Eu chamei Bruce Walker para a festa da Ana. Sei que não parece grande coisa, mas para mim foi um grande passo a se tomar, levando em consideração que eu nunca chamei ninguém para "sair" antes, acho que fui bem. Já faz três dias desde que voltei ao meu turno de sempre, esses horários malucos não me fizeram bem. Encontrar Bruce Walker não foi tão difícil quanto eu imaginei, na verdade, foi bem fácil. Ele passou na cafeteria durante a tarde para comprar um milk-shake de morango e eu estava no balcão.
Pedro Muniz voltou a conversar comigo, estou tentando apagar aquele dia da minha mente, não está dando certo mas irei continuar tentando, acho que Pedro está namorando com a loira da balada, pelo o que sua irmã mais nova me disse, ele está de rolo com alguém.
— Ana eu já disse que esse vestido está incrível! Você quer que eu faça o que? Beije os seus pés?— ironizou Carol.
Ela e Ana estavam em mais uma discussão. Dessa vez, Ana estava mostrando os seus vestidos para a festa e Carol não parecia nenhum pouco animada. Pessoalmente, não gostei muito dos vestidos mas como já está tudo pronto e Ana possui um gênio complicado, prefiro não opinar sobre o vestido. Acho que ele se assemelha à uma imitação de Cinderella, só que um pouco estranho.
— Eu adorei.— menti tentando ajudar Carol, e acabar o mais rápido possível com essa prova insuportável.
— Eu também acho que ficou incrível.— Ana disse um tanto quanto convencida, segurei a vontade de revirar os olhos e continuei com um sorriso forçado.
— Acho que a Carol só pode estar com inveja.Ih, lá vem.
— Inveja de você menina? Fala assim comigo de novo que eu te quebro a cara e você não vai ver festa nenhuma!
Carol e Ana começaram uma gritaria no meio da loja que me deixou extremamente envergonhada, todo mundo está olhando pra nós três. Pensei em algumas possibilidades que variavam entre esconder o meu rosto com as mãos ou simplesmente sair correndo.
Optei por uma versão moderada da segunda opção . Sendo assim, levantei e sai sem chamar atenção das duas, não sou obrigada a ouvir essas duas discutindo. Me sentei na calçada em frente à loja e comecei a olhar as minhas mensagens, me surpreendi quando vi uma de Bruce Walker.
"Oi Anajú, que tipo de roupa devo usar nesse aniversário? Nunca fui nesse tipo de festa."
" Oi Bruce, um terno é ótimo, acredite em mim também não sou familiarizada com essas festas."
Sorri, acho fofo o fato de Bruce estar em dúvida sobre o que vestir mas ao mesmo tempo, sei que toda festa termina com adolescentes bêbados enquanto dançam qualquer música, e adultos frustrados ansiosos para chegar o horário no qual ir embora não seja mais considerado falta de educação.
— Eu não aguento mais essa menina, quando essa porcaria de festa terminar, espero que ela comemore o resto da sua vida longe de mim.— Carol reclamou enquanto se sentava ao meu lado com uma expressão nada boa.
— Vocês me fazem passar cada vergonha, desculpa mas precisei sair da loja.
Carol bufou e começou a tagarelar sobre o quanto a sua irmã é uma mimada que vive no mundo da lua, não discordo, na verdade concordo com tudo o que ela disse. Se eu fosse da sala de Ana provavelmente reviraria os olhos a cada palavra que ela falasse.
— Enfim, se eu fosse o namoradinho dela, não dançaria com ela. Se bem que ele poderia não aparecer para ela aprender uma lição.
Deus me livre, isso seria o ponto de partida para a teceria guerra mundial
Em um cenário no qual esse garoto não aparece na festa, não é exagero afirmar que resultaria em um desastre. Ana iria dar um escândalo que provavelmente iria ser lembrado durante o resto de sua vida.
— Você não vai querer isso — afirmei.
— Tem razão, não vou.
Carol fez um coque em seus cabelos cacheados e bufou, espero que a sua mãe não descubra que ela abandonou a sua irmã dentro da loja, caso contrário, iria ser tanto sermão que minha amiga surtaria. Eu realmente gosto muito da mãe de Carol mas quando o assunto é mimar alguém, ela entende muito bem.
— Pelo menos vou rebolar a minha bunda até não aguentar mais nessa festinha de merda — ela murmurou.
— CAROL! SE VOCÊ NÃO ME AJUDAR EU VOU CONTAR PARA A MAMÃE!
— Você me ajuda a não matar alguém hoje?— Indagou enquanto se levantava, assenti e acompanhei a minha amiga de voltar para a loja, mesmo não suportando Ana jamais irei deixar Carol na mão, não quando o assunto envolva a maluca da sua irmã.
Ana vestiu seus outros vestidos que inclusive eram bem mais bonitos que o outro. Entretanto, não consegui mais prestar atenção quando avistei um vestido na cor cinza em um tecido com brilho.
— Uau, por que não experimenta?— Carol sugeriu.
Não tenho uma roupa ainda, então talvez seja uma boa ideia experimentar esse vestido, olhei o preço e não está tão fora do meu orçamento como imaginei mas não sei se tenho coragem de usar um vestido assim.
— Anda logo!
Carol pegou o vestido e jogou nos meus ombros me empurrando para o provador. Caramba de onde essa garota tirou tanta força?
Experimentei o vestido, nunca me senti tão bonita, caramba me sinto como se estivesse olhando a Zendaya na minha frente, tudo bem não é para tanto.
Abri o provador e observei Carol me encarar um tanto chocada, nunca havia experimentado um vestido que ficasse tão bonito. Ele é aberto nas costas e possui um decote não muito grande na frente, ele é justo mas não ao ponto de me sentir desconfortável.
— Caramba se eu fosse o cara do milk-shake arrancava esse vestido agora mesmo.
Arregalei os olhos surpresa com o comentário da minha amiga, mas realmente eu estou me sentindo muito bonita.
— Carol!
Ela começou a rir e logo em seguida listou os motivos pelo qual eu deveria comprar o vestido, já havia decido que compraria mas ouvir alguns elogios nunca é demais. Principalmente quando Carol faz como se não existisse mais ninguém escutando.
— E por último, você ficou muito gata, de verdade.
— Eu vou levar Carol.
Minha amiga sorriu e me abraçou, nunca tinha visto Carol ficar tão feliz por conta de uma roupa mas para tudo tem uma primeira vez.
— Pedro Muniz vai ver o que ele perdeu.
Revirei os olhos e não pude evitar rir, acho que Carol já pode trabalhar como coach em elevar a autoestima das pessoas.
— Só para constar, prefiro muito mais esse vestido do que aquela coisa brega que minha irmã está vestindo.
— Aceitam champanhe?— A vendedora ofereceu enquanto segurava uma bandeja cheia de taças.
Por isso amo essas lojas.
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Aromas e Cores ✓
Подростковая литератураAna Júlia Lessa ou simplesmente Anajú (como gosta de ser chamada), trabalha em uma cafeteria na cidade de Campo Florido em Minas Gerais. Acostumada com a sua rotina monótona, após o fim do ensino médio, Anajú não espera muita coisa da vida. Mesmo co...