Capítulo 5

237 31 9
                                    

Lorena narrando:

Eu estava sonhando, quando escutei uma melodia de longe, pensei ser apenas um fundo musical do sonho, então continuei a dormir. Minutos depois ouvi um barulho e uma voz chamando por meu nome, percebi que se tratava de minha mãe me dizendo que eu estava atrasada e precisava me levantar urgente senão perderia o ônibus. Costumo levantar às seis da manhã, mas naquele dia acabei por estar de pé às seis horas e vinte minutos, e por mais que eu tivesse acordado tarde, o veículo que me levaria para escola não se atrasaria.

Fui até o banheiro, me olhei no espelho e levei um baita susto, meus cabelos estavam cheios de nós, a área abaixo de meus olhos estava mais roxa que o normal e para completar havia uma espinha enorme no meio de minha testa, me arrependo de não ter limpado a maquiagem antes de dormir quando cheguei daquela festa.

Depois que saí do banho, fui até o quarto vestir meu uniforme. Ouvi passos da minha mãe se aproximando enquanto eu calçava o tênis, ela bate na porta perguntando se pode entrar(isso não é algo que acontece todo dia).

- Pode mãe, já estou quase pronta!

- Só falta agora dar um jeito nesse cabelo e nessa espinha, quer ajuda? - se ofereceu

- Pode deixar, consigo fazer isso sozinha

- falei sorrindo e levantando para abraçá-la

Quando minha mãe saiu do quarto, fiz uma maquiagem para cobrir a espinha e esconder minhas olheiras, também desembaracei o cabelo colocando bastante creme e penteando com a escova.

Desci para tomar café e não encontrei ninguém na mesa, procurei um relógio para me orientar e saber quanto tempo ainda tinha para comer, levantei as sobrancelhas, assustada ao ver que tinha menos de dez minutos para me abastecer e chegar ao ponto de ônibus que ficava um pouco distante de onde eu morava. Peguei um pão às pressas e saí com ele na boca.

Do lado de fora estava meus pais, dei um abraço neles, meu pai estava de saída para o trabalho e me ofereceu carona até o ponto de ônibus. Graças aos céus! Eu realmente precisava disso, se não teria de ir à pé e chegar atrasada na escola.

Desci do carro correndo ao ver que o ônibus se encontrava a minha frente prestes a partir, corri e consegui entrar antes que as portas se fechassem. Deu tudo certo e como de costume, o veículo chegou vinte minutos antes do primeiro sinal, avistei uma das minhas amigas sentada em um dos bancos que havia no pátio e fui falar com ela.

- Como foi seu fim de semana? - perguntou Laura esboçando um sorriso

- Até que foi legal, teve a festa da Clara e lá conheci gente nova

- Pegou alguém? - perguntou ela, sem fazer o mínimo de esforço para ser discreta

- Eu acredito que não, tinha um garoto bem gatinho e super legal lá, a gente começou a dançar depois de eu ter bebido bastante, mas suponho que não passou de uma dança. Eu não lembro do que aconteceu, quando acordei já estava em casa e de ressaca.

- Que menino era esse? Como assim não lembra do que aconteceu? Uau que loucura amiga - falou surpresa e parou por um segundo para refletir - Agora me diz, desde quando a senhorita bebe?

- O menino se chama Eduardo e eu não sei nada sobre ele, é um dos amigos do Juan. Na festa foi a primeira vez que provei álcool.

- E você se apaixonou por esse menino? Parece que gostou desse tipo de bebida, pra chegar em casa desacordada, curtiu bastante em garota.

- O quê? Não mesmo, sua louca! E mais uma coisa, nada aconteceu entre a gente, como eu poderia me apaixonar? - elevei o tom - mudando de assunto... eu nunca mais vou me colocar álcool na minha boca, agora me conta, como foi o seu fim de semana?

- Não fiz nada de interessante, só o de sempre.

O sinal tocou antes que pudéssemos continuar a conversa, encontramos o restante do nosso grupo e entramos todas na aula de inglês.

