Melissa Parker
O encontro estava sendo uma bosta, Rubens não para de falar em suas qualidades e em como ama jogar vídeo game no final de semana. Por um tempo na minha vida eu até acharia isso fofo, mas não agora.
Depois do que Rafael fez comigo a última vez, decidi mudar quem eu sou. Ser a pessoa que todos esperam que eu seja, a Melissa mais liberal e despreocupada.- Está me escutando Melissa? _Rubens fala_
- Desculpa, só fiquei entediada e comecei a pensar no que sua boca pode fazer.
Eu odiava fazer isso, mas esse teatro teria que durar. "Você é apenas mais uma puta Melissa, então não aja como uma santa" foi isso que me fez mudar, do que adianta ser boa se todos acham que eu só estou fingindo?
- Você está diferente, digamos que mais ousada e até se vestindo melhor.
- As vezes precisamos mudar..
O jantar finalmente acaba e Rubens até queria me levar para seu apartamento, mas no meio do caminho eu desisti e ele me deixou a mais o menos dez quarteirões de distância da minha casa após uma longa discussão.
- Babaca. _vejo o carro se afastar_
Para a minha sorte uma chuva forte começa a cair e sou obrigada a ficar embaixo de uma marquise.
Olho para o relógio em meu pulso e vejo que já passa das onze, então a minha única opção é tirar o salto e caminhar para casa.
Assim que começo a caminhar um carro preto para ao meu lado e o vidro desce, revelando Connor e sua cara de poucos amigos.- Entra no carro Melissa.
- Obrigada Connor.._falo assim que entro no carro_ Oque está fazendo aqui?
- Eu estava te seguindo.
- Me seguindo? _o olho um pouco indignada _
- Isso te seguindo.
- E posso saber o motivo?
- Para garantir que você ia voltar para a minha casa.
- Eu tenho casa sabia?
- E se não se lembra, seu irmão ainda está morando nela e por enquanto, até isso tudo se resolver, você não voltará pra casa.
Ele acelera o carro sem falar mais nada. Em pouco tempo estamos no apartamento de Connor e ele mantém a cara seria de sempre.
Tiro meu vestido e olho para o meu chefe sorrindo, mas ele simplesmente me ignora e vai para o quarto. O sigo e vejo que ele está tirando a camisa.- Você pode me emprestar uma roupa?
- Pode ir para o quarto de hóspedes que daqui a pouco eu levo.
- Quarto de hóspedes ? Pensei que eu ia dormir aqui com você.
- Achou errado. _ele ri debochado_
- Qual o seu problema Connor?
- Eu? Não tenho problema nenhum.
- Estava tudo uma mil maravilhas hoje, agora você aparece com essa cara e diz que está tudo bem?_ele começa a rir alto_ Eu sou uma piada para você?
- É sim, uma grande piada. _ele veste sua calça moletom_
- Você é um imbecil.
- Pelo menos eu fui sincero com você, sempre falei o jeito que eu sou de verdade, já você.. Nem sei se tudo que me falou não passa de uma grande mentira.
- EU SEMPRE FUI SINCERA COM VOCÊ.
- Sério mesmo Melissa? Em menos de um dia você está se mostrando como uma verdadeira puta e a imagem que me passou antes era de ser ingênua e doce.
- PUTA? MAS POR QUÊ ESTÁ RECLAMANDO SENDO QUE VOCÊ SÓ VIVE CERCADO DE PUTAS? _grito e ele apenas revira os olhos_ Você é um grande merda, que só pensa em usar as mulheres e descarta-las.
- Quem é você para me cobrar isso Melissa? Nós transamos e minutos depois estava indo se encontrar com outro.
- Em algum momento falei que te trataria como prioridade?
- Não e esse foi meu erro, tratei como prioridade alguém que nem devia ter tomado meu tempo.
- Me tratou como prioridade? Desde quando? _rio debochada_
- DESDE A MALDITA NOITE NAQUELA BOATE.. _ele passa a mão no cabelo _ Eu queria não ter ido naquela droga de boate, na verdade eu queria não ter ido para a empresa.
- Se arrepende do que tivemos ? De ter me ajudado?
- Estou fazendo isso desde o momento que saiu daquela sala.
Apenas me viro e caminho para o quarto de hóspedes. Meu peito estava doendo e parecia que eu teria um ataque cardíaco a qualquer momento.
E por qual motivo? Ele sempre deixou claro que não tinha intenções sérias e agora me trata dessa forma.
Isso é ser "qualquer uma" pra ele?Fecho a porta e me jogo na cama deixando as lágrimas tomarem conta de mim. Eu estava brava comigo mesma por me deixar acreditar que Connor Mackenzie era um homem bom.
A verdade é que eu estava brava porque me deixei levar e agora acabei constatando oque eu queria negar a mim mesma. Não deixei de ir para a casa de Rubens por falta de atração, o cara é um verdadeiro pedaço de mal caminho, eu simplesmente não queria que alguém além do meu "adorável" chefe me tocasse.
Era isso, eu estava perdidamente apaixonada por ele e aparentemente ele não estava interessado em nada além de me machucar.Mas não era isso que estava procurando? Ser a Melissa mais liberal e despreocupada, que sai quando tem vontade e se permite transar em cima de uma mesa do trabalho?
Sim e não, eu queria ser aceita por alguém. Independente de quem fosse, bastava me dar atenção e dizer que eu estava linda com minha saia e sapatos de girassóis.
Acabou que esse foi o problema, deixar de ser quem eu realmente sou para me adaptar na vida dos outros.Seguro o travesseiro contra meu corpo tentando controlar o choro, mas aos poucos me deixo ser embalada pelo sono.
As vezes mudar é necessário, mas mudar pelos motivos errados é uma verdadeira cilada. Ninguém precisa da aceitação de ninguém, mas quem não busca? Ser diferente nos tira isso, nos tira a opção de sermos aceitos pelo que somos.
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Connor Mackenzie
Romance2° livro da série Indomáveis #3 Assassinato 11/11/2020 Já disse a vocês para não se apaixonarem por mim. Não sou o tipo de homem que leva flores, anda de mãos dadas ou, para ser sincero, sequer me preocupo em abrir a porta do carro. Parece que não...