Born To Die

treze

A buzina do veículo vermelho escarlate soou e Levi se virou para a motorista devagar, e se soltou de Eren. O jovem sorriu ao ver o belo rosto da mãe, que usava um óculos de sol para cobrir seus olhos.
- Entrem meninos! - A mulher disse de forma animada, ambos os garotos entraram em seu Jeep Compass escarlate - Você deve ser o Levi - Olhou para o moreno por alguns poucos segundos, antes de acelerar.
- Sim, sou eu - Fez uma rápida pausa - Prazer em conhecê-la senhora Jaeguer.
- Ah por favor - A mulher tirou seus óculos e o jogou no banco carona - Me chame de Carla.
- Como quiser - Disse Levi de forma educada. Ele poderia ser tudo, mas educação era algo que sua tia o havia dado muito bem. Eren segurou a mão de Levi e entrelaçou seus dedos.
- A quanto tempo estão juntos? - Ela perguntou virando em uma esquina qualquer, com certeza ela queria ganhar um pouco de tempo, e Levi sabia disso.
- Pouco mais de uma semana - Eren respondeu.
- Só isso!? - A mulher olhou mais uma vez para os dois pelo retrovisor e Levi sentiu um frio na espinha. Odiava que alguém dirigisse para ele, ainda mais se fosse uma pessoa tão distraída quanto a mãe de Eren parecia ser.
- S-Sim - Levi congelou por alguns segundos quando percebeu a mulher passando direto por um farol vermelho e quase atropelando uma senhora.
- Vocês são tão fofos! - Carla soltou as mãos do volante e bateu palmas de forma animada, e novamente, outra farol vermelhos foi ultrapassado.
Um suspiro de alívio foi tudo o que Levi soltou quando finalmente sentiu o veículo para na frente da casa de Eren, essa que já era conhecida para ele, pelo menos a fahchada. Os três desembarcaram do veículo escarlate.
- Pensei que fosse mais alto - A mãe de Eren avaliou Levi, que apenas levantou uma sobrancelha e a avaliou de volta, ela também não era muito mais alta do que ele. Ele odiava ser chamado de baixinho, mas naquele caso não poderia fazer nada, era a mãe de seu garoto - E por que todas essas tatuagens?
- Sempre gostei delas - Levantou um pouco mais para a mulher a sua frente ter uma visão melhor dos desenhos negros em seu braço - Eu tenho outras pelo corpo, mas não acho bom mostra-las aqui fora.
- Ah sim, claro - Carla soltou uma breve gargalhada quando olhou para o outro lado da rua e observou algumas garotas dando uma boa olhada em Levi - Vamos entrar meninos!
Eren - Enquanto era empurrado juntamente a Levi para dentro de sua casa - Abriu a porta e ambos entraram junto com Carla.
- Mãe! - O jovem de olhos esverdeados reclamou quando já estavam dentro de sua casa. Levi observava o local com cautela, com certeza era uma casa muito maior do que havia pensado, e sala coberta de móveis de cores claras enquanto o piso era de um tom extremamente escuro e muito bem polido. As paredes brancas e bem na entrada uma pilastra esbranquiçada em estilo grego. Com certeza era a casa de pessoas de classe alta.
- Não se sinta intimidado - Carla disse com um pequeno sorriso em sua face enquanto observava Levi olhar para a casa. Eren o abraçou por cima dos ombros.
- Verdade - Um simples suspiro do jovem próximo ao pescoço de do moreno, o fez arrepiar por completo.
- Mas Levi - A mulher os puxou para a cozinha - Por que tatuagens? - Ela com certeza havia ficado interessada em tais marcas negras - E por favor me mostre as outras.
- Por que... Eu gosto - Suas mãos livres foram de encontra a barra de sua camiseta e ele a levantou até que a mesma passasse de sua cabeça, e a deixou presa apenas pelos ombros - A maior que eu tenho - Se virou para a mulher e lhe mostrou a tatuagem em suas costas. Um dragão chinês de cor vermelha e olhos negros, o mesmo possuía desenhos de nuvens em suas escamas vermelha. Eren ficou surpreso, nunca havia visto aquela tatuagem antes, mesmo já tendo ficaro nu junto a Levi, quem ficava por baixo era ele e por isso nunca havia tido a chance de ver o dragão - Ainda não está terminada, tenho também essa aqui - Se virou de frente e recolocou sua camiseta cinza, abaixou um pouco a calça e revelou um corvo em tinta preta meio aquarelado em cima de uma caveira.
