Prólogo

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Primavera

Foi muito difícil para o garoto conseguir aquela folga para ir até o Festival das Cerejeiras de Jinhae. As promoções de seu álbum iam começar em breve, e ele estava exausto, exaurido de uma rotina de ensaios, sessões de fotos e filmagens. Lógico, aquilo tudo valeria a pena, e ele estava feliz por seu trabalho, mas sentia que precisava de um pouco de descanso mental.

Ah, como ele adorava a primavera. As árvores ficavam coloridas, e tinha dado sorte de conseguir ir no dia em que estava acontecendo a queda das flores de cerejeira. O ar estava coberto pelo aroma meio adocicado e suave, e mesmo com o ruído dos turistas e a multidão de pessoas ali, ele estava mais calmo do que se sentia havia semanas.

Ficou um bom tempo parado o mais longe possível da passagem de todos, na rua das cerejeiras na Estação Gyeonghwa, para não atrapalhar os pedestres. Estava recostado na grade olhando para cima, enquanto várias flores caíam.

Não sabia ao certo o porquê de estar ali. Tinha decidido de última hora, reservando os bilhetes de ônibus e um quarto em uma pousada modesta ali perto, explicando rapidamente para sua agência que precisava fazer essa viagem.

Como se algo o atraísse até ali, embora ele não soubesse dizer com certeza. Talvez fosse a queda das flores.

Suspirou, olhando no relógio do celular. Sua volta estava marcada para dali algumas horas, mas ele não sentia que queria ir embora ainda, não quando sua viagem parecia tão incompleta. Como se tivesse algo faltando, algo que precisasse acontecer antes que ele se fosse.

Voltou à passagem de pedestres, andando calmamente, enquanto olhava para os galhos das cerejeiras acima de sua cabeça. Sentia que as cores claras das flores iluminavam seu espírito.

Resmungou quando tropeçou em algo, seus pés se enganchando em algum tipo de tecido. Se abaixou e pegou um xale de lã cor de creme, os fios trançados fazendo cócegas em seus dedos. Se levantou, olhando ao redor, tentando identificar alguém que tivesse perdido a peça.

Esticou o xale, e em uma das pontas, viu um pequeno pingente dourado costurado à um dos fios, e o aproximou do rosto, identificando uma pequena borboleta.

Balançou a cabeça e olhou ao redor, tentando encontrar alguém com quem pudesse deixar a peça, caso o dono ou a dona retornasse para buscar, mas eram apenas turistas, e ele não conhecia ninguém.

Continuou andando, olhando para a pequena borboleta, menor do que a unha do seu dedo mindinho, tentando imaginar qual a razão de um adorno tão pequeno, quase imperceptível, estar preso ali.

Borboletas não deveriam ficar presas, pensou.

Sentiu o fôlego ser roubado de seus pulmões quando esbarrou em alguém, com força o suficiente para fazê-lo cambalear. Estendeu os braços e acabou agarrando os antebraços da pessoa, tentando firmar os dois para que não caíssem.

Ao tirar a franja dos olhos, encontrou uma garota de olhos grandes e arregalados, os cabelos cobertos por flores de cerejeiras, que tinha se agarrado às mangas de seu casaco também. O menino sentiu seu corpo acender.

Ela tinha olhos lindos. Grandes, brilhantes, com uma pequena mancha dourada no olho esquerdo, curvados suavemente na direção das têmporas.

Eram os olhos mais bonitos que já tinha visto.

E ele ouviu sinos tocando.

Não se lembrava de ter visto sinos em lugar nenhum.

Desculpe menina falou, e sua voz era suave, e o garoto ouviu os sinos outra vez. Franziu o cenho. De onde vinha aquilo?

Spring Day // Butterfly: segunda temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora