Jungkook
Tomei mais um gole de chá morno, deixando que o calor da caneca do One Piece envolvesse minhas mãos, observando a decoração da cozinha, que não tinha mudado em nada desde a última vez que tinha colocado os pés ali, enquanto Chung-hee preparava um prato com biscoitos doces. A mesa amarela, com marcas de tinta e manchas de canecas por toda parte davam ao cômodo uma sensação estranha de aconchego, juntamente com as cadeiras todas descombinadas, um pequeno conjunto de prateleiras, logo ao lado do fogão, de onde pendiam várias canecas e xícaras, também descombinadas, presas em pequenos ganchos de metal. Me encolhi na cadeira, passando um braço ao meu redor, aproveitando o calor e o cheiro de ervas do recinto.
— Minah adora esses biscoitos — Chung-hee murmurou, colocando o prato à minha frente, depois se sentando na cadeira à minha diagonal, com um sorrisinho no rosto, que eu não fui capaz de retribuir.
Continuei observando o prato, enquanto tomava mais um gole daquele chá que não conseguia identificar o sabor, sentindo meu estômago se retorcer com a ideia de comer alguma coisa.
O hyung voltou a escrever em seu caderno, o que vinha fazendo há uma boa meia hora antes de se levantar e preparar mais chá com biscoitos, depois de termos tomado uma chaleira inteira enquanto ele escrevia sem parar em um caderno de capa de couro marrom enquanto eu apenas observava, tomando goles e mais goles daquela bebida doce e calmante.
— Pronto — o mais velho murmurou, colocando a caneta de ponta fina que havia usado entre as páginas, lançando à elas um olhar contemplativo antes de se voltar para mim com outro sorriso.— Quer começar a falar, filho?
Engoli em seco, repousando a caneca sobre a mesa, sentindo meus dedos tremerem.
— Aconteceu alguma coisa — murmurei, pigarreando para impedir que minha voz falhasse, enquanto eu lembrava da sensação da dor percorrendo meu corpo, ameaçando me dividir ao meio.
— Quando? — Chung-hee perguntou suavemente, cruzando as mãos sobre a barriga, me olhando com nada mais que compreensão e paciência.
Fechei os olhos com força, sentindo-os arder quando lembrei do que passou pela minha mente naquela noite.
Se ela estava feliz, se ele era capaz de fazê-la sorrir de uma forma que eu não conseguia, esperava que o fizesse. Minah merecia sorrir em todos os momentos possíveis, e se eu pudesse só observar aquele sorriso, o sorriso mais lindo do mundo, sabendo que estava verdadeiramente feliz, ficaria satisfeito e tentaria ao menos ficar feliz pelo meu hyung, que era mais do que sortudo por ter alguém como Moon Minah.
Minha jagi.
Minha Minah.
A borboleta que eu tinha que deixar voar.
— Eu a deixei ir — murmurei, minha voz embargada só me deixando com mais vontade de chorar, enquanto eu mantinha os olhos fechados, como se evitasse encarar o que tinha acontecido. — Deixei ela voar. Minha nabi.
— Porque, filho? — a voz de Chung-hee fez com que eu apoiasse os cotovelos nos joelhos, tentando me dobrar e diminuir, com esperança de que a dor fosse embora se eu ficasse cada vez menor.
— Porque ela está feliz — solucei, enfiando o rosto nas mãos. — Ele a ama e ela o ama também. E eu amo os dois. Amo que se amem. Ele a faz feliz, ela o faz feliz — meu corpo inteiro tremia. — Como eu poderia prender isso tudo? É injusto, egoísta e mesquinho.
— É ser humano, Jungkook — Chung-hee falou, e eu senti uma de suas enormes mãos no meu ombro, em um aperto reconfortante, me fazendo levantar o rosto, fungando e secando as lágrimas que escorriam furiosamente.
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Spring Day // Butterfly: segunda temporada
Fiksi Penggemar[EM ANDAMENTO] Depois de uma noite de ano novo que mudou tudo que Minah achava ser sólido em sua vida, ela precisará lidar com o desafio de descobrir sua verdadeira identidade enquanto está dividida entre seu coração e sua alma, tudo isso durante a...