- Essas são todas? - A mulher perguntou de forma simples e se virou para começar a fazer o almoço dela e dos meninos.
- Sim, mas eu quero ainda fechar um dos braços e fazer algumas mais pelo corpo - Confessou Levi se sentando ao lado de Eren.
- Tem carro? - Era com certeza uma entrevista.
- Um mustang 67, e tenho orgulho dele - Se gabou ao lembrar do veículo negro guardado dentro do teatro.
- Tem casa? - Com certeza era uma pergunta previsível, mas mesmo assim, Levi ficou surpresa com ela.
- Fugitivo - Ele disse e a mulher quase deixou a panela de sua mão cair - Não da polícia, ainda bem.
- Fugiu de casa!? - A mulher colocou a panela em cima do fogão cinzento e olhou melhor para Levi, com certeza era um olhar julgador - Seus pais devem estar preocupados.
- Mãe... - Eren tentou se intrometer, mas Levi lhe deu um leve empurrão com o ombro, o que fez com que o mesmo ficasse quieto.
- Não tem problema - Deu um sorriso de lado e se voltou para a mulher - Eu fui abandonado pelos meus pais, a única coisa que eles sentiriam falta seria do dinheiro que ganhariam da minha avó, minha tia me criou, e ela sabe que era um mal necessário.
- Como assim? - Carla voltou a mexer na panela, era difícil se concentrar em não queimar a comida se uma história tão chamativa estava sendo contada. Abandonado? Como uma mãe pode ter coração para abandonar o próprio filho dessa forma!?
- Meus pais estão atrás de mim por causa da herança da velha - Passou uma das mão pelo cabelo - Chega a ser vergonhoso vê-los por aí - Soltou um longo suspiro.
- Credo - A mulher disse mexendo o arroz dentro da panela.
- Mãe - Eren chamou atenção de sua mãe e deu espaço para que Levi encostasse suas costas em seu peito, o moreno o fez de bom grado - Não que eu não ame você, mas quando será sua próxima viagem?
- Acho que depois de abril - Disse pensativo e se sentou em uma cadeira próximo ao dois jovens - É tão bom olhar para vocês dois.
- O-Obrigado - O castanho olhou para o moreno de realse, mesmo que não pudesse ver a face do mesmo, e sorriu.
- Mas tomem cuidado - Ela alertou e ambos os garotos a olharam - Grisha, o pai de Eren - Explicou para Levi, que abriu os olhos em surpresa. Grisa era o pai de Eren!? Como ele não sabia disso? Esteve brincando com fogo todo esse tempo que esteve com o garoto e nem mesmo sabia! Um traficante de órgãos é sempre um perigo, eles fogem a qualquer sinal de fumaça, mas se Grisha ainda estava ali, é por que ele sabe como apagar seus rastros muito bem! Mordeu o lábio inferior para contrair a surpresa, se Grisha não soubesse quem ele era, ainda poderia ficar com Eren, mesmo que fosse arriscado - Não gosta muito de pessoas como vocês.
- Como nós? - Por alguns segundos o mundo de Eren havia se tornado perfeito, mas voltou a realidade - Ah sim.... Homossexuais.
- Exato - Um leve cheiro de queimado se espalhou pela cozinha - Santo deus! - Carla se levantou em um pulo, quase derrubando sua cadeira e assustando ambos os garotos, e desligou a panela e a olhou em pura decepção. Ela com certeza havia queimado o arroz.
- Parece que queimou - Eren zombou da mãe. Sabia que quando estava concentrada, conseguia fazer uma ótima refeição, mas se estivesse muito distraída em uma conversa, ela com certeza iria acabar com seja lá o que estivesse cozinhando.
- Eu queria tanto cozinhar para vocês meninos - Reclamou a mulher tirando uma nota de cinquenta de sua carteira e a entregando para Eren - Vão até o mercado e comprem alguma coisa para comermos, por favor.
- Claro - Eren pegou o dinheiro e Levi se afastou dele, e ambos se levantaram.
Os garotos saíram da casa e começaram a andar em direção ao mercado, no começo, o caminho foi silencioso.
- O que achou dela? - Eren perguntou colocando suas mãos em seus bolsos para tentar acalmar seus pensamentos.
