12.0- Goiabada

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A noite anterior havia sido incrível, depois da nossa conversa na cafeteria Bruce me trouxe para casa, sem carro como ele mesmo havia dito "queria passar mais tempo comigo" sinto que estou me apegando a Bruce Walker cada vez mais, o que pode não ser algo bom considerando o fato que ele não irá ficar em Campo Florido para sempre.

— Eu trouxe goiabada, você parece estar meio triste então como sei que você gosta.— Meu pai avisou enquanto colocava a goiabada em cima da mesa.

— Obrigada pai.— Sorri e agradeci, meu pai possui esse dom de notar quando eu não estou me sentindo bem.

— Por que essa carinha tão triste?

— Algumas coisas no trabalho, não é nada demais.

Tentei me justificar mas meu pai não parece ter acreditado na minha explicação.

— Me engana que eu gosto Ana Júlia.

Soltei uma risada e meu pai revirou os olhos, ele se levantou da mesa e caminhou em direção ao segundo andar.

O que eu estou fazendo comigo mesma? Estou me apaixonando por duas pessoas ao mesmo tempo e não consigo flertar com nenhuma das duas sem querer sair correndo, ou seja, resumindo eu estou ferrada. Ainda mais na questão Bruce Walker, não posso gostar dele até porque ele não vai ficar aqui para sempre.

Somente até o fim do ano.

Mordi um pedaço de goiabada que é um dos meus doces preferidos, se alguém estiver me observando agora irá me achar completamente maluca, até porque eu estou comendo olhando para um ponto fixo da parede sem mover um músculo, estou apenas perdida em pensamentos.

Eu preciso sair de casa, conhecer pessoas novas, não posso colocar todas as minhas expectativas em Pedro Muniz ou Bruce Walker, caso eu faça isso no final eu provavelmente irei estar chorando sozinha no meu quarto com a luz apagada enquanto escuto Over Again da One Direction. Sendo assim, depois que chorar pelos meus fracassos amorosos irei me debulhar ainda mais em lágrimas pelo fim da banda.

Ok, espero não estar sendo extremamente dramática.

Ok, espero não estar sendo extremamente dramática

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— Você está sendo extremamente dramática!

— Não estou não!

Cruzei os braços e olhei para Carol em repreensão. Não acho que estou sendo nenhum pouco dramática, talvez só um pouco, mas não alcanço os extremos.

— Não quer dizer que você está apaixonada pelo cara do milk-shake e o seu vizinho ao mesmo tempo!— Carol revirou os olhos. — Anajú acorda, os dois são extremamente gatos óbvio que você vai se sentir atraída pelos dois, mas isso não significa que esteja apaixonada pelos dois!

— Então você acha que eu não estou apaixonada?

— Não pelos dois. Quer dizer, você provavelmente ainda sente algo por Pedro, superar não é tão fácil assim. Todavia, ouvi dizer pela sua própria boca que Bruce é muito bonito, então, é fácil de sentir confusa, você também deve sentir algo por ele.

Ah. Então eu provavelmente estou apaixonada por um dos dois mas não sei qual? Isso é ridículo! Obviamente eu perceberia qual dos dois eu gosto mais. Além disso, o argumento de Carol apenas me ajudou a alimentar a ideia na qual me apaixono pelos dois.

— Isso não é possível Carol, eu saberia de quem eu gosto mais!

— Por incrível que pareça você não sabe, qual beijo você gostou mais?

— Na verdade...— comecei a falar mas não consegui terminar, estava envergonhada.

Certo, talvez Carol não imagine que eu não tenha beijado nenhum dos dois e que ainda me esquivei de possíveis beijos, acho melhor eu não comentar sobre essa última parte.

— Você não beijou nenhum dos dois?—Indagou confusa, balancei a cabeça em sinal de negação e Carol bufou.

— Não, eu não beijei.

— Agora complicou. Anajú você deve gostar mais de algum ou então talvez você não goste de nenhum dos dois.

Só espero que a segunda suposição esteja certa. Eu "gosto" de Pedro Muniz desde o ano passado, já Bruce eu conheço a muito pouco tempo, provavelmente eu possa estar "encantada" por Bruce Walker o que não é nenhum pouco difícil de acontecer. Na verdade, talvez eu ainda goste de Pedro Muniz, mas quando Bruce fica um tempo sem aparecer no café eu já sinto a sua falta e isso não acontece com Pedro Muniz, já tem alguns dias que não o vejo, e digamos que quase não conversamos depois do ocorrido na cozinha.

Talvez eu realmente goste mais de um, só preciso descobrir quem.

Você tem alguma teoria?— perguntei esperançosa.

— Como assim?

— De quem eu goste mais.

Carol arqueou a sobrancelha esquerda e me observou curiosa, conheço esse olhar e não gosto dele nenhum pouco.

— Achei que a minha teoria não fosse possível Ana Júlia Lessa.

— Da para você parar de enrolação e falar logo?

Nessa altura da conversa, acho que já me estressei demais, só espero que ela tenha alguma solução para isso tudo.

— Tenho, na verdade eu já sei quem.

Respirei aliviada, talvez ela tenha conseguido perceber algo que eu mesma não consigo e isso seria a solução dos meus problemas, não que eu ache que eu vá escolher um dos dois e seremos felizes para sempre, só quero ter uma noção mais clara do que estou sentindo.

— Ah que bom! E quem você acha que é?

— Ana Júlia, isso você vai ter que perceber sozinha, quando for a hora.

— Mas...

— Só tenta não se cobrar tanto de uma solução para isso tudo, até porque não existe realmente uma, você vai descobrir sozinha.

Suspirei desapontada, espero que eu não demore muito tempo para me encontrar.

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