Governo Bolsonazista

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Brasil

O dia amanheceu pálido, como se o sol buscasse esconder-se para não encarar o semblante preocupado dos brasileiros, principalmente aqueles que declaravam-se de extrema esquerda.

O presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, já havia assinado os papéis que objetivavam a permanência do partido no poder por mais um mandato, ou seja, ficariam oito anos, podendo futuramente instaurar uma oligarquia partidária.

Hamilton Mourão já havia partido para o Congresso Nacional e anunciado que o partido estava sendo atacado por forças extremistas de esquerda. Então para eliminar qualquer chance de uma possível "tomada de poder" a melhor solução seria centralizar todo o poder na mão do presidente e seus ministros.

Pela democracia, que está mais poluída que o rio Tietê, os senadores e deputados dos partidos do trabalhador, democrático, comunista e social não aceitaram de maneira alguma. Porém, Hamilton Mourão não ligou para a forte resistência da oposição, seu plano não era ter que iniciar com violência, mas como as coisas estavam indo seria melhor assim.

Vários militares adentraram pelas portas do Congresso Nacional, invadindo as duas esferas, rendendo logo que de imediato os deputados e senadores "inimigos". Todos foram presos, menos aqueles que o governo bolsonarista sabia que eram traidores, como Tabata Amaral, a qual tornou o PDT um referencial de descrédito, por defender ideais contrários ao do partido quando votou a favor da reforma da previdência.

Rapidamente a Rede Globo começou a fazer a cobertura do evento, focando em Mourão que lia o mais novo decreto aprovado rapidamente pelos seus companheiros. Toda a população brasileira estava em frente a televisão assistindo a transmissão ao vivo, muitos xingando o vice presidente, outros aplaudindo e agradecendo a Deus por finalmente extinguir a esquerda que só causava a desgraça no país.

Manuela já sabia que seria a primeira a ser caçada pelo governo, não somente por ser comunista, mas também por defender a liberdade feminina, algo que os conservadores detestavam. Enquanto a garota assistia ao discurso recebeu uma ligação de Marina Silva.

- Manuela? Precisamos nos reunir imediatamente!

D'Ávila, assim como a mulher por trás do telefonema, estava terrivelmente assustada. Tudo bem que já imaginavam e esperavam um governo opressor, mas não de natureza essencialmente nazista.

- Claro! Informe aos outros para nos encontramos naquele mesmo lugar. Se o objetivo deles é eliminar a esquerda, precisamos elaborar um plano para salvar o ex-presidente Lula.

-- Farei isso! Mas, tenho uma notícia não muito boa. A Dilma Rousseff está presa em Minas Gerais.

Manuela pôde perceber um tom melancólico na voz falha de Marina Silva. A garota comunista, além de ser dona de uma beleza incomum, era acima de tudo, esperta.

- Não se preocupe, amiga. Vamos salvar a Dilma também!

- Ok.

Manuela desligou o telefone e correu rapidamente para o quarto. Arrancou de dentro do seu guarda roupa vermelho uma mochila da mesma cor, logo enchendo de coisas que julgou serem necessárias. Quando já estava bom, correu até a janela, já com a mochila pesada nas costas, e olhou para baixo.

Não havia ninguém na rua, talvez as pessoas estivessem com medo. A de cabelos curtos colocou-se em pé na sacada, em seguida atravessando a grade de segurança pulando e caindo dentro de uma imóvel caçamba de lixo. Não se machucou graças às caixas de papelão e aos sacos de lixo.

Sem muito tempo a perder, Manuela levantou-se e saiu de dentro da caçamba, começando a correr pela rua. Ao adentrar a avenida principal, percebeu uma grande movimentação.

O meu amor não é você.Onde histórias criam vida. Descubra agora