- Distraída - As vezes a ironia de Levi, pegava o jovem de surpresa - Como sobreviveu todo esse tempo? - Perguntou retoricamente - Mas, ela com certeza é legal.
- Fico feliz que tenha gostado dela - O garoto jogou os sobre os ombros de Levi, o abraçando por alguns segundos.
- Pirralho... - Levi disse quando Eren o soltou por fim - O que vamos comprar afinal de contas?
- O que você quer comer? - Perguntou o jovem enquanto adentravam o estacionamento do mercado.
- Pra mim tanto faz Eren - Disse o moreno - Eu tive que aprender a comer de tudo.
- Teve? - As portas duplas de abriram quando os jovens se aproximaram o suficiente para que o sensor sentisse a presença de ambos.
- Claro - O vento frio do ar condicionado o fez arrepiar de forma rápida - Eu praticamente vivi nas ruas se não se lembra bem disso.
- Ah sim claro - Eren conhecia aquele mercado como a palma de sua mão, ia lá praticamente todos os dias sozinho - Vem - Chamou o moreno enquanto iam em direção a parte de comida congelada.
- Sempre os clássicos - Levi soltou quando chegaram a parte fria do mercado.
- Obviamente - O jovem sorriu de forma rápida para o moreno - E então.... Temos.... Risoto, lasanha, macarronada....
- Macarronada? - Levi perguntou de uma forma. Já havia comido macarronada quando era pequeno, mas mal se lembrava do gosto.
- Será macarronada então - O jovem de olhos esverdeados abriu o freezer e tirou duas caixas de macarronada de dentro do mesmo, o fechando em seguida - Vão sobrar vinte e quatro dólares para a gente.
- Sua mãe não iria querer o troco de volta? - Perguntou o moreno colocando suas mãos nos bolsos de sua calça. Com certeza estava frio ali.
- Não, ela não liga muito para o dinheiro - O jovem deu de ombros e foi direto pegar um refrigente.
- Vai morrer logo dessa forma - Levi podia até falar esse tipo de coisa, mas estava adorando ver o castanho tão animado dentro do mercado.
- Não ligo! - Afirmou entregando a garrafa de dois litros de coca para o mais velho - Quer alguma coisa? - Levi negou com a cabeça - Vamos indo então....
Haviam pagado e estavam com as sacolas em mãos enquanto voltavam para a casa do jovem. Era estranho estarem daquela forma, realmente parecia um casal.
- O que vai fazer com sua vida Eren? - A pergunta de Levi surgiu em meio ao silêncio.
- Eu ainda não sei... Acho que vou fazer engenharia, eu sei que é algo difícil de se fazer e caro.... Mas eu percebi que eu gosto - O jovem respondeu em um dar de ombros.
- Você não ama - O mais velho afirmou - Você ainda tem oito meses para descobrir o que fazer da sua vida - Fez uma breve pausa - Seu inútil.
- E-Ei! Eu não sou um inútil por não saber o que eu quero! - Afirmou o jovem.
- Não, não é - Disse Levi e chutou uma das pedrinhas em seu caminho - Mas é um pé no saco as vezes.
Quando se aproximaram da casa de Eren, um SUV azul escuro se encontrava estacionado na frente da mesma. Levi suspeitou de primeira.
- Eren - O jovem ficou em alerta e o mais velho o entregou a sacola que segurava - Só se aproxime quando eu disser que é seguro.
- Levi.... O que....? - Levi o calou com uma das mãos e o empurrou para a trás do muro de um dos vizinhos.
- Conhece aquela SUV? - Perguntou o moreno, Eren se curvou de forma que pudesse ver o veículo azulado.
- Não - Disse e Levi mais uma vez o puxou.
- Fique esperto, se alguém se aproximar corra - Afirmou o moreno e se afastou de Eren. Teria que ver o que estava acontecendo.
- ..... Em? - Ouviu um homem gritar dentro da casa. Com certeza era um dos capangas do Oeste - Onde está o Grisha!?
- Eu não sei! - Era um grito feminino, suspeitou que fosse de Carla.
- O que? Não sabe? - O homem perguntou de forma esnobe. Levi se apoiou no batente da porta, e estreitou os olhos para a situação. Carla estava amarrada e um dos homens possuía uma arma apontada para sua cabeça.
- Hm? - Levi soltou em sua forma esnobe. Os homens o olharam surpresos.
- Levi Ackerman? - Ambos perguntaram e a surpresa nos olhos de Carla aumentou.
