Prólogo.

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Kyara
Mais um tapa foi depositado no meu rosto e eu senti o sangue quente descer pelo meu nariz. Eu estava sentada, encolhida no canto da parede do quarto enquanto Ele depositava murros, tapas e pontapés sobre o meu corpo, eu só sabia chorar. em um momento de distração peguei um pedaço de madeira que ele estava me batendo minutos antes e acertei forte em sua cabeça fazendo com que ele caísse desacordado no chão, senti as lágrimas rolarem pelo meu rosto e logo a adrenalina tomar conta das minhas veias, me levantei rapidamente e peguei meu celular escondido dentro do colchão da cama, liguei pra Mariana na mesma hora.

Ligação.
- Alô? - ela atende
- Mariana, arruma o o Caíque, eu to passando aí pra buscar ele agora
- Kyara? Você tá bem? - ela pergunta eufórica
- Vou ficar se você arrumar meu filho e as coisas dele, eu to indo pra aí agora - digo pegando uma bolsa dentro do armário já arrumada e pegando um pano passando pelo meu nariz sujo de sangue.
- Tá bom, venha logo - ela diz e eu desligo.
Fim de ligação.

Sai da casa quase correndo, eram quase 2h da madrugada, peguei um táxi e fui até a casa de Mariana, ela me esperava na porta com Caíque dormindo em seu colo e a bolsa dele na sua mão, abri a porta do carro e sai do mesmo antes pedindo para o moço esperar, pego Caíque de seu colo o vendo dormir calmamente, pego a bolsa e ela beija minha cabeça me olhando logo em seguida.

- se cuida amiga, você vai pro alemão né? - assinto com a cabeça e ela sorri - se cuidem
- aceno pra ela e entro no carro.

Ele dirige até o pé do morro, desço do carro e pago o mesmo com o dinheiro que estava em minha mochila. Vejo 4 vapores parados em frente à entrada e me aproximo dele tentando passar

- opa, quem é você? posso saber? - um dos meninos fala me olhando, escondo os machucados do meu rosto com o cabelo.

- sou kyara, irmã do Matheus, por favor, me deixa subir - falo sentindo Caíque se mexer em meus braços - shhh, calma filho - embalo o mesmo em meus braços, o vapor me olha arqueando as sobrancelhas, ele pega o radinho da cintura e fala no mesmo.

- fala aí DG, tá na escuta? - ele fala, demora 5 minutos e escuto a voz do meu irmão

- é bom ser coisa importante, me acordou porra - ele diz

- tem uma mina aqui embaixo dizendo ser tua irmã - o vapor responde

- pode subir, traz ela - o tom de voz dele muda.

o vapor guarda o rádio na cintura do lado de uma arma.

- bora lá - acompanho o vapor até uma casa grande da cor branca e as portas e janelas pretas,

ele toca a campainha e logo me deixa sozinha, vejo meu irmão abrir a porta e pela primeira vez, eu levanto minha cabeça tirando o cabelo do meu rosto, ele olha para os meus machucados e logo me chama pra entrar, eu entro e fico de frente pra ele.

- me desculpa - falo num sussurro e me aproximo do sofá colocando Caíque deitado no mesmo e jogo as bolsas no chão, meu filho só tinha 2 anos, ele era tão novo e já tava vivendo tanta coisa.

- o que mais ele fazia, além de te bater? - ele pergunta com os braços cruzados me olhando

- ele me estuprou - falo e ele se aproxima de mim - me perdoa Matheus, eu precisava ficar lá, pela nossa mãe - eu falo, ele fica quieto e me puxa pra um abraço, choro em seu peito o abraçando de volta

- também te devo desculpas, você vai ficar aqui agora, quem tentar fazer qualquer coisa com você, eu juro que sou capaz de matar essa pessoa - ele diz abraçado a mim - agora vem, vou te colocar num quarto, pega meu sobrinho que amanhã eu conheço ele melhor, toma um banho e a Rafa vai descer pra te ajudar

- escutei meu nome - Rafaela, nossa meia-irmã, aparece na escada e assim que me vê ela abre a boca surpresa - kyara.. - ela se aproxima de mim e me abraça forte - vem, eu vou te emprestar algumas coisas, se sinta em casa, aqui é a sua família - eu assinto e escuto Caíque chorar - eu pego ele, vai tomar banho.

Saio da sala e subo até o quarto de hóspedes com minha bolsa e a de Caíque nas mãos, tomo um banho gelado, limpo meus machucados, pego um pijama vestindo o mesmo e vejo meu braço roxo e minha cicatriz na coxa amostra, pego uns bandaids e coloco no meu rosto, saio do banheiro vendo Caíque nos braços de Rafa e rindo para meu irmão, sorrio com isso. é, esse vai ser meu recomeço, o passado não vai me perturbar mais.

Por acaso, nós! {concluída}Onde histórias criam vida. Descubra agora