Capítulo 7

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Eduardo narrando:

Era por volta da uma da tarde quando cheguei da escola naquele dia, meus pais ainda não haviam chegado do trabalho, bom pelo menos era o que aparentava, a casa estava silenciosa e ao chamar por eles não tive resposta, parecia não haver ninguém naquele lugar. Um belo aroma tomava conta do local vinha da cozinha e tinha cheiro de uma comida deliciosa. Me deixei seduzir pelo cheiro e joguei a mochila no sofá, caminhei até a cozinha e me deparei com Daniela mexendo um grande tacho.

— Que cheirinho bom é esse, Dani? — falei me aproximando do fogão.

— Estou preparando um ensopado para o almoço, o cheiro da comida tá ótimo mesmo, mas você por outro lado — direcionou sua mão até o nariz.

— O que tem de errado comigo?

— Sério, Eduardo? Não se faça de tonto e vá agora pro chuveiro! O que fez pra suar tanto?

— Era aula de educação física, não percebeu pelos meus trajes?

— Percebi sim, mas pensei que você pudesse, sei lá, ter passado em um lixão antes.

— Hahaha engraçadinha — fiz uma careta para ela

— Garoto, esse seu mal cheiro está tomando conta da cozinha, vai logo pro banho — ordenou

Tirei minha regata e a amassei como fazendo uma bola, ela já imaginando o que eu iria fazer, caminhou até a porta que ligava a cozinha e a área de serviço e puxou uma vassoura, eu comecei a gargalhar sem parar e me fazer de desentendido.

— Pra que essa vassoura, mulher? 

— Serve para varrer e também para me defender, agora sai daqui logo, vamos, vamos, deixe-me trabalhar em paz — caminhou atrás de mim até eu está fora daquele cômodo.

Coloquei minha regata no ombro e realmente nem eu mesmo estava por aguentar meu próprio cheiro masculino, tomei uma ducha rápida, escutei a tranca da porta da frente se abrindo, com certeza meus pais haviam chegado, sequei-me, porém meu cabelo molhado ainda fazia escorrer algumas gotas pelas minha costas. Peque a primeira bermuda que avistei no guarda-roupa e a vesti, desci as escadas o mais rápido que pude, ainda descalço e com toalha nos ombros.

— Mãe, pai, que bom vê-los! Estava esperando para almoçarmos juntos.

— Que bom que nos esperou, temos uma novidade para lhe contar — direcionou o olhar para meu pai e abriu um sorriso.

— Deixem de suspense, agora estou curioso

— Vamos para mesa então — falou minha mãe 

Caminhamos até a mesa e mamãe chamou por Daniela, ela trouxe o ensopado e o pôs no centro da grande mesa redonda, as outras comidas também foram postas por ali perto, quando Dani saiu da sala de jantar, onde geralmente comíamos, eu comecei a insistir no assunto de minutos atrás.

— E então… que novidade seria essa? 

— Eu disse pra sua mãe segurar a língua e não falar nada pra você ainda, agora você vai ficar curioso até o fim de semana. — disse meu pai.

— Isso não é justo, pra que tanto mistério? 

— Saberá em breve filho, não se preocupe — minha mãe me consolou.

Ao terminar o almoço, subi para meu quarto e lá encontrei uma roupa dobrada sobre minha cama, eu não entendi porque só aquilo estava ali, então peguei e já estava caminhando até o guarda-roupa, quando minha mãe apareceu de repente na porta, me assustei um pouco pois não esperava aquilo.

— Vejo que já viu a roupa que irá vestir, o motorista vai estar esperando por você.

— Eu não estou entendendo, para que exatamente eu tenho que vestir essa roupa e para onde ele vai me levar?

— Marquei horário com uma pessoa para lhe ver e está quase na hora, vista-se rápido! — ordenou.

— Você vai comigo? — perguntei

— Não estava nos meus planos, mas tenho esse horário livre caso queira companhia.

— Vai ser ótimo se você for, seja lá pra onde.