- O que faz aqui? - O loiro perguntou - Estamos no meio de um trabalho.
- Vocês me dão sono - Disse o moreno e adentrou a casa, se sentando no sofá em seguida.
- O que faz aqui!? - O loiro apontou uma arma para Levi. O moreno levantou o olhar e sorriu macabro, seu olhar se tornou assassino e tudo em sua volta parecia cooperar com isso. Ambos os homens tremeram diante do jovem moreno e seu olhar.
- Eu não sei o que o Oeste quer com o Grisha, mas sei que o chefe de vocês odeia violência desnecessária - Afirmou Levi e se levantou, se aproximando do homem que lhe apontava a arma. O outro homem entrou em desespero, ele não conhecia Levi.
- E quem é você afinal de contas!? - O homem de cabelos tingidos de verde perguntou apontando uma segunda arma para Levi.
- Ele saiu da gangue do Centro a alguns anos - O loiro disse e abaixou sua arma - Ele sobreviveu a caçada.
- A-A C-Caçada? - O homem de cabelos verdes riu - Ninguém sobrevive a aquela merda!
- Se você diz - Murmurou o moreno de forma entediada e voltou a se sentar no sofá, pegou seu telefone em seguida.
- Pra quem vai ligar? - O loiro perguntou.
- Para o chefe de vocês - A face de Levi se acalmou enquanto o telefone chamava.
- Alô? - A voz pacífica do homem do outro lado da linha era grossa.
- Como vai Dot? Lembra de mim? - Com certeza o homem do outro lado havia ficado surpreso com a ligação do moreno, há anos não se falavam.
- Sim, lembro - Afirmou o homem - O que quer?
- Estou olhando para dois de seus capangas - Olhou para os homens a sua frente - Que estão com uma arma apontada para mim e outra para a minha.... Sogra - A palavra era estranha para ele.
- O que? - O homem rosnou do outro lado da linha - Esses imbecis! Me coloque no viva-voz - Levi fez como pedido - Seus inúteis - Os homens tremeram - Voltem, agora.
-Sim senhor! - Ambos disseram com urgência e correram para fora da casa.
- Levi - Dot alertou e Levi tirou do viva-voz e continuou a ouvir homem - Fiz isso por que eu te devia uma.
- Eu sei - Afirmou o moreno - Não se preocupe, vai ficar me devendo outra antes que perceba - O homem gargalhou.
- Espero que não - E desligou. Levi guardou o celular em seu bolso e soltou a mulher que ainda o encarava sem acreditar.
- Levi.... Por....? - Ela começou a perguntar, mas se calou ao ver o filho na porta da frente olhando tudo assustado.
- Mãe.... - Eren estava quieto, queria correr para os braços da mãe e dizer a ela que tudo ficaria bem, mas se o fizesse, com certeza ela iria expulsar Levi dali e provavelmente até mesmo de suas vidas. O moreno se afastou da mulher.
- O que... Aconteceu aqui? - Ela perguntou tentando se recuperar do recente acontecimento.
- Capangas do Oeste - Levi soltou um longo suspiro, por sorte e azar não estava sendo seguido aquele dia - Por alguma razão, estão atrás do seu marido.
- E no que diabos aquele homem se meteu!? - A mulher perguntou de forma raivosa.
- Tráfico de órgãos - Não tinha um motivo pelo qual esconder coisas sobre Grisha, até por que, era tudo o que Levi sabia sobre o pai de seu garoto até o momento.
- Sabia disso o tempo todo? - Eren perguntou. As sacolas de compras já não estavam em suas mãos.
- Não - Afirmou Levi - Eu ouvi falar sobre o nome dele a alguns dias atrás - Fez uma breve pausa e se sentou no chão, próximo a mulher que ainda passava uma das mãos pelo pulso da outra - Suspeitei que vocês tinham algum tipo s parentesco, mas só fiquei sabendo que ele é seu pai hoje.
- Quando eu falei? - Carla perguntou sem olhar para o moreno.
- Sim - Afirmou Levi de forma cansada e se levantou do chão - Não é mais seguro para vocês ficarem aqui, se o Oeste veio é por que Grisha com certeza pegou algo deles.
- Como o que? - Eren perguntou. Estava amedrontado, mas a algum tempo já havia se acostumado com o jeito que Levi tinha de viver.
- Não faço ideia - Afirmou o moreno - Mas se vieram atrás de vocês, com certeza é importante.