Mas Que Droga!

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Lance~

   Não me sinto bem pra contar essa história, mas eu tenho que ajudar a Alura, já que eu devo isso a ela, e ajudá-la a alcançar a felicidade é algo bom.

   Keith me olha estranho ainda não entendeu muito o porquê da Alura também ter desgosto dessa história. Então eu devo contar o resto.

   - Como eu disse depois da Alura ter me pedido em "namoro". - Continuei a história com Keith prestando muita atenção. - Nós conseguimos fazer amigos que simpatizaram com a minha causa. Mas o bullying ainda não tinha parado e como eles estavam juntos de mim, começaram a incluir os meus amigos no bullying, juntamente com Alura.

   Eu fiz uma pausa, tenho de me acalmar sempre para contar essa parte.

   - O bullying foi muito mais forte com a minha outra amiga, a Leslie, justamente por terem descobrido que ela era lésbica. E ela não aguentou a pressão... e... ela... se suicidou.

   Lágrimas encheram os meus olhos pela lembrança de seu rosto sorridente. Não conseguia olhar para Keith, se eu olhasse para o seu olhar de pena as lágrimas provavelmente cairiam.

   - A diretora tinha reunido a escola inteira para contar a notícia, o corpo dela tinha sido encontrado na margem de um rio abaixo de uma ponte alta onde passavam carros. Todos os alunos tiveram de fazer uma homenagem a ela. A escola também trouxe um psicólogo para mim e Alura os únicos amigos dela. - Eu continuei, já olhando para o lado oposto de Keith, não posso encará-lo.

   - Me desculpe. - Foi o que Keith disse.

   Um silêncio infestou o quarto bem iluminado. Eu não vou aguentar muito mais as lágrimas. E assim as lágrimas foram caindo. Uma depois da outra. Eu não deixei os meus soluços saírem, não queria que Keith me olhasse assim, tão fraco e abatido.

   - É melhor eu continuar copiando - Falei enquanto eu me recompunha das lágrimas recentes. Eu já tinha voltado a viajar no meu mundinho apenas copiando automaticamente a matéria e mergulhado em meus pensamentos.

   Keith ficou olhando pro chão e depois para mim alternando entre diversos lugares, ele não sabia para onde olhar, o quê fazer ou o quê falar.

   Foi aí que eu senti um aperto nos meus braços, e algo encostando no meu peito. Algo que me tirou dos meus pensamentos. Era Keith.

   Ele estava me abraçando, parecendo revoltado consigo mesmo por ter perguntado sobre o meu trauma.

   Ao observá-lo tentando me consolar as lágrimas voltaram e começaram a escorrer pelo meu rosto. Os soluços saíram e eu abracei de volta Keith. Mas que droga, Keith!

   E ficamos ali, por muito tempo, ainda nos recompondo das minhas memórias compartilhadas.

   Quando já estava anoitecendo Keith voltou para sua casa.

Keith~

   Não deveria ter perguntado o quê havia acontecido. Acho que assim teria sido melhor.

   Isso também explica o porquê dele ter ficado bravo comigo por querer jogar fora as cartas românticas, ele foi rejeitado terrivelmente .

   - Keith você tá viajando muito. - Disse Shiro me tirando da transe.

   - Ah, sim. Foi mal, é só que eu ainda não absorvi muito bem o acidente de Lance. Pode me passar a salada? - Eu estava em casa jantando com meu irmão e meu pai. Ainda estava me servindo e enchendo o meu prato.

   - Shiro, você é amigo do Lance há muito tempo? - Perguntei já que eu quero saber um pouco mais do Lance.

   - Eu sou amigo dele faz uns... 2 anos? Eu acho... Foi quando eu entrei pro Curso Especial, ele estava entrando no 1° ano. Ele tinha 15 anos, a mesma idade que você. Eu lembro de ele só ter ficado conversando com a Alura por um bom tempo, e quando a Alura faltava eu tinha pena dele, então eu comecei a conversar com ele. - Shiro estava calmo, ele sabe que Lance está melhor. - Mas por que você quer saber do Lance? Você por acaso arranjou um crush?- Eu engasguei com a comida e meu pai ficou desconfortável.

   - EU NÃO GOSTO DO LANCE! - Berrei irritado.

   - Não parece. - Shiro retrucou.

   - Obrigado pela comida. - Meu pai se levantou pegando o prato sujo e levando para a cozinha.

   Ficamos em um silêncio constrangedor, até que eu finalmente terminei e fui levar o prato até a cozinha, e me dirigi ao meu quarto só pra ficar mais envergonhado.

   Peguei um travesseiro e fiquei abraçando ele deitado na cama, repetindo pra mim mesmo mentalmente "Eu não sou gay", "Eu não sou gay", "Eu não sou gay".

   -EU NÃO SOU GAY!

   - Você é sim. 

   -AAAAAHHHHH! -  Me virei e vi Shiro na porta, taquei o travesseiro na cara dele, meu rosto está fervendo, aposto que eu pareço um pimentão. - Maldito...

  - A sua empresária tá no telefone.

   E assim Shiro foi embora, e eu corri até o telefone na sala de estar, mais vermelho do que nunca.

   - Alô?

   - Keith! Eu preciso de sua resposta para a revista "Namoricos". Você sabe que ela é uma revista muito famosa entre os adolescentes! - Minha empresária continua igual, sem sequer dar "oi".

   - Tá bom, eu aceito a proposta. - Isso vai dar um pouco de prejuízo nas minha notas.

   - ÓTIMO! - Milene Gritou feliz, minha empresária se anima rapidamente. - Eu irei avisá-los. Mas não se preocupe as fotos são apenas daqui a dois meses. - Então qual foi a necessidade de confirmar agora?

   - Certo, obrigado. Tchau - Desliguei o telefone. Essas conversas nunca duram muito, e pelo menos minha agenda tá mais do que cheia assim eu não vou precisar me preocupar de escolher trabalhos.

   Eu não vou ficar me preocupando muito com Lance se eu ficar entupido de trabalho.

   A infância de Lance me lembra um pouco da minha, só que... ele teve muita mais força que eu.

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   O que acharam? Ficou bom? Eu percebi que o trauma não tava muito pesado pro lado da Alura, e nem pro da Pidge e do Hunk. Então eu pensei em um assunto mais pesado pra colocar tristeza em todos.

   E eu finalmente tô conseguindo postar um por semana!

   Obrigada por terem lido. (>ω<)


Se Você Fosse Meu - KlanceOnde histórias criam vida. Descubra agora