Um

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Eren nunca havia visto um carro daquele em toda sua vida - Que eram apenas míseros dezessete anos. Achou o veículo bonito naquele cor completamente escura e pensou quem possivelmente seria o dono de tal coisa. Sua mente logo voltou a se focar em sua amiga Mikasa, que o guiava para dentro de sua casa, já que ambos tinham um longo trabalho para fazer graças a professora de química.
- Vamos logo - A morena reclamou enquanto abria a porta de sua casa. Eren logo a seguiu para dentro - Acho que meu primo deve estar em casa - Ela soltou e em seguida ouviram o estrondo de uma porta vindo do andar de cima, logo uma baixinha passa ao lado de ambros aos prantos e barrancos, ela correu enquanto chorava e logo o causador de suas lágrimas desceu as escadas como se nada houvesse acontecido. Eren ainda encarava a porta por onde a gorata havia saído - Outra?
- Os números não podem parar de subir - Eren se voltou para o dono de tal voz e seu coração parou por alguns segundos. Estatura baixa e forte, olhos que só demonstravam o perigo que seu sono significava, tatuagens que se destacavam de forma graciosa em sua pele clara e um sorriso maldoso em seu rosto, o tipo de cara que Eren deveria ter medo, mas por alguma razão estranha, não tinha - Quem é o pirralho?
- E-Eren Jaeguer - Respondeu Eren e mordeu o lábio inferior enquanto se amaldiçoava por ter gaguejado e o sorriso do mais velho alargou um pouco mais, já que ele sabia muito bem que tipo de reação havia causado no mais novo.
- Ele veio fazer um trabalho comigo - Mikasa respondeu não gostando nada do que seu primo estava fazendo com seu amigo, afinal de contas, para ela, Eren era hetero - Pode sair por favor?
- Me expulsando de casa? - Fingiu estar ofendido - Sorte a sua que tenho que ir até a casa do Erwin de qualquer forma - Pegou as chaves em cima do criado mudo que ficava encostado próximo a onde Eren estava parado, e após uma rápida análise no mais jovem Levi saiu.
- Não suporto esse jeito dele - Reclamou a garota enquanto puxava Eren para fora de seu transe e para o meio da sala para que pudessem começar o trabalho.
- Qual o nome dele? - Eren perguntou já que Mikasa nunca havia dito nada sobre um suporto primo, pensou sobre isso enquanto tirava seus cadernos e seu estojo de dentro da mochila. Ele não acreditava no que havia acabado de acontecer, ele sentiu algo tão diferente quando sentiu o mais velho tão próximo de seu corpo para um ato tão simples de pegar as chaves. Pela janela, Eren viu que o veículo que apreciou já não se encontrava mais ali e resolveu pensar que o mesmo pertencia ao mais velho.
- Levi - Respondeu a garota enquanto procurava a matéria - Os pais dele o deixaram aqui com oito anos, não conseguiam cuidar da praga - Ela riu seca, mas Eren não fez nenhum barulho, afinal de contas, não era engraçado ser abandonado pelas pessoa que você ama.
- Sabe por que a garota saiu daqui correndo? - Perguntou ele enquanto observava Mikasa, que ainda procurava a matéria em seu caderno.
- Provavelmente ela queria algo sério e ele simplesmente disse não - Ela olhou para Eren e o mesmo desviou o olhar, por alguma razão, não conseguiu encarar a amiga naquele momento - Eren, por que perguntas sobre ele?
- Por nada em especial - Respondeu se forçando a encarar a amiga, que ainda o olhava de forma julgadora, a mesma jogou o caderno em cima da mesinha de centro o que fez Eren se assustar e pensar que a mesma poderia fazer algo contra ele ali mesmo - Vou pegar meu notebook, já volto - A garota se levantou e subiu as escadas correndo.
Eren tomou o tempo em que ela estaria ausente para dar uma melhor olhada na casa. Obviamente era como qualquer outra em Jacksonville, mas aquela tinha algo diferente, algo mais acolhedor do que as outras, na mente de Eren esse sentimento deveria ser por conta da falta de cortinas na sala o que deixava a mesma muito mais clara. Ele talvez iria sugerir essa mudança para a mãe quando voltasse.
- Pronto! - Mikasa soltou enquanto descia as escadas com seu notebook em mãos, Eren percebeu que o mesmo havia alguns adesivos de bandas em preto e branco colados e ele no fundo sabia que Mikasa não ouvia nenhuma daquelas bandas, mas resolveu não perguntar de quem pertencia o aparelho, já estava mais do que óbvio - Vou fazer a capa, você já tem a senha da internet daqui então vai pesquisando o primeiro tópico.
- Como quiser - Disse tirando o celular do bolso e começando a pesquisar sobre a combinação de alguns elementos químicos.
Definitivamente química é um saco. Eren sempre pensava nisso no meio das aulas e quando fez o trabalho, seu pensamento simplesmente se concretizou, química realmente era um saco.
- Me diga que já terminamos - Reclamou Eren enquanto bloqueava seu celular, já que o mesmo estava com menos da metade da bateria e o mesmo queria ouvir música até o caminho de volta para casa.
- Sim terminamos - A garota disse enquanto imprimia as folhas do trabalho - Ainda bem.
- Ainda bem mesmo, o trabalho é para amanhã - Eren see debruçou de sobre a mesinha de centro, já que o mesmo estava sentado no chão - Acho melhor eu ir - Disse quase fechando os olhos por conta do sono que estava o atingindo - Estou morto de sono.
- Deve estar mesmo - Mikasa soltou um resmungo enquanto ajeitava as folhas, para então, grampea-las juntas - Jogou tanto durante a aula de Educação Física, como consegue ter tanta energia?
- Não sei - Começou a guardar seus cadernos de forma desorganizada dentro de sua mochila - Simplesmente tenho - Deu de ombros e se levantou, Mikasa o acompanhou até a porta - Vejo você amanhã então.
- Claro - Ela lhe deu um rápido abraço, que foi retribuído, e em seguida Eren partiu.
O caminho seria um pouco longo, mas com a ajuda de seus fones e seu Spotfy, com certeza seria menos solitário do que o normal. Após colocar seus fones clicou em uma playlist qualquer e voltou a andar. Guns N' Roses com certeza poderia ser considerada uma das bandas favoritas de Eren e quando começou My Michelle o volume de seus fones foi aumentado ao máximo, era com certeza uma das suas músicas favoritas da banda, o rock era definitivamente ensurdecedor, mas a buzina de um veículo pode ser ouvida mesmo assim. Tirou um dos lado de seu fone e olhou assustado para trás, vendo o mesmo veículo negro de mais cedo.
- Eu estou te chamando a meia hora! - Levi dramatizou enquanto jogava o resto do cigarro que havia acendido a um tempo atrás  - Quer uma carona?
- Ah - Eren pensou um pouco. Valeria a pena pegar uma carona com Levi, mas sua cara era longe e ele não queria perturbar - Eu moro meio longe, posso ir sozinho.
- Mas nem se morasse perto - Desligou o carro e fez alguma coisa em sua porta - Entra aí - O sorriso malandro que Levi possuía em seu rosto era de tirar Eren do sério.
- Tudo bem - Soltou um resmungo enquanto ia para o lado do passageiro e entrava no veículo, percebeu que o cara era um pouco mais baixo do que parecia e mais limpo do que pensou que um carro poderia ser, até mesmo para um fumante - Tem certeza? Ainda pode me expulsar se quiser.
- Certeza absoluta - Girou a chave e o motor ganhou vida em um rugido que geralmente só poderia ser ouvido em um daqueles filmes com carros velozes - Onde mora? - Perguntou ele em uma voz calma e rouca, o que fez meu coração disparar dentro de meu peito. Digo a ele onde eu moro e ele acelera com o carro - Como foi o trabalho?
- Trabalho? - Havia se esquecido por alguns segundos de que trabalho era esse ao qual o mais velho se referia, afinal de contas, Levi dirigindo era definitivamente uma forma de tirar o foco de qualquer humano - Ah sim, terminamos por sorte.
- Vou ser direto - Virou em uma curva, indo em direção a avenida principal - Tem alguma coisa com a minha prima que não seja amizade?
- O que? - Eren gargalhou ao pensar em tal possibilidade, nunca namoraria Mikasa já que tem um amor de irmão e amigo pela mesma - Claro que não! Ela e eu somos apenas bons amigos e nada mais.
- Não é o que ela acha - Virou em outra rua e bufou ao ter que parar em um farol vermelho.
- Como assim, não é o que ela acha? - Perguntou em completa surpresa, afinal de contas ele sabia muito bem que era o que Mikasa sentia por ele, apenas e simplesmente amizade.
- Deixa pra lá - O olhou por alguns segundos e voltou a dirigir ao ouvir a buzina do carro de trás - Mas ela não sabe que você é gay?
- O-O que? E-Eu não.... - Tentou dizer, mas seu olhar esnobe o deixou completamente sem armas - Não, ela não sabe.
- Fala de uma vez - Ele resmungou e mordeu o lábio inferior, o que me fez imaginar qual seria o gosto de sua boca - O que pensou quando me viu?
- Perguntas de mais não acha? - Soltou um riso nervoso. E tentou esconder isso de qualquer forma possível.
- Não, não acho - Disse ele e acelerou um pouco mais o carro já que a rua estava escura e um pouco vazia de mais - Responde.
- Eu não sei - Disse simplesmente e ficou aliviado quando ao longe, pode ver as luzes de sua casa.
- Claro que sabe - Desacelerou o carro para que tivesse mais tempo com o jovem de olhos verdes. Mas foi impossível para sua infelicidade.
- Pode parar aqui - Apontou de forma envergonhada para sua casa - Obrigado pela carona Levi - Disse começando a ajeitar sua bolsa para então sair do carro. Levi o segurou pelo braço e o puxou para um beijo calmo e completamente inesperado, Eren não teve para onde correr, afinal de contas, estava louco por aquele beijo desde o primeiro segundo em que pôs os olhos em Levi. Quando o beijo se quebrou ambos estavam sem ar, o mais jovem agradeceu por estar escuro já que estava completamente ruborizado. Levi destravou a porta e um pequeno sorriso divertido estava em seus lábios.
- Amanhã vou te buscar na escola - O mais velho disse assim que Eren saiu do carro.
- Pra que e por que? - Perguntou com o último pingo de coragem que ainda lhe restava.
- Por que eu quero - Fechou o vidro de seu carro e acelerou para longe.
Eren entrou em casa completamente nervoso e ansioso, por sorte, sua mãe estava em uma viagem e seu pai deveria estar com alguma amante por aí, mesmo que odiasse a forma que o pai tratava a mãe Eren nunca iria dizer uma só palavra sobre o assunto, amava demais a mãe para ver ela sofrendo pelo pai.
Entrou em seu quarto e jogou a bolsa no chão e em seguida indo direto para o banheiro tomar um banho gelado, já que as coisas estavam quentes demais nele.

Born To DieOnde histórias criam vida. Descubra agora