O meu amor não é você.

Conversa.

Mal percebi quando adormeci, só me lembro de terminar minha conversa com Manuela e simplesmente apagar. Não estou habituado às mudanças que estão ocorrendo em meu corpo, por mais que não sejam meses, ainda sim, com algumas semanas, posso sentir uma grande transformação. As vezes me sinto muito cansado, em outro momento já me encontro apreensivo, o que me deixa confuso. Não saber lidar com isso, é a parte mais complicada do processo.

Estava deitado de barriga para cima olhando atentamente para o teto esbranquiçado cheio de detalhes rústicos, bem comum. Bocejo levemente e levanto sentindo minha cabeça doer, olho para o despertador ao lado constatando que ainda estava cedo.

Levanto-me, logo caminhando lentamente (preguiçosamente) em direção ao banheiro que ficava ao lado esquerdo do quarto. Entro no cômodo ficando de frente para um grande espelho, percorro meus olhos pelo reflexo da minha imagem que não era tão agradável assim. "Que lixo Fernando".

Suspiro logo após perceber o quanto minha aparência estava descuidada, cabelos bagunçados cheios de frizz, olheiras perceptíveis, algumas espinhas e acnes, acho que isso tudo se chama tristeza. Como eu queria não estar sofrendo pelo Bolsonaro, graças a ele estou parecendo aqueles cornos que escutam sertanejo universitário.

Quando saio do banheiro já estou completamente limpo, então pego uma roupa qualquer dentro da mala, que ainda não havia desarrumado, e me visto. Tento arrumar o cabelo, mesmo sendo uma tarefa difícil devido a tanto frizz e desidratação, como fui me iludir achando que o Jair realmente me achava atraente?

Quando termino de me produzir nem quis me olhar no espelho para não chorar de decepção. Peguei meu celular e meu cartão de crédito só para me iludir achando que tenho dinheiro, pois como eu disse, professor não ganha muito no Brasil.

Saio do hotel. Olho em volta me sentindo completamente perdido, e é quando recebo uma mensagem de Manuela, o que praticamente salvou o meu dia. " Estou aguardando o avião. Chego aí por volta de umas 16h" Confirmei que havia recebido a mensagem mandando um "ok".

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Esperava as horas passarem olhando para um relógio em detalhes preto e branco pendurado na parede cor marfim de um estabelecimento. Achei melhor começar a procurar emprego desde hoje, porque sei que não vai ser nada fácil. Por precaução mandei meu currículo para uma universidade daqui de Paris, sei que as chances são poucas, mas por que não tentar?

Consegui fazer várias entrevistas, porém os resultados só seriam enviados no dia seguinte para o meu e-mail. Eu simplesmente detesto ter que esperar, sou muito ansioso mesmo não aparentando.

Quando olhei novamente para o relógio já estava chegando a hora de Manuela chegar. Eu sei que ela não vem sozinha, o que é bom porque as conversas não serão tão chatas, só espero que ela não tenha a ideia de trazer a Dilma Rousseff, a Marina Silva, ou, Meireles, que não ajudam em nada.

Deixo meu currículo no estabelecimento, o último antes de encerrar minha busca desesperada por um emprego, e volto para o hotel, logo pegando minha mala e saindo de novo. Como terei visitas, achei melhor mudar para um apartamento, nem que seja só por uma semana, até porque o aluguel é caro.

Chegando ao apartamento alugado, rapidamente disfaço a minha mala e guardo todas as minhas roupas em seus devidos lugares. Quando termino de arrumar tudo percebo que já havia se passado uma hora depois do combinado, ou seja, Manuela estava atrasada.

Eu já havia mandado o endereço para ela, então a culpa do atraso não é minha. Fico imaginando se ela estaria perdida em Paris, ou se o avião caiu no oceano, mas acho que a primeira opção faz mais sentido.

Me jogo no sofá da sala e fico esperando pacientemente, ou não, a chegada de Manuela. Duas horas depois, já 7h da noite a mulher resolve aparecer, e como eu disse, ela não estava sozinha.

Abro a porta e logo sinto D'Ávila me abraçar, fico meio atônico com esse ato repentino. Logo atrás de Manuela se encontravam Marina Silva, Dilma Rousseff, Cabo Dáciolo, o que para mim foi uma surpresa, e Guilherme Boulos.

"Da próxima vez, trás toda a comitiva eleitoral, Manuela"

- Que honra recebe-los, amigos.

- Igualmente - diz Dilma Rousseff já entrando sem ao menos pedir com licença.

Todos entraram, estavam muito animados para quem veio visitar um amigo que está na desgraça. Olho para Manuela de relance, que estava tirando os sapatos, com uma cara de o que essa gente tá fazendo aqui?

- Bom, Fernando, antes que você pergunte o porquê de estarmos aqui, gostaria de dizer que como já estamos cientes da sua situação, viemos ajuda-lo - disse Marina passeando pela sala, como se nunca tivesse entrado em um apartamento.

Deixo um longo suspiro sair pelos meus lábios, logo fechando a porta e caminhando até o sofá. - Não há como me ajudar, é simples - digo e me sento cruzando os braços.

Manuela se aproxima sentando-se ao meu lado abraçando-me ternamente, dizendo: - Ah Nando, você sabe que não é verdade. Não é o fim do mundo.

- Eu sei... Eu só... Estou com medo.

Dilma, emocionada com a minha situação, resolve fazer um de seus discursos tocantes:

- Fernando, o fim do mundo de fato não é um algo que se pode provar, é um fato provavel. Eu sei que você lutou muito para conseguir estar aqui, mas a chuva em São Paulo não está deixando os médicos trabalharem, o que faz com que as minorias saiam na chuva para protestar. Bolsonaro não está na chuva, ele na verdade, não está nem aí pra você.

Todos olhavam para a Rousseff, perguntando-se internamente o que estavam fazendo das suas vidas. Eu por outro lado...

- Eh... Obrigado Dilma. Eu acho...

- Glória a Deuxx! Haddad extou vendo que o senhor não dexeja ter essa criança- Dáciolo pronunciava suas palavras de olhos fechados, quase que exprimidos.

- O-O que?

- O senhor não extá feliz com essa situação. Glória Deuxxx! Mas o aborto não será bem vindo aqui. Aleluiaxxx.

Todos os presentes na sala do apartamento ficaram me olhando como se o que Dáciolo estava falando fosse realmente verdade.

Talvez não fosse tão mentira assim...

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Olá pessoal! Obrigada por estarem acompanhando a minha história, fico muito feliz.

Provavelmente alguns estão perdidos, então aqui vai uma breve explicação do universo onde se passa a história.

Haddad: Não é casado, não possui filhos e é 10 anos mais novo.

Bolsonaro: Foi casado duas vezes e possui todos os filhos que conhecemos, e os que não conhecemos.

Universo alternativo. Haddad!bottom, Jair!top, Ciro!top.

Mpreg livre.