25.0- Pão de Queijo

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Eu não fazia ideia que terminar um relacionamento poderia resultar em tanta fome. Provavelmente é porque eu estou tão entediada que não penso em mais nada para fazer. Além disso, passo metade do meu dia estudando ou trabalhando e isso parece demorar uma eternidade.

— Meu Deus o que é isso?— Indaguei desacreditada ao observar Vanessa adentrando a minha casa acompanhada do meu querido primo. — Rodrigo, o que você fez com ela?— Perguntei em um tom de repreensão.

— Eu não fiz nada!— Ele se defendeu. — Estava vindo para a sua casa e ela estava deitada na porta, com a cara toda preta de maquiagem.

Arregalei os olhos e voltei à minha atenção para Vanessa que estava deitada no sofá da sala. Respirei fundo e agradeci mentalmente em saber que os meus pais estavam fazendo uma visita aos meus avós no final de semana. Caso contrário, poderiam acabar achando que estou fazendo amizade com um grupo de pessoas sem juízo ou algo parecido.

— Você dormiu na minha porta?— Perguntei desacreditada e Vanessa apenas assentiu murmurando algo inaudível.

— Seus amigos são muito estranhos. Exceto aquela do cabelo cacheado que praticamente mora aqui — sorriu presunçoso me fazendo revirar os olhos — Tudo bem, não vou falar mais disso na sua frente.

— Obrigada.

— Olha! Pão de queijo!— Rodrigo apontou para o café da manhã que estava em cima da mesa.

— Ainda bem que você mesmo já se convidou — ironizei caminhando em direção a mesa e servindo um copo de suco para ele que praticamente estava agindo como um morador daqui.

— Anajú! Isso aqui é congelado!— Afirmou com uma certa indignação na voz enquanto tentava mastigar um pedaço de pão de queijo. — Achei que era caseiro!

— Eu nunca fiz um pão de queijo na minha vida. É bom que você já começa a treinar, ninguém da capital perde tempo fazendo pão de queijo — bufei. — E os meus pais saíram, então pega leve.

— As pessoas hoje estão cada vez mais preguiçosas — afirmou.

— Você nem faz nada — rebati recebendo uma carranca de Rodrigo como resposta.

— Não liga para ela!— Vanessa disse com a voz embargada. — Ela está triste porque terminou com o namorado!— Completou antes de começar a resmungar sobre outro assunto.

Respirei fundo e anotei mentalmente que deveria ter uma conversa com Vanessa quando ela estiver em condições normais. Nem ao mesmo cheguei a contar que estava namorando, então falar do meu relacionamento falido poderia ser muito humilhante. Principalmente após receber o olhar de choque de Rodrigo, como se isso fosse algo impossível.

— Alguém namorou você?— Ele questionou boquiaberto.

— Cala a boca — repreendi revirando os olhos.

— Pedro vai dar uma festa na casa dele hoje a noite. Você deveria ir.— Rodrigo sugeriu mordendo mais um pedaço de pão de queijo. — Isso não é bom!

— Se não é bom por que está comendo tudo?— Rebati irritada. — Você obrigou ele a dar essa festa né?

— Como você sabe? É vidente ou alguma coisa assim?— Zombou. — Eu realmente sou desocupado então, estou tentando arrastar ele para essa vida inútil também. Mas uma festa vai ser legal, não é como se aqui existissem muitas coisas para ficarmos escolhendo.

— Vocês dois falam alto demais!— Vanessa reclamou se sentando na cadeira vazia de frente para mim.

Segurei o riso ao olhar para o rosto dela. Definitivamente o seu estado é deploravelmente assustador, sendo possível ver a máscara de cílios espalhada por todos os lugares, como se tivesse sido feita por uma criança de cinco anos.

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