— Estou esperando lá embaixo, não me faça mudar de idéia.

Assim quando ela fechou a porta, comecei a trocar de roupa, eu nunca vi minha mãe ser tão fria comigo, pareceu que estava segurando algum sentimento ou descontando em mim algo que eu não tinha nada haver. Meus pais são bem conservadores, mas nunca me privaram de nada, eu sou o oposto deles, gosto mais dos tempos modernos e vivo como um adolescente da atualidade que não perde uma festa. Seja lá para onde eu estava prestes a ir, não parecia ser algo divertido, ela nunca exigiu nada de mim como fez hoje, o que será que está acontecendo? 

Vesti-me rapidamente como ela pediu e desci, fomos até o carro e o motorista nos levou até um lugar bem conhecido, um lugar que eu não gostava de ir, principalmente com minha mãe, estávamos no shopping, odeio sair para fazer compras, principalmente com ela que não tinha fim para escolher algo. Revirei os olhos ao avistar o local e a encarei pele retrovisor, não falei nada.

Chegamos em uma loja diferente das que ela ia comumente, era loja de roupa social masculina, eu particularmente achava todas aquelas camisas iguais, exceto pelas cores, mas fora isso nada mais mudava. Eu já tinha diversas camisas daquele estilo, mas por algum motivo ela insistiu que comprássemos outra.

Fui rápido na escolha, peguei uma de cor clara, um azul bem claro, quase como lilás, também compramos um jeans escuro e um cinto, minha mãe insistiu que eu me trocasse diversas vezes, no fim eu olhei para ela e disse com autoridade que seria a que eu havia escolhido em primeiro momento, ele concordou e sorriu de canto, tentando manter sua posição fria e firme, porém falhou quando avistei aquele sorrisinho ambíguo, em troca recebi um aceno com a cabeça significando um sim.

Ao chegar em casa, depois das compras fui para meu quarto, recebi o lembrete no meu celular sobre a aula de violão que tenho todas as quintas e comecei a afinar o instrumento, meu celular tem uma agenda com todos os meus compromissos anotados, pelo menos os que se repetem semanalmente. Enquanto mexia nas cordas do instrumento comecei a refletir que eu não precisava mais daquelas aulas, eu já sabia tocar piano, flauta e agora violão, mas meus pais ainda insistiam para que eu fizesse.

Tive a brilhante ideia de me apresentar para minha família e meu professor, quando ele chegou em casa teve de concordar com a ideia que tanto insisti. Todos sentaram-se no sofá da sala, eu no entanto sentei-me na poltrona de meu velho. Decidi tocar uma música que todos tinham o conhecimento e se eu me saísse bem poderia acabar com meu público cantando junto. Escolhi a música 'yourself' do Justin Bieber, comecei a cantar e tocar ao mesmo tempo, meu inglês não era tão fluente, mas eu conhecia aquele letra de cor.

No fim recebi aplausos e sorriso, o professor me parabenizou e foi embora, minha apresentação tinha servido como aula. Após o homem ultrapassar a porta, meu pai veio falar comigo e aproveitei a oportunidade para pedir suspensão dessas aulas.

— Pai, o senhor acha que preciso de aulas ainda?

— Claro, cada dia um novo aprendizado, mas você tá evoluindo, gostei bastante da apresentação.

— Obrigado, mas eu acho que já sei o bastante e também preciso de mais tempo para estudar conteúdos escolares.

— Sério? Lembra de uns dias atrás que sugeri para que estudasse e você escolheu jogar vídeo game? Eu não vou te dar mais tempo livre, mente vazia é oficina do diabo, não vou deixar que você gaste seu tempo com coisas que não sejam produtivas e promissoras para o futuro.

— Substituta por outra aula então, ou até mesmo um reforço escolar, sei lá… não quero mais aulas de violão, pois não tem sentido eu aprender algo que já sei!

— Vou ver o que posso fazer, filhão. Agora deixe-me trabalhar, tá?

— Obrigado pai — Ele se aproximou e deu-me um beijo na testa.

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