Dormindo juntos

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Brasil

Muitos dos esquerdistas cativos haviam sido enviados para outros países para cumprir exílio. Muitos mantinham a esperança em voltar para o Brasil, e em poder ajudar seus companheiros a vencer o governo opressor de Jair Bolsonaro, porém alguns pensavam negativamente a respeito da retornada para o país de origem, tinham dúvida. Não pensavam em abandonar a federação, só acreditavam que não ficariam vivos por tanto tempo, este suficiente para uma possível revolta.

Um mês havia passado. A situação estava cada vez mais complicada. O Brasil afogava-se cada vez mais no sangue de cidadãos inocentes, de pessoas justas, pessoas compromissadas com a democracia. Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão transformaram o Brasil em uma ditadura neoliberal, Paulo Guedes transformou o Brasil em um país pobre e sem poder, pois tudo foi privatizado, e Sérgio Moro espalhou o máximo de injustiça que conseguiu, aliás, esse era o seu ministério, o Ministério da Injustiça. Damares Alves, Tereza Cristina e Abraham Weintraub ficaram sem trabalho, pois não existia mais a população resistente para ouvir e aturar os chiliques deles. 

Trinta dias foram suficientes para abalar todas as estruturas do Brasil. Cerca de 25% dos brasileiros ainda apoiavam a forma de governo do presidente e seu vice.

Jair Bolsonaro evitava pensar em Haddad, evitava pensar em como ele estava, ou pensar no bebê. Por mais que o presidente não tenha frequentado uma escola, ainda sabia fazer continha básica no senso comum, então deduzia que Fernando já estava no quinto mês de gravidez, isto é, logo ele saberia o sexo do bebê, e Bolsonaro torcia para não ter dado mais uma fraquejada.

Enquanto Jair Messias mantinha encontros secretos com Donald Trump, Xi Jinping e Vladimir Putin,  Fernando Haddad sentia-se confuso com Ciro Gomes. Desde o incidente no restaurante onde o cearense ficou sabendo de toda a verdade, ele não quis deixar o mais novo sozinho. Fernando não entendia o que estava motivando Ciro a continuar ao lado dele, o que estava o incentivando a dormir todas as noites em seu apartamento, mesmo que fosse no sofá, e a ser carinhoso.

Ciro Gomes deu uma desculpa. Falou  que Haddad não podia ficar sozinho na situação na qual se encontrava, ainda mais depois do desmaio, disse que queria ajudar, como uma forma de se redimir por tudo que havia feito. 

— Fernando, eu já lhe falei que não vou sair daqui. — Ciro permanecia de braços cruzados sentado no sofá com os pés batendo levemente contra o chão.

— Eu não estou te pedindo para sair... só estou dizendo que talvez seja melhor você ir dar uma volta, espairecer. — Haddad respondeu sentando-se ao lado de Ciro. 

— É a mesma coisa de pedir pra sair. 

O moreno suspirou cansado, não iria discutir com o Ciro, ele era muito teimoso. Então pegou duas almofada que estavam servindo de conforto para as costas, e as colocou apoiadas no braço do sofá, uma sobre a outra, em seguida deitando-se sobre o sofá. Descansou a cabeça nas almofadas e esticou o corpo pelo resto do móvel, colocando as pernas sobre as de Ciro. — Tudo bem, se não quer se divertir na rua, vamos fazer alguma coisa legal aqui. 

O cearense olhou de soslaio para Haddad e perguntou desconfiado, com segundas intensões. — E o que seria? 

Fernando sorriu ao perceber o tom sugestivo de Ciro. — Bom, você poderia fazer uma massagem nos meus pés, pois eles estão terrivelmente inchados. — o mais novo ergueu uma de suas pernas e as flexionou para trás a fim de tocar a bochecha de Ciro, que estava de lado, com a palma de seu pé. 

— Com certeza vou me divertir muito fazendo isso — Ciro sorriu com Haddad, logo em seguida relaxou os músculos do rosto formando uma expressão serena. Virou o rosto para encarar o libanês, para depois afastar o pé dele de sua bochecha. — Sabe, eu conheço algo mais divertido...— Ciro segurou gentilmente o pé de Haddad e começou a depositar beijos nele, logo subindo para a perna. 

O meu amor não é você.Onde histórias criam vida. Descubra agora