Eduardo narrando:

Era quase, seis e quarenta da manhã quando ouvi o despertador tocando, coloquei a mão para fora das cobertas e o fiz parar, levantei e fui até o banheiro arrastando o cobertor no chão até ele se desprender de mim por inteiro, dei uma olhada rápida no espelho enquanto pegava a escova, fiz minha higiene bucal e entrei no chuveiro, enquanto a água escorria por meu corpo fechei os olhos e comecei a pensar no fim de semana que tive, lembrei da festa maravilhosa, das pessoas que conheci lá, lembrei também do domingo que passei no clube, ainda estou mal com o acontecido. Eu nunca levei fora de ninguém, isso não é algo que dá para se acostumar do dia para noite, ainda mais quando a garota escolhe ficar com seu amigo.

Deixei meus pensamentos de lado por um instante, pois de um jeito ou de outro, tinha que me arrumar para escola. Sai do banho, vesti o uniforme, coloquei gel em minhas mãos e comecei a entrelaçar os dedos entre os fios de cabelos já os desembaraçando e formando um topete meio bagunçado, geralmente esse era meu visual, borrifei perfume em todo meu corpo, peguei a mochila e desci para o café da manhã.

Passava um pouco das sete da manhã quando desci, vi meus pais a mesa e decidi me juntar a eles:

- Bom dia filhão! Já está arrumado numa hora dessas?

- É pai, ontem fui dormir cedo, talvez por isso levantei essa hora

- Bom dia meu bem! Está melhor? - perguntou minha mãe.

- De que mãe? - questionei confuso

- Ontem no jantar você não falou nada, notei também que não comeu toda comida e saiu meio cabisbaixo da mesa, se não quiser me contar o motivo eu entendo perfeitamente e estou aqui para qualquer coisa... seja lá o que estava acontecendo espero que tenha passado, se sente melhor hoje?

- Sim mãe, tive uma ótima noite! Obrigado pela preocupação - falei tentando convencê-la que tudo estava perfeitamente bem - ainda está tão cedo, vai demorar muito até a hora de ir para escola.

- Vai jogar um pouco, ou sei lá, fazer alguma coisa para passar o tempo. Não tem alguma atividade para fazer ou algum trabalho? Estudar para prova, talvez? - interferiu meu pai.

- Vou optar pelo videogame - abri um sorriso ambíguo e voltei a encarar minha refeição.

Acabei de comer e caminhei até a sala, peguei o controle e me joguei no sofá. O tempo passou rápido, quando me dei conta já estava perto das oito e tive que chamar o motorista para me levar até o colégio. Cheguei lá, caminhei até a sala e fui para o meu lugar quieto, Bruno e Lucas vieram falar comigo:

- Ih mano o que foi? Você não é de ficar assim - falou Lucas estranhando minha atitude.

- Ainda tô triste com o lance do clube, e tu vacilou comigo Bruno - coloquei o dedo indicador no peito dele

- Desculpa parça, mas foi ela que me escolheu, lembra da Letícia? Naquele tempo eu tava afim dela, mas ela te escolheu e você nem ai para os meus sentimentos.

- Isso faz muito tempo já - falei baixo, recuando cada vez mais e desviando o olhar

- E daí? Doeu também, fiquei triste também, mas mulher nenhuma pode ficar acima da nossa amizade - indagou ele.

- Tá né, as bonequinhas podem parar de brigar por mina? Isso já passou e vocês têm que seguir em frente mesmo frente a adversidades - disse Lucas tentando fazer a gente parar de discutir.

No fim das contas Lucas tinha razão, era apenas uma história que ficou no passado, olhei para Bruno já me levantando da carteira, levantei a mão para bruno, e ele retribuiu em um toque e um abraço de mano. Fizemos as pazes e o garoto me falou que estava se apaixonando cada vez mais pela garota, ele merece um amor que o faça feliz.

De Repente Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora