Just let me know

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Dormi por pouco tempo naquela noite, Alex acordou algumas vezes para checar se estava tudo bem e eu concordava na esperança de que ele pudesse dormir, devia estar muito cansado. No dia seguinte, fiz o melhor que pude para disfarçar o rosto inchado e vermelho do choro e tentei agir naturalmente, Turner segurou minha mão o caminho inteiro e aquilo apenas aumentou minha vontade de chorar. Chegamos antes das oito da manhã em casa, minha host family me esperava na sala, todos pareciam tristes, menos a Juliet, óbvio
-oi, Mary, sentimos sua falta- Dayse falou e eu mordi meu lábio para segurar as lágrimas
-eu... vou ter mesmo ir pra casa?- Harry indicou o sofá para que eu sentasse
-a empresa que estava cuidando do seu intercâmbio aplicou um golpe, não sabemos ainda o que aconteceu mas eles também destruíram registros de passaportes e contratos então é como se você estivesse aqui ilegalmente-
-mas... eu estou matriculada e trabalho-
-sim, isso também é problema, se denunciarem para as autoridades você é deportada- Juliet deu ombros e depois fingiu uma cara triste, respirei fundo
-o que eu vou fazer, Harry?-
-você vai pro Brasil até tudo se resolver e depois volta, sabe que sempre será bem vinda nessa casa-
-quando eu tenho que ir?- perguntei com a minha voz embargada
-você precisa resolver as coisas no seu trabalho e com a sua matrícula, fora se despedir...- comecei a chorar novamente e a Dayse me puxou para perto dela
-mais tarde conversamos sobre essas coisas, vá descansar- concordei e desci as escadas, Romeu ficou muito animado ao me ver mas logo baixou a cabeça, eu não sei como mas ele simplesmente sentia quando eu estava mal. Deitei no chão do meu quarto ao lado do dálmata e só chorei pelo resto do dia, não estava preparada para me despedir, o que eu falaria? O caminho para a escola foi silencioso, Bejamin tentava me animar mas quando viu que não adiantaria ele parou. Enquanto esperava para conversar com o diretor tentei pensar em como falaria com os meninos, eu realmente pensei que pudesse resolver e depois apenas rir dessa situação toda mas isso não iria acontecer, talvez o melhor fosse manter isso em segredo e aproveitar o tempo que me restava aqui
-tão me esperando pra limpar é?- falei entrando no Dirty Dicks, os meninos estavam apoiados na mesa de sinuca conversando, Alex me olhou surpreso mas depois sorriu
-claro, você tá atrasada- Jamie disse jogando um pano para que eu pegasse
-seu relógio que tá errado, Cook- falei dando língua para o garoto que se juntou a mim no balcão, os outros membros do Arctic Monkeys se espalharam para limpar o salão
-ei, que bom te ver bem, você não respondeu minhas mensagens, fiquei preocupado- Turner falou vindo limpar perto de mim
-desculpa, eu tirei o dia para descansar ontem-
-mas o que aconteceu... digo, você tava chorando e... foi algo que eu fiz?- ia negar quando o Joe apareceu do nada pedindo que eu fosse na sala dele
-que tal você jantar na minha casa hoje? a gente aproveita e conversa- Alex perguntou e eu concordei dando um sorriso para tranquilizá-lo. Ajudei o Joe com seu computador travado e aproveitei para dizer que precisava ter uma conversa séria com ele, fiz o gerente prometer que não contaria nada para os meninos por enquanto e ele fez que sim com a cabeça. Tentei explicar toda a situação e quase comecei a chorar novamente, mordia com força o meu lábio para que as lágrimas não surgissem, Joe ouviu tudo em silêncio apenas assentindo para me encorajar a continuar
-olha, tudo vai ficar bem e você volta, vai ter sua vaga aqui no Dirty Dicks esperando por você-
-obrigada, Joe, você não sabe como eu amo isso daqui- falei sincera
-eu sei sim, você é uma garota especial e tudo que faz é com muito amor, vamos sentir sua falta mas eu tenho certeza que você voltará logo-
-pode apostar, assim que tudo se resolver eu estarei de volta- abracei o gerente que retribuiu com seu famoso e acolhedor abraço de urso. Voltei para o salão, dividi o balcão com o Matt aquela noite e ele estava especialmente engraçado, o que me ajudou muito a esquecer tudo aquilo por um tempo
-M, quando a gente tiver uma turner ou sei lá, você acha que sua host family te deixaria ir?- o baterista perguntou enquanto me passava um Sex on the beach para que eu adicionasse gelo, engoli em seco e forcei um sorriso
-ah, acho que não, não sei como o Harry me deixou ir pra Leeds-
-a gente vai na sua casa pedir permissão, ele não resistiria ao meu charme- Matt disse mexendo as sobrancelhas e piscando um dos olhos. No fim do espediente eu me despedi dos meninos e fui esperar o Alex na entrada, o vocalista apareceu usando o casaco da adidas que eu tinha dado para ele e meus olhos se encheram de água, droga, eu não podia chorar
-avisou ao Harry que ia jantar comigo? quero manter a imagem de bom garoto- Alex disse em tom de piada e eu apenas concordei com a cabeça baixa, andei em direção a rua com o Turner me seguindo sem entender o que havia acontecido. O caminho até a sua casa foi silencioso, Alex pegou meu casaco e eu tirei o tênis na entrada, sua casa geralmente tinha pouco barulho mas hoje estava especialmente silenciosa
-seus pais não estão?- o vocalista negou com a cabeça
-foram a um concerto, alguma coisa relacionada a música barroca- ele respondeu dando dois tapinhas na parte livre do banco do piano para que eu sentasse ao seu lado
-eu... queria muito saber o que aconteceu aquele dia, eu desmoronei completamente quando te vi chorando... eu fui um idiota, não sabia o que fazer-
-Alex...- baixei a cabeça, eu não podia chorar
-foi algo que eu fiz, não foi? por favor, M, eu preciso saber- levantei meu rosto para encarar o garoto que parecia muito angustiado.

Stop making the eyes at meOnde histórias criam vida. Descubra agora