Capítulo 29

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Eduardo narrando:

Ele estendeu a mão na minha frente e me olhou, apertei sua palma, confuso.

— Chega de suspense — disse entre risos — Esse é um homem forte, você deve ter sorte em tê-lo como pai, posso dizer que ele é tão forte quanto eu.

O doutor afastou seu jaleco e levantou um pouco da blusa, mostrando então uma cicatriz antiga.

— Sabe o que foi isso? Um tiro, achei que ia morrer, mas depois que sobrevivi percebi que eu estava agindo mal, que minha vida toda estive lutando pelos motivos errados, desde então tento a cada dia melhorar e salvar a vida do máximo de pessoas possíveis. Seu pai tem um coração forte, deve ser pelo amor que você o dá — Abriu um sorriso simpático e reconfortante.

— Obrigada doutor, por manter ele vivo e por essas lindas palavras.

— Por favor, me chame de Rodrigo. Só fiz meu trabalho, garotão.

O homem tocou meu ombro e saiu caminhando pelo corredor, eu estava surpreso demais, seu nome ecoava em minha mente, mas era impossível... seria coincidência demais… aquele médico poderia ser meu pai biológico?

Sentei em uma cadeira do corredor, atônito e tentando montar o quebra cabeça em minha mente, tudo se encaixava perfeitamente nas minhas teorias, mas eu poderia estar enganado e aquilo tudo ser somente fruto da minha imaginação.

— Eu trouxe 'refri' e salgadinhos que encontrei na máquina do corredor B — Chegou minha mãe com a comida. 

Eu não estava mais com fome então ignorei o assunto sobre comida, só estendi a mão esperando sentir o que ela comprara, descansar em minha palma.

— Dani, você pode me falar o sobrenome do meu pai, por favor? — Perguntei já desconfiando qual seria.

— Claro filho, ele é da família Mendel, mas por que o interesse repentino?

— Nada além de curiosidade — Dei de ombros.

Paralisado, olhando fixamente para parede, movi meu braço lentamente para alcançar o salgadinho, coloquei um na boca ainda com o olhar fixo na parede daquele hospital. Pensei se seria melhor contar para a mulher sobre o que havia ocorrido, hesitei algumas vezes, até ver o homem atravessar o corredor. O segui com os olhos e percebi que mamãe fez o mesmo. Ela virou para mim, parecia expressivamente assustada com o que acabara de ver passando.

— Eduardo fala a verdade, porque você perguntou o sobrenome de seu pai?

— Acho que aquele homem pode ser ele — Fui sincero.

— Você não deve achar… realmente é ele mesmo — Respondeu ela.

— Eu não sei o que dizer, não sei o que fazer com essa informação — Disse confuso.

— Qualquer que seja sua decisão eu irei apoiar.

Deixei de olhar para Dani e encarei a parede branca na minha frente, perdido em meus pensamentos, tentei absorver aquilo tudo. Se eu pudesse, voltaria no tempo e mudaria o dia de hoje, eu não queria descobrir que tinha sido adotado, não queria descobrir sobre meu pai biológico e muito menos ver o homem que me criou numa cama de hospital. Eram muitas informações e em meio a todo aquele caos que estava minha mente, consegui ver minha âncora, minha paz, sua imagem veio em minha mente e infelizmente lembrei que aquela garota não estava mais na minha vida, fui um idiota, só queria ter Lorena agora em meus braços.

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