Stop making the eyes at me

The nights at Dirty Dicks are amazing

Atravessei a avenida Liverpool até chegar em um pub chamado Dirty Dicks, teria uma entrevista para trabalhar meio período como bartender, afinal, as matérias escolares estavam ridiculamente fáceis e eu precisava mesmo de um dinheiro extra para comprar uma bola nova de basquete
-oi, sou Joe, o gerente- um homem de mais ou menos 40 anos, cabelo grisalho e meio gordo disse, ele usava uma roupa chique, mas cheirava a fritura misturado com perfume floral
-sou Mariana- disse estendendo a mão para o meu provável novo chefe que a apertou carinhosamente, seu sorriso era muito gentil
-ótimo que você veio, as duas únicas mulheres que trabalhavam aqui saíram na semana passada-
-posso saber o porquê?-
-elas foram se casar em Washington, esses jovens de hoje, casando em lugares tão ruins- respirei mais aliviada e sorri, ainda bem que foi por esse motivo que elas saíram
-ok, os meninos que trabalham no salão estão montando as coisas para o show ao vivo mais tarde, vou pedir pro Matt te mostrar como tudo funciona-
-certo, obrigada- amarrei o cabelo em um rabo de cavalo e esperei, alguns minutos depois um garoto de cabelos castanhos meio espetados, nariz grande e um rosto bronzeado chegou limpando as mãos em uma pequena toalha
-e aí? Sou Matthew-
-sou Mariana, acho que vou trabalhar aqui- disse dando de ombros antes de apertar a mão que o garoto havia estendido para mim
-vai sim, se quiser, claro- Matthew respondeu indicando com a cabeça a direção que eu deveria seguir, ele mostrou rapidamente a cozinha, onde um grupo de homens cozinhava e alguns jovens lavavam a louça em meio a risadas, tentei decorar seus nomes, mas eram muitos.

O garoto também me mostrou a parte de trás do bar e o balcão das garrafas, com uma variedade enorme de bebidas, muitas que eu não fazia ideia de como pronunciar o nome. Não era tão espaçoso, mas era bem dividido, tinham mesas de madeira que combinavam com o piso, bancos altos também de madeira, porém em um tom diferente, alguns lustres simples e um pequeno palco onde três garotos montavam o resto da sua estrutura, com luzes e uns objetos que eu não sei para que servem, pareciam um graveto só que de ferro
-aqueles ali são Jamie, Nick e Alex-
-eles também trabalham aqui?-
-sim, vai nos ver em ação hoje- não entendi bem o sentido daquilo mas concordei, afinal, podia ter sido um problema de entendimento por causa do meu inglês, as gírias e expressões novas contiuam me surpreendendo todos os dias, mesmo já fazendo um tempo que moro aqui. Matthew me contou sobre as tarefas e sobre a ótima relação com o gerente, falou do custo benefício e da liberdade que eles tinham, fiquei muito animada, iria ganhar em euro e não precisaria servir de mesa em mesa, já que trabalharia atrás do balcão preparando os drinks. O garoto se despediu com um até logo quando um dos companheiros gritou para que ele se apresasse, talvez precisassem de ajuda para montar o palco, fui ao encontro do Joe que conversava com algumas pessoas na cozinha, o cheiro da comida estava ótimo
-conversou com o Matt? Vai aceitar o trabalho?- o gerente perguntou fazendo todos prestarem atenção em mim
-olha, fui 100% convencida- respondi e todos comemoraram animados, aquelas pessoas eram loucas, já me sentia em casa.

Comecei a treinar a preparação de alguns drinks, Joe me ensinava com a maior paciência do mundo e provava todas as bebidas com a desculpa de "testar a qualidade". Algum tempo depois, fui apresentada a um garoto chamado Dave Franco que dividiria o balcão comigo naquela noite, mesmo afirmando que não era seu trabalho habitual. O garoto tinha sotaque americano e estilo de playboy típico de filmes, seu cabelo loiro estava perfeitamente arrumado em um topete e suas covinhas eram lindas, não que aparecessem muito, ele só havia sorrido uma vez e pareceu mais com um sorriso de desdém. As pessoas começaram a chegar muito mais rápido do que eu achei que aconteceria, eram muitas, sentia meu corpo inteiro tremer, não sei se consigo fazer isso, será que vou estragar tudo no primeiro dia? Meu Deus, não quero decepcionar o Joe, ele é tão legal, preciso me esforçar
-ei, bom trabalho hoje- Matthew disse aparecendo com outra roupa, uma camisa de botão xadrez, calça jeans e all star preto, seu cabelo estava ainda mais espetado para cima e agora ele cheirava a perfume amadeirado
-obrigada, Matthew- disse sorrindo fraco, acho que ele notou que eu estava nervosa, pois me deu um sorrisinho e piscou um dos olhos
-pode me chamar de Matt, relaxe e curte que as noites no Dirty Dicks são incríveis-