Aromas e Cores ✓

16.0- Salgadinho apimentado

Minha mente vai explodir, estudei o final de semana inteiro, juro que se eu não acertar uma questão no vestibular desisto da minha vida. Além disso, não estou com altas expectativas mas pelo menos uma nota razoável eu tenho que tirar.

Nesse momento estou na casa de Pedro Muniz, porque a pessoa maravilhosa que meu primo Rodrigo é decidiu passar a semana inteira aqui até a festa de Ana chegar. Rodrigo havia me ligado o dia inteiro me chamando para a casa de Pedro, tive vontade de matar ele quando me ligava cinco vezes seguidas enquanto eu estava estudando Física, ele estava pior do que operadora de telefone.

— Quantos anos Ana está fazendo mesmo?

— Quinze mas ela não é para o seu bico Rodrigo.

Meu primo bufou e se jogou no sofá, achei que depois de ter visto Pedro na balada com aquela garota ficaria extremamente sem graça em estar aqui mas meu primo fala tanto que encontrei algo pior para me irritar.

— E aquela sua amiga? Carol? Ela está solteira? Acho ela uma gracinha.

— Se continuar falando desse jeito você vai ficar estéril — afirmei em um tom ameaçador.

Pedro Muniz segurou a risada enquanto meu primo revirava os olhos, mas o silêncio durou pouco já que logo depois ele começou a citar os motivos pelos quais eu sou insuportável.

Uma semana passa rápido Anajú.

— Se você não calar a boca, vai ficar sem prima para conversar.

— Como você é chata.

Passamos a tarde inteira assistindo alguns filmes idiotas que Pedro e Rodrigo juravam ser incríveis, estava quase dormindo na maioria deles mas consegui ficar acordada. Estava sendo até que bem legal, por um momento até esqueci que "enchi a cara" por conta de Pedro Muniz, às vezes me pegava pensando se ele está namorando ou se era uma ficante, enfim, acho que não é da minha conta.

— Vou pegar salgadinho na cozinha.— Rodrigo anunciou.

Ah droga.

Tudo estava dando certo porque Pedro e eu não ficamos sozinhos um minuto desde que chegamos aqui mas agora não sei como agir, nunca pensei nisso mas espero que Rodrigo volte logo.

— Está tudo bem? Você parece um pouco distante Anajú.

Engoli em seco e forcei um sorriso, não posso parecer esquisita agora.

— Por que não estaria? É porque Rodrigo fala tanto que nem acredito que tenho um momento de silêncio.

Pedro gargalhou e assentiu concordando. Instantes depois Rodrigo apareceu reclamando que não gostava de salgadinho apimentando, ele e Carol seriam um casal perfeito pena que um dos dois provavelmente iria morrer.

— Hoje você está reclamando de tudo em Rodrigo, se não tivesse pra onde ir te expulsava da minha casa.

— Na verdade tem a casa da Anajú.

— Se depender de mim vai dormir em alguma calçada qualquer.

Rodrigo bufou e Pedro começou a rir descontroladamente. Pode parecer que não gosto muito de Rodrigo mas é só implicância mesmo, apesar dele ser extremamente chato adoro o seu jeito extrovertido e reclamão.

Meu celular começou a tocar, olhei para a tela e revirei os olhos quando percebi que era uma chamada a cobrar de Carol. Atendi à contragosto, sentindo uma breve vontade de morrer quando escutei a musiquinha.

— Você tem um minuto.

Me levantei e caminhei em direção ao canto da sala, não dá para escutar nada com Pedro e Rodrigo conversando como se estivessem segurando um microfone.

— Eu preciso da sua ajuda, esqueci de comprar um presente para a minha irmã, agora estou andando desesperada pelo Shopping enquanto procuro alguma coisa cara para aquela idiota.

Bufei quando Carol começou a falar descontroladamente, com certeza a chamada acabou passando de um minuto, não quero nem ver o meu saldo de créditos depois, ainda vou matar a minha melhor amiga algum dia.

— Onde você está?

— Em uma joalheria no shopping é a única que tem aqui.

— Estou indo mas você me deve uma.

Desliguei o telefone e fui me despedir dos meninos que por sua vez me olharam um tanto confusos.

— Eu tenho que encontrar com a Carol no shopping, ela esqueceu de comprar um presente para a sua própria irmã.

Rodrigo começou sorriu de canto. Prefiro nem imaginar o que se passa na mente dele nesse exato momento, afinal, esquecer um presente é algo que Rodrigo definitivamente faria. Logo, deve estar imaginando como ele e Carol poderiam formar um "casal perfeito".

— Caramba, eu adoro essa garota.

— É, já percebi.

— Te acompanho até a porta.— Pedro se levantou e me acompanhou até a saída.

— Até mais — acenei rapidamente.

— Até.— Pedro sorriu, me direcionei até a minha casa e ele ficou na porta enquanto eu atravessava a rua.

Carol você me deve uma.

Me arrumei o mais rápido que pude enquanto recusava as ligações de Carol, nunca vi minha amiga tão desesperada, aposto que se a sua irmã descobrir que ela esqueceu de comprar o seu presente irá dar um escândalo.

Peguei um carro de aplicativo, não demorou muito tempo e já estava no shopping. Avistei Carol com um semblante nervoso enquanto estava de braços cruzados na portaria.

Caminhei até ela e percebi quando suspirou aliviada no momento em que me avistou.

— Graças a Deus, vamos, ainda temos um longo dia pela frente.