28. Jamais Vu

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#EfeitoJagi

Yoongi

Woah, finalmente! — Hobi soltou assim que atravessou a porta, chutando os sapatos de qualquer jeito ao lado da sapateira na entrada antes de continuar arrastando sua enorme mala de viagem atrás de si com muito esforço, resmungando mais expressões de alívio e agradecimento conforme adentrava o dormitório.

— Lar doce lar, Bangtan — Namjoon cantarolou, tentando não tropeçar nos próprios pés ao tirar os sapatos, seguido por Taehyung e Jin hyung, que pareciam tão cansados e aliviados por estarmos finalmente em casa quanto o resto de nós.

Estávamos todos totalmente quebrados e moídos depois de mais de 12 horas de vôo entre o Havaí e Incheon, além de uma mudança brusca de fuso horário que estava deixando todos meio tontos, e eu precisei morder a língua para não soltar nenhum palavrão graças à dor de cabeça insistente que martelava meus neurônios. Não era necessário perguntar a ninguém para ter certeza que todos estavam mais do que contentes por estarem de volta, finalmente em casa, e não em um novo quarto estranho e confortável de hotel depois das longas semanas em que estivemos fora. Viajar e podermos nos apresentar eram realmente grandes privilégios que nenhum de nós deixava de reconhecer, mas algumas coisas não podiam ser comparadas à sensação de pisar com os pés descalços em nosso próprio lugar.

Puxei minha mala atrás de mim depois que Jimin e Jungkook entraram à minha frente, também largando os sapatos perto da porta, e inspirei fundo ao finalmente ser rodeado pelas paredes familiares e pelas luzes fracas da nossa sala de estar, absorvendo silenciosamente o ambiente perfeitamente organizado como havíamos deixado, esperando que boa parte meu desconforto desaparecesse ao sentir os ares de casa.

Porém, em vez disso, me peguei franzindo o cenho contra a impressão estranha de que havia algo faltando além do cheiro de limpeza que preenchia o ar ali dentro. Olhei ao redor, franzindo ainda mais o cenho, encontrando caretas e rostos bronzeados parecendo tão confusos quanto eu, alguns até mesmo fungando explicitamente de um lado para o outro como um cão farejador.

A confusão estranha que estava me deixando zonzo em meio à dor martelando minha cabeça se desmanchou em entendimento quando vi Jungkook encontrar um dos muitos difusores aromáticos que costumavam ficar espalhados pelos cômodos do dormitório, exalando o doce da essência de lavanda favorita de Minah. Só que, nas mãos do maknae, o pequeno frasco estava totalmente vazio, como se o conteúdo tivesse terminado de evaporar há muito tempo e ninguém tivesse se ocupado em preencher o ambiente com aquele aroma familiar e aconchegante outra vez.

De repente, eu podia ver os olhos cansados de todos indo de um canto a outro do dormitório silenciosamente, mas claramente buscando por algo, por alguém em específico, sem que precisassem formular a pergunta em voz alta. Jimin caminhou de mansinho em direção ao corredor de entrada, empurrando levemente a porta do quarto à sua esquerda enquanto olhava além dela com um ar curioso, mas não encontrou nada além da escuridão silenciosa do único cômodo realmente bagunçado do apartamento. Parecia tão inóspito através da brecha que eu podia ver, que era quase como se ninguém houvesse perturbado para fora do lugar nem um grão de poeira sobre todas as roupas e malas roxas espalhadas pela cama em muitos dias.

Ouvi o som de alguém abrindo a geladeira, o único ruído que atravessou o ambiente além dos nossos poucos movimentos e do som do trânsito na rua abaixo desde que chegamos, e me virei para encontrar os rostos cansados e confusos de Jin hyung e Namjoon iluminados pela luz que vinha de dentro do eletrodoméstico, para então erguer os olhos na direção do resto de nós.

— Não tem nada aq- — Namjoon murmurou, mas foi interrompido pelo som de bipe da fechadura eletrônica na entrada do dormitório cortando o ar entre nós.

Spring Day // Butterfly: segunda temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora