Péssimo dia

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Brasil

Manuela D'Ávila, Marina Silva e Maria do Rosário foram enviadas para a mesma cela, onde esperavam por ordens superiores referentes às condenações.

Marina parecia nem se importar, carregava em sua face cansada um olhar de tristeza e remorso. Não levantava a cabeça, permanecendo com as mãos encolhidas entre duas coxas e os ombros levemente caídos, sentada sobre a cama dura da prisão.

Maria do Rosário demonstrava estar calma. Dona de uma paz exterior inquestionável, porém não era bem isso que estava em sua mente. A mulher não parava quieta em seus pensamentos, imaginando como estaria Lula e seus amigos petista. Muita preocupação.

Já Manuela não sabia como deveria se sentir. Estava, como grande parte dos brasileiros, preocupada, e isso não tinha como negar ou esconder. Também estava entorpecida por toda a situação, principalmente por não estar preparada. Pensava a cada cinco minutos em como voltaria a conversar com Haddad, ou como faria para contar a ele tudo o que estava acontecendo sem envolver o mais velho em problemas.

O que fazer?

Andando de um lado para o outro dentro da cela, Manuela tramava inúmeros planos que pudessem, de alguma forma, ajuda-la a sair do pequeno e apertado espaço onde estava submetida. O indicador e o dedão esquerdo seguravam o queixo fino.

Pensou. Por fim, pensou. Surgiu em sua mente, brilhante por sinal, a ideia que ao seu parecer não corria o risco de dar errado, ou seja, se tudo ocorresse como a jovem garota estava esperando, saíria dali sem muitos problemas. Agora só faltava Sérgio Moro e seus aliados moverem as peças. O que eles eram capazes de fazer afinal?

Longe dali...

Longe dali, muito longe na verdade, Fernando Haddad sentia-se mal. Seu estômago revirava dentro de sua cavidade abdominal, sua cabeça latejava pulsando fortemente, e sua visão já não conseguia focar e muito menos capitar a posição dos objetos devido a tanta tontura.

Ele só queria alguém para passar-lhe as palmas das mãos em suas costas e falar que tudo ficaria bem. Onde estava essa pessoa? Quem era esse alguém? Fernando queria que fosse Jair, mas sabia que isso nunca poderia acontecer. Então, por que queria tanto que fosse ele? Não poderia ser outra pessoa? Não, precisava ser ele.

Já fazia alguns dias que não falava com Manuela, ele até tentou ligar de manhã, mas não conseguiu se comunicar com ela. Tentou entrar em contato com outras pessoas que fossem comunicáveis, Dilma, Mariana, Gleisi Hoffmann, entre outros, porém não obteve respostas.

Por que não conseguia falar com eles?

Puxou o ar mais uma vez para poder sentir as fortes contrações em seu estômago e vomitar todo o café da manhã dentro do vaso sanitário. Fernando já estava se habituando ao sabor ácido em sua garganta toda manhã quando terminava de alimentar-se.

Respirou fundo ao notar que não havia mais nada para ser expelido de seu estômago, precisou respirar muito fundo para conter a irritação. Isso já estava deixando-o frustado.

Recobrou a postura e abaixou a tampa do vaso, logo em seguida deu a descarga e higienizou a boca. Sentindo as pernas pesadas, se arrastou até o sofá vermelho da pequena e confortável sala de estar, só chegar apenas jogou-se de qualquer forma sobre ele.

Fechou os olhos respirando pesadamente. Algo não estava certo em seu organismo, tudo bem que agora as coisas funcionavam de maneira diferente, mas não deixava de ser estranho. Haddad não aguentava mais os enjoos e dores de cabeça, na próxima vez ele pensaria duas vezes antes de fazer sexo sem preservativo, certamente não o faria.

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