem aquele semblante risonho, de quando estamos realmente realizados. Aproveito o momento e assisto sua tranquilidade. É tudo tão calmo quando se trata de nós.

— O que foi? — Meu tom é curioso. — O que pensando?

Não diz nada, mas nossos olhos seguem conectados. Ele dá de ombros, perdido demais para se localizar.

— É seu livro favorito. — Aponta o exemplar na minha barriga.

— Jura? — Quebro o contato. — É realmente bom.

— Você o grifou todo. É louca pelo personagem principal.

Estranho sua colocação.

— Bom, agora estou achando ele um louco varrido. — Miro seu queixo liso.

Não sei se prefiro Gabe com barba ou sem. Seu cabelo está mais curto, em um corte militar. Estranhei no começo, mas gosto agora. Dá um toque meio selvagem à essa áurea de bom moço.

— Você o amava. — Aperta meu nariz, duvidando se agora meu sentimento mudou.

— Realmente, eu não batia bem da cabeça. — Deixo o livro na mesinha.

[DEGUSTAÇÃO] Todas as Noites que Nunca AconteceramOnde histórias criam vida. Descubra agora