CAPÍTULO VINTE E UM - DRIKA

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Acordei tão feliz. Era um sentimento difícil de descrever. Meu coração se aquecia de uma forma gostosa quando eu pensava no Rafael. Nem preciso dizer que a música "Disfruto" foi adicionada à minha playlist e o pior, eu havia ativado o modo replay. Era capaz de a qualquer momento a voz da mulher do Google gritar "Dá pra parar de ouvir essa música?". Por incrível que pareça algo parecido aconteceu. Meu irmão bateu à porta do meu quarto, eu já estava acordada há um tempão terminando de me arrumar para ir trabalhar, quando abri a porta ele disse de supetão:

- Tem outra música para escutar, não?

- Não! - Respondi e ele saiu, revirando os olhos. Eu apenas sorri.

Fechei a porta do quarto e continuei me arrumando ao som daquela música. Estava inspirada, por isso, passei um batom rosa, lápis de olho e borrifei um perfume importado cheirosíssimo que havia ganhado tempo atrás.

"Quiero darte un beso/ Perder contigo mi tiempo/ Guardar tus secretos/ Cuidar tus momentos."

Amava essa parte da música. No trajeto para o trabalho continuei escutando a música e em alguns momentos imaginei como seria sentir os lábios do Rafael nos meus, especialmente porque sua boca era rosada e carnuda. Uma buzina bem alta me tirou do meu devaneio.

- Preste atenção, sua barbeira! - Um cara mega irritado berrou e mostrou o seu dedo médio para mim, assim que conseguiu ficar lado a lado do meu veículo. Ele estava em um carro branco bem chique. Nem me perguntem o nome do automóvel porque não sou boa nisso. O que me lembro é que eu estava abaixo da velocidade da via, por isso ele buzinou e fez questão me xingar.

Me ajeitei no banco, olhei pra frente, subi os vidros do carro e aumentei o volume do som. Nada ia me estressar. Eu estava em paz e feliz. Assim que cheguei à Escola encontrei a Jaque na sala de professores.

- Nosso Deus! - Ela gritou quando meu viu. - Passou até um reboco na cara. Ah, como o amor faz bem. - Me abraçou.

- Sua boba! - Fiquei com vergonha, pois os outros professores ficaram me olhando.

- Amor? - Michelle, a secretária escolar, me perguntou, toda empolgada.

- Amor à vida! - Respondi, sorrindo.

- Sei... algo me diz que essa vida tem nome e é barbudo. - Michelle sorriu. Ela queria a todo custo arrancar alguma informação. Certeza de que queria ter algum assunto para fofocar na hora do almoço.

- Gente, só porque eu passei um batom não quer dizer que estou apaixonada ou namorando. Só me deu vontade e ponto. - Fui guardar meus materiais no armário e os demais profissionais que estavam ali continuaram a sua rotina. Jaque se aproximou.

- E, aí? Resolveu aceitar?

- Sim.

- Amiga, que maravilha! Estou tão orgulhosa de você. Tenho certeza de que será uma experiência ótima jantar com ele. O Rafael me parece ser bom de papo, carinhoso e o restaurante escolhido super vale a pena, como eu já te disse.

- Estou estranhamente tão feliz, sabe, Jaque. Não me lembro da última vez que senti algo assim.

- Isso é excelente! Você merece ser feliz, amiga. Não quero dizer que para ser feliz você precisa ter um namorado ou algo assim, afinal, podemos ser felizes sozinhos. Mas se permitir gostar de alguém. Se abrir para um relacionamento é incrível.

- Confesso que dá um frio na barriga. Um medo de estar criando muita expectativa...

- Criar expectativa não é legal. Creio que o melhor é curtir o momento. O que importa agora é que ele te chamou para sair. Apenas isso. O que acontecerá mais pra frente não tem como saber.

Um Certo ArbogastOnde histórias criam vida. Descubra agora