Spring Day // Butterfly: segunda temporada

22. Cypher Pt.3: Killer

#EfeitoJagi

J-Hope

— Me deixe ver o palco mais uma vez — Suga hyung pediu, se levantando da cadeira onde estava, do outro lado da sala de estar, indo em direção à Namjoon, que tinha o celular em mãos sentado no sofá ao meu lado, analisando as imagens do estúdio e do palco do famoso programa JBTV de Chicago que os PD-nims haviam nos enviado quando nos convocaram para uma espécie de reunião. — Não trouxe meu celular.

Fiz um grande esforço para manter meus olhos na tela do celular em minhas próprias mãos, mesmo sentindo o olhar do hyung passar por mim, analisando as medidas do pequeno palco com mil pensamentos rodopiando por minha cabeça, tentando encontrar algum cenário em que nos apresentássemos sem que todos acabassem em uma enorme pilha de corpos caídos por cima uns dos outros como sacos de batatas, enquanto fazia o meu melhor para não demonstrar em nada para meus membros o quanto estava nervoso com tudo aquilo.

Estávamos todos quebrando as cabeças há mais de uma hora, junto com PD-nims, managers e Sungdeuk hyung, tentando encaixar nossas coreografias — que eu não havia me dado conta, até então, pelo menos não de verdade, que eram tão espaçosas — no pequeno espaço de dois ou três metros quadrados do palco do estúdio do JBTV, mas nada estava dando certo, e sempre acabávamos esbarrando uns nos outros, pisando nos próprios pés, em uma tentativa de tornar os movimentos menores, ou batendo sem querer na cabeça de quem quer que estivesse ao lado, sendo que aquele não era o momento para brincadeirinhas violentas.

Eu sabia que o espaço que tínhamos disponível para ensaiar na sala de estar ligada à nossos quartos de hotel era menor, de fato, do que o palco, e ainda tínhamos muitos móveis e a presença de staffs que tentavam nos ajudar no meio, o que também tomava certo espaço, mas se durante o ensaio as coisas não estavam funcionando, como poderiam dar certo no dia seguinte? A ideia de não poder me preparar de verdade para ter certeza de tudo ao meu redor antes de subir no palco e poder ajudar meus membros com qualquer imprevisto ou problema nas coreografias não era muito bem-vinda na minha cabeça, e estava começando a cobrar seu preço sob meu corpo.

Estiquei meu pescoço, sentindo os ombros se repuxarem com uma dor incômoda, fruto da minha tensão, passando os olhos rapidamente pelos outros membros espalhados na sala ao meu redor, imersos em um silêncio preocupante. Jungkookie parecia medir com os dedos o tamanho do palco na tela de seu celular, Taehyung havia entrado em seu estado de foco absoluto com a tela do próprio aparelho, Jin hyung piscava repetidamente parecendo perdido, e Jimin, ao meu lado, tinha um olhar preocupado voltado na direção do celular em minhas mãos, e eu senti uma pontada de preocupação um pouco mais forte em meio ao nervosismo.

Sabia o quanto ele era sensível a mudanças e contratempos nas apresentações, e o quanto precisava estar com tudo em ordem para se manter tranquilo e focado. Se coisas pequenas, como a fivela de um cinto ou uma meia fora do lugar no dedo mindinho podiam fazê-lo entrar em pânico, eu só podia imaginar o que a falta de espaço podia fazer com a sua cabeça. Não fazia a menor ideia de como ajudá-lo, e aquilo estava começando a me frustrar.

— Os outros palcos são tão grandes, que mesmo se dermos cento e vinte porcento, não é o suficiente — Namjoon murmurou, ao meu lado, se esparramando no sofá como uma criança colocada de castigo.

— É disso que estou falando até agora — Suga hyung retrucou, voltando a se sentar. Pude notar que ele parecia tão incomodado quanto eu, pela forma como seus olhos estavam ligeiramente agitados debaixo da franja e como roía as unhas, especialmente a do indicador e a do dedo médio. — Não vamos poder mostrar a eles tudo o que temos.

— Eles estão falando sobre isso — falei, com esperança de que a conversa dos staffs e PD-nims no quarto ao lado pudesse nos trazer alguma solução para o problema, e que tranquilizasse Suga o suficiente para que parasse de roer as unhas. — Hobeom está.