Born To Die

quinze

Não era a primeira vez de Eren naquele hospital, afinal de contas, era o hospital da sua família. Por sorte, quando chegaram a procuraram pela tia de Levi, ambos ficaram sabendo que quem estava tomando conta do caso era a mãe de Eren. Obviamente ela não falou toda a verdade sobre o caso da tia do moreno, mas arrastou o filho para um canto para lhe dizer a verdade.
- Como ela realmente está? - Eren perguntou olhando a face raramente seria da mãe. Ela ficava com uma beleza incomum quando estava usando seu jaleco branco e o estetoscópio avermelhado ao redor do pescoço.
- Mal - Admitiu - O carro que ela estava capotou de uma maneira muito violenta, ela bateu a cabeça mais de uma vez, os cacos de vidro cortaram várias partes do corpo dela.... E ela provavelmente, se sobreviver, não vai mais enxergar.
- Ah merda... - Eren abaixou a cabeça por alguns segundos e voltou a observar a mãe - Mãe.... Faça tudo o que puder... Por favor.
- Eu vou Eren - Acariciou brevemente o rosto do filho - É meu trabalho, e ela criou o garoto que você ama, como eu poderia não cuidar bem dela? - Deu um breve sorriso de lado.
- Pode me dar alguns calmantes mãe? - Perguntou o jovem.
- Para você tomar? - Ela levantou uma sobrancelha, o filho só pedia algum remédio se fosse para dor de cabeça, sempre havia sido assim.
- Não... É que... - Olhou rápido para Levi e voltou a olhar para a mãe - Eu não acho que ele vá conseguir descansar por dias, e ele me parece estressado.
- Oh... Isso pode ser bom - Falou de forma pensativa - Mesmo que seja contra minha recomendação médica, mas como pessoa, eu entendo e vou pegar alguns - Ela se afastou do filho.
Eren se virou para Levi, que permanecia encostado contra a parede branca do lado de fora do quarto da tia, o mesmo estava usando uma camisa de mangas longas dobradas na altura dos cotovelos e está pertencia a Eren, com muita insistência Levi acabou indo para a casa do jovem para, pelo menos, tomar um banho e tentar comer algum a coisa. Aos poucos o jovem se aproximou e o abraçou, o moreno aceitou o abraço e encostou sua cabeça no peito do jovem, o cheiro de baunilha inundou seu sistema tentando acalma-lo, com certeza baunilha era o cheiro registrado de Eren, enquanto o dele, segundo o jovem, com certeza era de Hortência Azul.
Com certeza, Levi parecia querer desaparecer em Eren naquele segundo, não queria pensar no que havia feito, não era culpa dele, como ele saberia que a tia estava por lá naquela hora da madrugada? Mas em sua mente, se não tivesse aceitado um trabalho tão tarde, com certeza isso não teria acontecido.
- Não foi sua culpa - Era interessante o jeito que Eren soube o que Levi estava pensando. O moreno agarrou a camisa de cashmere do castanho com mais força, ele estava pronto para chorar, mas estava se segurando - Levi... Você precisa ceder - Novamente a voz calma e controlada de Eren soou nos ouvidos do moreno, que só algum tempo depois, permitiu que a primeira lágrima caísse.
Mikasa finalmente havia chegado, juntamente com Armin, Jean e Annie. Eren abraçou Levi mais forte ao vê-la ali, queria evitar qualquer contato da amiga com o moreno em seus braços, sabia que ele odiava chorar na frente de pessoas que conhecia, mas ele simplesmente estava ali, chorando de forma controlada em seus braços. A garota ignorou o castanho e o moreno e entrou na sala onde a mãe estava, e os amigos ficaram do lado de fora, tentavam não olhar para Eren e Levi, mas era quase impossível já que, além dos mesmos, eles eram os únicos no corredor vazio. O choro de Mikasa pode ser ouvido do lado de fora, um choro de tristeza e puro ódio.
A mãe de Eren voltou com os remédios dentro um pequeno saquinho branco, colocou os mesmos no bolso traseiro da calça jeans do mesmo e adentrou a sala onde a mãe de Mikasa estava.

Elena permanecia vendo o vídeo do acidente que havia ocorrido na noite passada enquanto perseguiam o motorista fantasma - Era como os policiais das ruas o chamavam - pelas ruas escuras da cidade, ela passava vezes e mais vezes tentando achar algum ponto naquele vídeo, mas nada era visível.
- Alguma coisa? - Luke perguntou colocando um copo de café, sem marca aparente, em cima de sua mesa.
- Nada - Agradeceu pelo café com a cabeça - Vamos ao hospital?
- Só se for agora - Ele disse pegando sua jaqueta em cima de sua mesa.
Chegaram ao hospital não muito depois, a primeira coisa que viram foi obviamente o mustang de Levi, em perfeitas condições e com a plana, ambos os policiais não desconfiaram. Adentraram o hospital.
- Por favor - Elena mostrou ao secretário seu distintivo e Luke fez o mesmo - Laila Ackerman.
- Quarto duzentos e cinco - O jovem disse e apontou para um corredor.
Elena e Luke seguiram pelo menos, 200... 203... 205. Mal conseguiram se aproximar por conta do forte sentimento pesado que o lugar estava possuindo, mas era o trabalho deles afinal de contas.
- Quem são vocês? - Luke perguntou para o jovem loiro de olhos azuis.
- Amigos - Respondeu o loiro olhando para os policiais - E vocês?
- Polícia - Mostraram mais uma vez o distintivo. Elena olhou para os outros dois jovens, um pouco mais afastados, e soube de imediato quem eram, ela não conseguia ver o rosto de Levi já que o mesmo possuía o rosto contra o peito do jovem.
- Levi Ackerman? - Perguntou ela uma vez, não houve resposta alguma. Eren olhou para ela.
- Ele não vai falar - Disse o jovem com tristeza em sua voz - Ele está calado a algumas horas.
- Trauma talvez.... - Murmurou consigo mesma e colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha - Ele está bem?
- Defina bem - A voz de Jean foi entrometida, poderia não conhecer Levi muito bem, mas sabia que quando alguém perde alguém querido e simplesmente quer manter silêncio, isso deve ser respeitado.
- Estou perguntando para ele - Ela disse sem olhar para Jean.
- E você está sendo entrometida - Zombou. Realmente, Jean não tinha medo de ser preso - Respeita ele.
- O acidente de Laila tem haver com ele - Afirmou Elena, mesmo sem ter qualquer tipo de prova.
- E o que você tem contra mim? - Finalmente Levi disse alguma coisa, sua voz estava embargada de tristeza e ao levantar um pouco sua cabeça, seus olhos avermelhados pelo choro recente se revelaram e um olhar frio foi lançado para a policial - Filmagens? A placa do meu carro? Um carro igual ao meu? O que você tem contra mim? - Fez as perguntas de forma rápida - E por que não foi atrás do Eren ou de mim depois de nos seguir por um dia todo?
- Droga.... - Ela soltou. Ele havia percebido, o que significava que ele prestava atenção em tudo a sua volta. E além disso as perguntas dele eram verdadeiras, o que ela tinha contra ele? Absolutamente nada.
- Você me faz rir - O moreno voltou a encostar a cabeça contra o peito do jovem e respirou fundo. E voltou a sua auto sentença de silêncio.
Um homem em sua melhor roupa se aproxima com uma bíblia em uma das mãos e juntamente um terço. Parou em frente ao quarto de Laila e olhou para Levi.
- Sinto muito que algo assim tenha acontecido - A voz fez Levi soltar Eren no mesmo segundo. Pastor Nick. Ele estava ali em sua frente.
- P-Pastor? - Luke perguntou e Levi deu um passo para trás - O que faz aqui?
- Fiquei sabendo que a tutora de Levi havia sofrido um acidente - Ele falava cada palavra de forma controlada, mas era aquilo o que realmente estava fazendo ali? - E o garoto trabalhou na igreja comigo por alguns anos - Ah sim claro, ótima desculpa. Levi pensou - Então resolvi dar uma pequena passada por aqui.
- Obrigado - A voz do pai de Mikasa se fez presente, o homem estava com olhos inchados e vermelhos, um rosto pálido. O homem havia trabalhado tanto durante os anos que haviam se passado, que nem ao menos desconfiou que Levi nunca havia trabalhado em uma igreja.
Elena observava o pastor com atenção, ele era estranho, e a reação que Levi possuiu ao vê-lo só comprovava isso. Ele era perigoso, e ela sabia que era hora de ver o que o gracioso pastor faz ao longo se sua vida privada e pública.
Algum tempo se passou e o pastor finalmente decidiu que era sua hora de ir, após hesitar um pouco, Levi o seguiu até a saída.
- Sabe Levi... - Começou o pastor afrouxando sua gravata - Espero que esteja ciente de que ela não vai sobreviver - O pastor permanecia sério. E Levi nada respondeu - Minha proposta de vir para o Norte ainda está de pé, sabe que pode sempre contar comigo garoto - Se afastou depois de alguns poucos segundos.
Levi voltou para dentro do hospital, viu que Eren estava sentado no chão, onde a alguns segundos atrás ambos estavam em pé, aos poucos se sentou ao lado do mesmo e colocou sua cabeça sobre o ombro do jovem.
- O que ele veio fazer aqui? - O jovem perguntou, mas de forma óbvia, recebeu o silêncio em resposta - Ok... Você não sabe - Como? Como Eren conseguia saber o que Levi estava sentindo e o que estava pensando mesmo em completo silêncio? Era como se eles estivessem conectados de uma forma estranha.
Alguns enfermeiros passaram pelos dois, olharam, mas nada disseram.
A proposta do Pastor estava parecendo mais aceitável naquele momento, tudo o que tinha a perder - Caso a tia moresse - seria Eren, e o jovem tinha uma vida inteira pela frente e mesmo se Levi quisesse fugir naquele momento, jamais iria conseguir se sustentar e teria que eventualmente vender seu precioso carro, o que estava claramente fora de questão, sua única opção plausível para proteger a pessoa mais importante em sua vida, seria aceitar a oferta e virar o cão do pastor Nick.
Elena e Luke saíram de dentro do quarto e olharam uma última vez para os meninos sentados no chão e entregou um cartão com seu número para Levi.
- Se precisar conversar - Levi pegou o mesmo e a mulher se afastou dele.
- Espero que não ligue pra ela - Eren falou e pegou o cartão da mão de Levi, que nem ao menos se importou - Eu poderia considerar isso traição - Tentou animar o moreno a seu lado, mas foi uma tentativa completamente falha. Entregou a ele de volta o cartão da mulher.
- Eren - Annie chutou o pé do garoto. O mesmo a olhou de forma curiosa - Eu vi você na escola, por que não ficou com a Mikasa? - Olhou rápido para Levi, que permanecia imóvel, como se estivesse preso dentro de seu próprio mundo.
- Annie - Começou tentando o máximo possível não se mover muito - Mikasa tem vocês, vocês a conhecem assim como eu - Olhou mais uma vez para o moreno a seu lado e soltou um micro sorriso que se desfez logo em seguida - Já ele? Ele só tem praticamente a mim, os amigos dele estão sempre ocupado e ele vive mais sozinho do que qualquer pessoa que eu já conheci.
- Mas você conhece ela a anos - Afirmou a loira.
- Acredite em mim, isso soa frio, eu sei - Fez uma breve pausa para encontrar as palavras - Mas.... Quando você amar alguém do jeito que eu amo esse cara.... Você vai entender.
- Você e suas palavras - Zombou a garota e se afastou, voltando para perto de seus amigos.
Era algo frustrante. O silêncio de Levi, e isso poderia virar um filme, ou não. Eren tentava de tudo, mas o moreno não usava qualquer tipo de palavra, apenas concordava ou discordava com a cabeça. Horas e mais horas se passaram, e estava no momento dos dois jovens irem para casa, estavam ali apenas como visitantes já que o tio de Levi não queria que o sobrinho ou a filha ficassem ali por muito tempo, e Levi só aceitou por que sabia que poderia obter informações pela mãe de Eren.
- Água - O jovem garoto entregou a Levi uma garrafinha de água quando já haviam chegado a casa do jovem. O moreno pegou a mesmo e tomou alguns longos goles, sem ao menos saber, que ali dentro, haviam dois comprimidos de calmantes triturados em meio a água, em breve ele iria dormir e Eren iria estar lá quando ele acordasse, não sairia de perto dele por um segundo sequer, iria ser tudo o que ele precisasse e iria dar tudo o que ele pedisse, por que na mente de Eren, é assim que o amor funciona. Na mente do jovem, amor só funciona se um dos dois ceder o suficiente para o outro estar feliz.

Carla chegou algum tempo mais tarde do que de costume e encontrou os jovens deitados juntos no sofá, ambos adormecidos, mesmo que não fosse o momento mais apropriado ela tirou o celular de dentro do bolso e tirou uma foto de ambos. Ela com certeza iria mandar fazer um filme com todas as imagens que já havia conseguido durante o dia.