Menino ou Menina?

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Ciro e Haddad ficaram abraçados na cama por longos minutos, não levantariam, mas já estava passando da hora do café da manhã, então precisaram desfazer o abraço e levantar. Ciro foi para o segundo banheiro da casa que era onde os seus produtos de higiene ficavam, e Haddad foi para o banheiro de seu quarto. Eles fizeram suas necessidades, tomaram banho e se arrumaram para ficar em casa curtindo a companhia um do outro. 

Ciro foi o primeiro a aparecer na cozinha. Resolveu preparar o café, como sempre fazia, pois queria proporcionar o máximo de cuidado e conforto para Fernando, não queria que ele se cansasse, muito menos que se estressasse. Embora mantivesse uma aparência durona para seus eleitores, aqueles que conviviam com ele sabiam que era apenas fingimento. Ciro possuía sim um temperamento explosivo, porém, quando estava com pessoas queridas, demonstrava muito carinho e afeto. 

O grisalho preparou o café, deixou tudo organizado em cima da mesa e esperou pelo moreno. Não demorou muito para Fernando aparecer na cozinha. Ele estava deslumbrante na visão de Ciro, mesmo que tenha apenas colocado uma roupa simples e fresca para passar o dia mais tranquilo, era como se tivesse feito uma superprodução. 

Haddad sentiu-se levemente incomodado com o olhar do mais velho sobre si, não pela maneira como o olhava, mas sim porque estava se sentindo estranho, lê-se feio, com o tamanho da barriga que marcava na camisa florida. Pensava que em determinado momento Ciro o acharia feio, riria dele, mudaria de ideia e acabaria voltando para o Brasil. 

Ainda incomodado, o moreno sentou-se à mesa, agradeceu a Ciro pelo café da manhã, elogiou, pois estava muito bem apresentado e começou a se alimentar. O pedetista desviou seu olhar de Haddad e começou a apreciar o café enquanto lia um jornal francês. 

Não trocaram uma palavra durante o café. Quando terminaram, Haddad ofereceu-se para lavar a louça, por mais que Ciro insistisse que não, ele sempre dizia que sentia-se inútil. — Ciro, eu não estou doente. Posso fazer isso, e muito mais... — o petista respondeu já colocando as louças na pia. 

— Eu sei, meu amor. Mas, não quero que você se canse... deixa que eu lavo — Ciro disse com a maior calma do mundo, pegando Haddad pelo braço e o fazendo sentar no sofá cuidadosamente. — A do almoço você lava. Ta bom? 

Fernando concordou, até porque não adiantaria nada discutir com o cearense. Entediado, o moreno ligou a televisão colocando em um canal qualquer. Estava estranhando a falta de mídia sobre o Brasil, as ligações não atendidas, a falta de comunicação com seus amigos. "O que poderia ter acontecido?" a constante pergunta de Haddad era essa. 

— Ciro? — Fernando chamou ao grisalho, que respondeu com um sonoro "hum?" da cozinha. 

— Você não acha estranho essa total transparência do Brasil? Porque, nunca mais tive noticia alguma de lá, não consigo falar com a Manuela, o que está me preocupando muito, e tão pouco entrar em contato com o Lula. 

Ciro não gostava de ouvir o substantivo próprio "Lula", mas resolveu ignorar focando na outra parte da conversa. De fato, ele mesmo já havia tentado entrar em contato com Carlos Lupi para ficar por dentro das coisas que aconteciam dentro do partido, porém, não conseguiu completar a ligação. Tentou entrar em contato com outros companheiros, mas sem sucesso. 

— Eu já percebi isso faz um tempinho. Mas, não se preocupe. Vou entrar em contato com um amigo meu, que é norte americano, jornalista e possivelmente hacker, para averiguar essa situação para a gente. — enunciou Ciro entrando na sala enxugando as mãos em uma toalha branca. 

— Tudo bem...— proferiu Haddad visivelmente aborrecido.

Percebendo o clima tenso que se instaurou no ambiente, o cearense lembrou-se de algo que poderia fazer-lhes esquecer do problema por enquanto. Desligou a televisão, que Fernando nem se importou, pois não estava prestando atenção, e disse: — Que tal irmos à clinica e descobrir o sexo do bebê? 

O meu amor não é você.Onde histórias criam vida. Descubra agora