Ao som da música Bilhetes - Tiago Iorc
- Leandro! - Andréa gritou. Sua voz ecoou para mim como se estivéssemos em uma casa grande sem móveis. Eu sentia muita dor no meu braço esquerdo. Por alguns segundos eu olhei a minha volta. Meu coração estava acelerado de um jeito ruim. Vi algumas pessoas correndo assustadas e outras filmando com o celular e ainda outros ligando para alguém.
- Você vai comigo! - Marcos começou a arrastar a Andréa para o seu carro que estava estacionado ali perto.
- Me solta! Socorro! Leandro! - Ela gritava com desespero. Eu precisava fazer alguma coisa, não podia deixar aquele doido levá-la. Ele havia atirado no meu braço esquerdo, mas eu consegui reunir força não sei de onde, corri até eles, determinado a detê-lo.
Ele disparou algumas vezes em minha direção, acertando meu braço esquerdo novamente. Na tentativa de desviar, tropecei e caí na calçada.
Tudo aconteceu tão rápido. Vi, como em câmera lenta, ele jogando a Andréa dentro do carro. O pneu cantando no asfalto a medida que ele saiu em alta velocidade. Em seguida, juntou um monte de gente ao meu redor, querendo saber como eu estava. O sangue escorria. As vozes das pessoas se misturavam com os meus pensamentos. Não conseguia acreditar no que havia acontecido. A ambulância do Samu chegou, juntamente com uma viatura da Polícia Militar. Recebi os primeiros socorros, mas eu estava eufórico, preocupado com a Andréa.
- Senhor, precisamos que fique parado, vamos levá-lo para o hospital mais próximo. - Um dos médicos ou enfermeiros, sei lá o que era, só lembro que havia saído da ambulância, tentava me mobilizar, juntamente com outra moça.
- Ele vai matá-la! Preciso fazer alguma coisa. - Eu disse, afoito, tentando me levantar.
- Se acalme, senhor! Os policiais já foram atrás do carro. Não há nada que o senhor possa fazer agora, a menos ir ao hospital. Fique calmo, vai dar tudo certo. Tenha fé.
- Ter fé? Um maluco atirou em mim e levou uma mulher inocente com ele... - Eu respondi isso, mas sabia que o cara do Samu tinha razão. Não havia nada que eu pudesse fazer naquele momento para ajudar a Andréa. Então, permiti que a equipe de socorro me ajudasse. Eles me colocaram na maca e me levaram para a ambulância, ao mesmo tempo em que cuidavam dos meus ferimentos.
Chegamos ao hospital em minutos. Minha mente parecia rodar. Era estranho e até vergonhoso estar naquela situação. Eu era Policial, era meu dever proteger a Andréa e a todos que estavam naquele parque. Mas eu havia sido alvejado por aquele otário. Por aquele otário que estava bêbado e que mal sabia atirar. Simplesmente não conseguia parar de me cobrar, por não ter sido mais rápido. Por não ter sido capaz de proteger a Andréa. Eu era um zé mané! pensava eu.
Fui levado para a sala de cirurgia. A equipe do Samu já estava com a minha carteira com os documentos. Perguntaram para quem ligar, eu disse para avisar meu amigo Ademárcio. Foi estratégico, ele poderia ajudar a resgatar a Andréa.
Eu sentia tanto ódio. Minha vontade era de estraçalhar aquele desgraçado! Mas infelizmente não teria aquela oportunidade.
As horas se passaram, a cirurgia havia sido tranquila. Adormeci por causa dos medicamentos, mas quando acordei, assustado, diga-se de passagem, o Ademárcio estava sentado ao meu lado.
- Graças a Deus! - Ele comemorou. - Velho, quase tive um infarto quando me ligaram. Você está bem?
- Claro que não, Ademárcio! - Eu estava muito irritado - Sabe se conseguiram localizar o desgraçado com a Andréa?
- Ainda não tive informação. A equipe ficou de me avisar caso tenham novidades. O que aconteceu, Leandro? Pois o que apurei com a Polícia Militar é que um homem atirou em você e levou uma mulher, que mulher era essa? Era a Angelina?
- Não, é a Andréa, daquela história do caldo...
- Ah, me lembro...
- O ex-namorado dela chegou lá, de repente, queria conversar, mas ela não queria e aí aconteceu o que você já sabe, tentou me matar e tenho medo que faça o mesmo com ela.
- Ainda bem que o desgraçado é mau de mira, viu! Acertou só o seu braço esquerdo. O médico me disse que conseguiu retirar as balas e não ficará nenhuma sequela. Rapidinho você estará cem por cento.
- Estou com um ódio tão grande! Se eu encontrar aquele filho da mãe eu...
- Não se esforce muito. Nada de querer bancar uma de super homem porque não vai dá certo. Deixa que ele vai responder judicialmente.
- Ademárcio, eu sou um inútil! Era para eu ter conseguido detê-lo. Não era para o filho da mãe ter levado a Andréa, era minha obrigação protegê-la. Eu falhei.
- Para com isso, Leandro! Se culpar não vai adiantar nada, velho. Você fez o que poderia ter feito. O cara estava armado, poderia ter te matado. Você não é feito de aço, esqueceu?
- Se alguma coisa acontecer com a Andréa eu não vou me perdoar.
- Não vai acontecer nada. Ela será resgatada sã e salva e esse cara vai ser ser preso. Tudo vai se resolver.
- Não é tão simples, Ademárcio. Você não viu como ele estava. Totalmente fora de si, parecia que tinha bebido ou usado outra droga. Pelo pouco que ela me contou sobre ele, o cara é agressivo e estando fora de si, como eu vi, pode fazer uma besteira sem perceber.
- Que furada você se meteu, Leandro! Não sei como você tem coragem de trocar a Angelina, uma gata, fina, elegante por essa tal de Andréa toda problemática.
- Eu não troquei a Angelina pela Andréa...
- Por enquanto. Eu te conheço, rapá, sei que está interessado nessa Andréa, percebi desde a primeira vez que falou dela.
- Mesmo se eu estivesse interessado na Andréa, como você disse, acho injusto você atribuir a ela a culpa por esses problemas. Ela é a vítima. O culpado é esse maníaco do Marcos. Além disso, a Andréa é uma mulher fantástica, com conteúdo de verdade.
- Você mal conhece a Andréa, Leandro...
- Sim, mas em pouco tempo já percebi isso. Se você tiver a oportunidade de conhecê-la vai entender o que estou dizendo.
Ademárcio não falou nada, mas fez uma cara de deboche, como se duvidasse das minhas palavras. Eu não poderia tirar-lhe a razão, afinal, quantas vezes ele havia me visto interessado em uma mulher? Quantas vezes ele presenciou o fim dos meus relacionamentos?
Interessado...Sim, a quem eu queria enganar? Me sentia atraído pela Andréa. Era algo diferente, ela era diferente. A conversa fluía e até meu coração acelerava quando estava perto dela. Poxa, pensar que ela estava em perigo me fazia sentir um aperto. Me fazia questionar ainda mais o ser humano, a vida.
- Visto que você acordou e está fora de perigo, vou autorizar que colham seu depoimento. - Ademárcio me disse, mexendo no celular. - Vai dá certo, amigão! O que depender mim, farei o possível para trazer a sua Julieta.
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É, o Leandro foi baleado e a Andréa sequestrada. Será que o doido do Marcos vai fazer algum mal a ela? Continue lendo a história e descubra.
Aproveito pra agradecer a todos/as vocês pelas leituras e comentários, fico feliz de saber que estão gostando.
OBS: Os capítulos são postados sem revisão ortográfica profunda.
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Um Certo Arbogast
RomanceDrika Santos tem 27 anos, negra de cabelos cacheados e volumosos, olhos castanhos, sorridente, é professora do 3ª ano numa escola particular em Brasília, os pais a pressiona a passar em um concurso público, só que seu desejo mesmo é ser escritora. E...