20.01- Suco de Graviola

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— Você está me dizendo que ele não queria nada com você, e agora ele não para de te encarar?— Carol perguntou em choque.

— É exatamente isso.

Minha melhor amiga bufou e sussurrou algum palavrão. Carol estava indignada que Pedro Muniz praticamente me ignorou. No entanto, agora que eu finalmente estou me acertando com alguém, decidiu começar a me encarar.

— Anajú, você não vai dar bola pra esse cara, escuta o que eu estou te falando. Pedro Muniz é roubada.— Vanessa alertou enquanto bebia um gole do seu suco de graviola.

Decidimos comer alguma coisa no shopping já que era feriado e a cafeteria iria abrir em horário reduzido, que ficaria por conta de Rafael.

— Se eu pudesse socava a cara dele. Estou te dizendo, não confie em homens. Eles não prestam.— Vanessa disse convicta e Carol assentiu.

Não sabia que elas agora tinham um ódio mútuo por homens, mas é plausível, na maioria das vezes eles estão sempre fazendo alguma coisa errada mesmo. Inclusive, Pedro Muniz que magicamente decidiu que eu valia o seu precioso tempo, e agora não paro de pensar nisso, eu acho que eu nem gosto mais dele, acho não, tenho quase certeza, mas ainda assim fiquei surpresa.

— Isso por acaso tem alguma coisa haver com o Rafael?

— Não eca, não temos nada sério, mas se tivermos em uma festa sobrando fazemos companhia um para o outro, é mais fácil para o Rafael do que para mim, eu infelizmente sou vítima do castigo que é gostar só de homens, ele não.

— Entendi. Por exemplo, o Rodrigo não para de dar em cima de mim, ele é legal às vezes mas tenho vontade de dar um soco. Pelo menos ele é engraçadinho.

— Eu acho ele tão bonitinho, qual é Carol!

— Fica para você então.

Revirei os olhos e dei um gole no meu suco de graviola. Estava começando a achar que Carol e Rodrigo seriam inimigos que no futuram acabam se apaixonando, eles não paravam de falar um do outro nem por um minuto, já estava ficando irritante.

— Pega ele e tira essa dúvida.— Vanessa disse incentivando a minha melhor amiga a sair com Rodrigo que por sinal é meu primo.

— Não, credo! Vamos mudar de assunto? A Anajú que está praticamente namorando e nunca fala nada. Cadê o Inglês bonitão?

— Inglês bonitão? Não me diz que vocês estão chamando ele assim agora? Pelo amor de Deus, que coisa mais brega!

— Que fofa, ela já está até protegendo o namorado.— Vanessa ironizou me fazendo bufar.

Eu gosto de Bruce Walker, eu realmente gosto mas sei que pode ser difícil, ele não vai ficar em Campo Florido para sempre, e pelo que parece não vai ficar nem até o ano que vem, não quero me apegar muito e saber que não vai dar certo, não sei se conseguiria manter um relacionamento com alguém morando em outro continente.

— Não estamos namorando. Ele não me pediu em namoro, então não estamos.

— Não pediu ainda mas não vai demorar muito para acontecer, estou te falando!

Sorri sem mostrar os dentes e decidi não falar mais nada, é melhor esperar e ver no que tudo isso vai dar. Até o momento havíamos nos beijado e tivemos um encontro extremamente incrível, parece bom para mim.

— Ana Júlia tá namorando!— Vanessa comemorou sorrindo no estilo quarta série o que me fez soltar uma gargalhada.

— A quarta série que habita em mim saúda a quarta série que habita em você.

Vanessa sorriu e se abaixou fazendo uma reverência.

— Todos somos conectados pela quarta série.

— Falando em quarta série, a Anajú vai ficar mais velha daqui a pouco, seu aniversário está chegando!

— O que isso tem haver com a quarta série?— Vanessa indagou confusa.

— Ah cala boca!

Sorri e revirei os olhos. Fazer vinte é estranho, como Vanessa disse um dia estamos na quarta série e no outro já estamos fazendo vinte anos e sem perspectiva nenhuma para onde ir, afinal eu ainda preciso fazer o vestibular e isso me assusta mais que qualquer outra coisa, e não pretendo trabalhar na Aromas e Cores para sempre, com certeza não pretendo.

— Vinte aninhos. Daqui a pouco você já vai ser avô.

— Vira essa boca pra lá!— exclamei torcendo o nariz.

Continuamos conversando a tarde inteira. Às vezes o meu aniversário acabava vindo a tona, mas na maioria das vezes o nosso assunto era sobre Carol e Vanessa reclamando da vida amorosa, ou então, Carol reclamava de Ana. Voltamos para casa horas depois e eu simplesmente me joguei na cama, extremamente cansada, por motivos que eu não sei já que só fiquei comendo e não andei muito.

Talvez pensar no vestibular tenha me deixado cansada, é estressante demais, misturado com Bruce Walker e Pedro Muniz, eu chegava a parecer um caso perdido, nos estudos e no amor, mas principalmente nos estudos.

Peguei o meu celular e percebi que haviam várias mensagens de Bruce que eu acabei não vendo. Respirei fundo e abri a nossa conversa.

Oi, será que poderíamos sair amanhã, como em um encontro?- Bruce

Se você puder te busco às oito horas, me responde quando puder, até mais.- Bruce

Tipo um encontrou? Gostei da ideia, te espero amanhã.- Anajú

Bloqueei a tela do meu celular e respirei fundo, a ideia de que pelo menos a minha vida amorosa estava de alguma maneira dando certo me fez sorrir. Sorte em uma coisa, azar em outra. A ideia de não me apagar a Bruce Walker está ficando cada vez mais difícil, principalmente porque ele é sempre tão legal. Provavelmente até o fim do ano já vou estar gostando dele mais do que deveria, provavelmente não, com certeza. Essa era uma missão impossível e eu tenho que aceitar isso.

Decidi parar de pensar em Pedro, por mais que ele ficasse me olhando sem parar durante uma noite inteira, eu quase não sinto mais nada por ele, e seria assim até o final do ano. Nada de voltar a gostar de Pedro Muniz. Afinal, estou com a mente em Bruce Walker o tempo inteiro e isso provavelmente não vai durar o quanto eu gostaria.

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