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Dormi pela segunda vez na mesma cama que o Alex mas dessa vez estávamos muito mais próximos, acordamos com alguns raios de sol entrando pela janela, tínhamos esquecido de fechar as cortinas. Turner passava a mão pelo meu cabelo em movimentos suaves enquanto encarava o meu rosto, eu não seria capaz de expressar o tamanho da minha felicidade naquele momento
-no que tá pensando?- perguntei para o vocalista que deu um sorrisinho
-sinceramente? eu não to pensando em nada, queria passar o dia inteiro assim-
-temos outra noite aqui- falei dando de ombros e o garoto riu
-eu sinto que falhei com o Harry- Turner disse e nós dois rimos. Ficamos mais um tempo deitados e depois fomos nos arrumar, os meninos nos esperavam no saguão do hotel
-que demora, to quase desmaiando de fome- o baixista falou irritado
-bom dia pra você também, Nick- falei e todos riram menos o baixista que cruzou os braços. Passeamos mais um pouco pela cidade e depois do almoço o dia passou em um piscar de olhos, mais pessoas assistiram ao show de hoje e distribuímos mais álbuns autografados. Apesar de estarmos cansados, Matt nos convenceu que deveríamos comemorar e fomos para um tipo de bar que eu nunca tinha visto. Todos os garçons e funcionários estavam vestidos como monstros e tocavam vários sucessos dos anos 80
-imagina se o Joe nos vestisse daquele jeito- Nick disse risonho
-o Jamie ia se demitir na primeira noite- Matt completou e os dois gargalharam
-vocês são chatos, eu não reclamaria- o guitarrista tentou se defender e eu e o Alex nos juntamos aos outros membros que riam
-você tá muito feliz pra quem vai ajudar o Matt a colocar as malas no carro- Jamie disse empurrando o vocalista, Matthew e Alex haviam perdido uma aposta feita no dia anterior e levariam todas as malas para o carro
-merda, tinha esquecido- Cook colocou as mãos na cintura e riu. Nos despedimos e eu voltei sozinha para o quarto, tomei um banho e vesti uma camisa cinza do Alex junto com meu short do pijama. Peguei meu celular que havia ficado no hotel o dia inteiro e vi inúmeras mensagens e ligações da minha família e da minha host family, comecei a ouvir os áudios e o tom de voz do meu pai fez meu coração disparar
-filha, eu sei que está viajando e realmente queria esperar que você chegasse para termos essa conversa mas preciso falar logo para que você se organize o quanto antes... houve um... problema com seu passaporte e você não pode ficar aí de maneira irregular, precisa voltar para casa... quando ouvir isso me liga, certo? eu te amo- respirei fundo algumas vezes e dei play novamente no áudio, não podia ser verdade, houve um engano? só pode ser isso, meu passaporte? mas o que tem de errado? voltar pra casa? mas falta muito tempo para acabar tudo eu... não posso ir agora. Meus olhos se encheram de lágrimas mas eu não iria chorar, tudo daria certo, preciso pensar com clareza e resolver... se eu voltar como vai ser? sem minha host family, sem meus amigos e sem o... Alex. As lágrimas começaram a cair descontroladamente pelo meu rosto, precisava me controlar e solucionar isso com a cabeça limpa mas sempre que eu estava me acalmando o Alex aparecia nos meus pensamentos e eu desabava novamente
-nunca vi tantas malas na vida, parece que elas se multiplicavam sempre que a gente colocava no carro... M?- passei a mão sobre os meus olhos para secar as lágrimas, Turner me olhou com surpresa e veio sentar ao meu lado
-tá tudo bem? o que aconteceu? tá sentindo algo?-
-eu... Alex, eu... não posso... te contar agora- falei tentando segurar o choro e falhando, sentia que quanto mais eu falasse sobre isso mais real ficaria. Eles não precisavam saber, eu resolveria tudo e depois poderíamos rir de toda essa situação
-tudo bem, mas eu posso ajudar com algo?- assenti com a cabeça e ele chegou mais perto, o abracei voltando a chorar ainda mais. Alex retribuiu falando que estava tudo bem mas não, tudo estava desmoronando bem na minha cabeça.

Stop making the eyes at meOnde histórias criam vida. Descubra agora