Elena balançava de forma natural a caneta de tinta azul entre seus dedos ágeis, ela não conseguia achar um ponto específico entre as quatro gangues, eles estavam passando por todo e qualquer tipo de barreira que a polícia colocasse nas ruas e isso a deixava ansiosa e até mesmo com raiva, ela queria saber quem era o motorista misterioso que sempre sabia como evitar e como passar pelas barreiras, deixando as drogas, sequestros e os tráficos humanos muito mais fáceis de serem feitos. Ela deixou sua caneta de lado e voltou a olhar as filmagens das ruas dos últimos dois dias, para ela, algo estava errado, mas ela não conseguia ver o que exatamente estava de errado.
- Alguma coisa? - Luke, seu colega de departamento e parceiro em campo, perguntou enquanto colocava um copo com o símbolo do Starbucks em cima de sua mesa bagunçada pelos papéis e CD's de gravações.
- Nada - Ela resmungou enquanto pegava o copo e dava um gole no mesmo, café argentino, o favorito dela - Mas.... Não, não deve ser nada.
- É melhor falar - Ele puxou uma cadeira e se sentou a sua frente enquanto se deliciava com seu próprio café - Suas superstições geralmente estão certas.
- Esse carro - Ela vira para o monitor para o companheiro enquanto apontava para um carro negro, que, por conta da pouca luminosidade, não conseguiam identificar - Ele some e reaparece de forma tão... Rápida, como se o motorista soubesse onde estão as câmeras e nossos cercos.
- Ele pode ser apenas um motorista qualquer Elena - Luke diz enquanto olha as filmagens, mas em seguida olha para a amiga.
- Sim, pode ser - Ela afirma e vira novamente o monitor para ela - Mas ele faz isso a meses e eu.... Até mesmo sei que pode ser um caminho para algum lugar Luke mas.... - Ela estava definitivamente desconfiada daquele veículo negro - Ele com certeza está me deixando com uma pulga atrás da orelha.
- A gente pode alertar as viaturas se você quiser - Sugeriu Luke terminando de forma rapida seu café - Ele não pode fugir de todas as viaturas, mas precisamos saber o modelo do carro primeiro Elena.
- É um mustang! - Uma terceira voz surgiu no meio da conversa. Hannah, Elena nunca foi de conversar com essa novata e não seria aquele o momento, mas Luke e ela já eram bons amigos.
- Como sabe? - Luke perguntou e a garota se aproximou de ambos. Por um segundo, Elena se perguntou por quanto tempo a jovem esteve ouvindo a conversa dos dois.
- Meu avô tinha um desses - A garota sorriu - Claro, ele tinha um vermelho escarlate, eu amava brincar dentro daquele carro, mas tipo, um dia ele disse que....
- Tudo bem Hannah - Elena cortou a garota, uma das coisas que a jovem fazia demais, era falar.
- Consegue ver de que ano esse é? - Luke perguntou apontando para a tela, onde se passava um loop do veículo.
- Pode ser um 2010, um 65 ou um 67 - A garota disse dando de ombros - É difícil de dizer, mas com certeza é um desses três.
- Isso diminui nossa lista - Luke olha para Elena.
- Sim, e diminui mais da metade - Elena se volta o computador e procura por veículos daqueles anos dentro da cidade - São dezoito dentro da cidade - Ela procura um pouco mais - Oito são 65, sete são 2010 e o resto são 67.
- E quantos desses são pretos? - Hannah mais uma vez se mete no meio da conversa, mas dessa vez, Elena não se importa.
- Dois - Um sorriso surgi no rosto de Elena, a mesma olha para seu companheiro e se levanta de sua cadeira - Eu vou atrás de um, e você do outro.
- Qual é mais próximo? - Perguntou Luke já se levantando de forma preguiçosa de sua cadeira.
- Um cara chamado.... Dênis Newman - Elena informa enquanto pegava seu distintivo - Ele é todo seu.
- Obrigado! - O amigo disse enquanto a via sair pela porta da delegacia.
Elena deu exatamente duas batidas na porta branca da casa, e esperou alguns poucos segundos antes de uma senhora vir atende-la. A mulher usava uma calça jeans e uma blusa simples de cor vermelha.
- Posso ajudar? - A mulher perguntou estranhando ver Elena ali.
- Sim, me chamo Elena Munsell - Fez uma breve pausa enquanto pegava o distintivo no bolso interno de seu blazer - Sou da polícia, eu gostaria de falar com Levi Ackerman.
- Levi? O que ele fez? - A mulher perguntou sem entender.
- Nada senhora, ele não se encontra? - Elena achou estranho que a própria mãe não soubesse onde o garoto estava.
- Não, ele ficou com medo dos pais dele e saiu de casa a alguns dias - Explicou a mulher enquanto limpava as mãos molhadas pela água que estava usando para preparar o almoço de sua família - As vezes eu ainda o vejo por aí, mas ele prefere que eu mantenha distância.
- Por que ele fugiu dos pais?
- Você deveria saber - A mulher bufou e cruzou os braços - Os pais abusavam dele e sempre batiam nele por causa do jeito rebelde, certo dia abandonaram o pobrezinho aqui comigo - Tirou uma mecha de cabelo que insistia em permanecer em cima de seus olhos e continuou - Eu estava grávida na época, então meu marido entrou com uma ação de adoção para o garoto, e como somos parentes foi tudo mais fácil, eu criei ele e descordo que ele seja tão descontrolado quanto os pais diziam.
- Entendo.... - Então aquela realmente não era a mãe de Levi, mas os documentos diziam que era, esse deveria ser o motivo - Sabe onde posso encontra-lo?
- Acho que no antigo teatro - A mulher descruzou os braços - Ele é amigo do dono então, deve estar por lá.
- No antigo teatro? Não deveria estar abandonado?
- E está, mas como eu disse, ele é amigo do dono... Levi sempre foi bom em fazer amizades - A mulher sorriu ao se lembrar de como o sobrinho tinha muitos bons amigos.
- Tudo bem, se ele aparecer - Mexeu em seu bolso e tirou dali um cartão com seu número - Me ligue - Entregou o mesmo para a mulher - Obrigada pelo tempo Sra. Ackerman.
Elena se afastou da casa e entrou em seu carro acinzentado. Ela não conseguia entender bem o por que Levi havia saído de sua única casa, em mais de vinte anos de trabalho nunca havia visto um caso assim, geralmente os rapazes que fogem, saem logo da cidade e vão para longe, mas Levi resolveu ficar. Por que ele ficou afinal de contas? Não tinha mais nada para ele ali de qualquer forma.
A mulher acelerou seu carro para longe da casa de seu suspeito, acabou parando em um farol. Seus olhos se abriram em pura surpresa quando viu o mustang 67 preto de que estava atrás, atravessar seu caminho de forma controlada. O farol para ela logo abriu, e ela seguiu o veículo, tentando de toda forma não levantar qualquer tipo de suspeita, não queria que o mesmo fugisse.
As ruas iam passando, faróis e mais faróis, finalmente ela pode ver o veículo negro parar na frente de uma escola, ela parou a alguns metros e retirou sua arma do porta luvas, caso algo acontecesse ela estaria pronta. O motorista saiu do veículo e ela o observou, estatura baixa e braços cheios de tatuagens negras que, para ela, não faziam o menor sentido.
Os alunos começaram a sair da escola e logo um dos alunos vai até Levi, o garoto possuía cabelos castanhos e vividos olhos esverdeados, o garoto abraçou Levi e o beijou. Para Elena a ficha caiu. Seu suspeito ainda permanecia na cidade por conta daquele garoto, e em sua mente um plano se elaborou. Ela precisava falar com aquele garoto, seja lá quem ele fosse, ele era uma pista crucial para desvendar e prender centenas de bandidos dentro da sua cidade, e até possivelmente, ao redor da Flórida.
Elena saiu de seu carro, mas antes que pudesse ir até os dois garotos, ambos já estavam dentro do mustang e acelerando para longe. Ela bateu o pé no chão de forma brava, havia se distraído e havia ficado excitada demais e acabou perdendo uma chance, mas com certeza não seria a última vez que estaria ali na frente daquela escola.
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Born To Die
FanfictionSua alma rebelde fez com que Levi fosse abandonado pelos pais com os tios que haviam tido uma filha a pouco tempo. Seus tios criaram ele e sua prima da melhor forma possível, mas isso não foi capaz de mudar o jeito que Levi via as coisas no mundo, m...