CAPÍTULO TRÊS - ARBOGAST

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Ao som da música Hoje Lembrei do Teu Amor - Tiago Iorc.


- Eu duvido que esse namoro do Lelê passe dos 06 meses! - Maristela afirmou em tom de brincadeira, arrancando gargalhadas de todos que ali estavam.

- Não vai passar de 06 meses porque não é um namoro. - Eu rebati.

- E se não é namoro, é o quê? - Ela quis saber.

- Estamos nos conhecendo, digamos assim.

- Se conhecendo há 03 meses? Você não acha que já conheceu muita coisa? Está na hora de passar pra outra fase. - Ademarcio interviu, concordando com a Maristela.

- Na minha época, ficar com a mesma pessoa por 03 meses já era considerado um namoro...Temos a mesma idade, então acho que estou certa em afirmar que...

Não consegui prestar atenção no que a Maristela disse em seguida. Só sei dizer que todos sorriram e eu também. Estávamos na área de lazer da casa do Patrício, nosso amigo em comum, desde a hora do almoço. A princípio era para ser apenas um pequeno almoço para reunir os amigos achegados e jogar papo fora. Fiquei encarregado pelo churrasco e pela salada de maionese, enquanto o restante do pessoal trariam as bebidas e as outras comidas. Só que o relógio apontava 17h e ainda estávamos no pique, entretanto, em menor número, pois os outros amigos foram pra casa umas duas horas depois que a comida foi servida, alegando várias coisas.

Era sempre assim, quando fazíamos um churrasco, chamávamos vários amigos e no final sobrava nós 04: Maristela, Ademarcio, Patrício e eu. A conversa girava em torno de vários assuntos, mas minha vida amorosa nunca era esquecida. Geralmente isso não me incomodava, mas ultimamente eu ficava pensando nisso com uma certa frequência.

Maristela era casada há 07 anos e já era mãe de duas filhas lindas. Ademarcio parecia super feliz ao lado de Lydiane, sua esposa há um tempão. Já Patrício estava noivo da Leonora por dois anos e em poucos meses se casariam. E eu? Bem, eu estava conhecendo a Angelina, como destaquei, por 03 meses, sem previsão de caminhar para algo sério. Não que eu não quisesse, na verdade eu gostava muito dela, mas sabe quando você não se visualiza envelhecendo com uma pessoa? Me sentia feliz com ela, mas não completo. Parece besteira, mas quero me casar com alguém que eu sinta que nos encaixamos. Não acredito nessa idiotice de alma gêmea, mas creio ser possível encontrar uma pessoa que mexa com quem somos, que desperte algo bom dentro de nós.

Eu admirava o casamento dos meus amigos que estavam ali. Seus cônjuges não eram ciumentos doentios, fato esse que não se incomodavam de deixá-los passar um dia todo de domingo num churrasco, como acontecia agora. Eles davam liberdade. Algo raro hoje em dia.

- Não se importe com eles - Patrício disse, segurando meu ombro, enquanto Maristela e Ademarcio tagarelavam sem parar.

- Eu não me importo! Está tudo tranquilo. - Eu respondi, dando um gole na minha Heineken.

- Eu te conheço, Leandro! Você não quer dar o braço a torcer, mas sei que ficou incomodado. - Como eu não falei nada, Patrício continuou - olha, eu sei que isso é chato. Essa pressão para a gente casar, ter filhos. Especialmente na Polícia. Eu já ouvi muito isso. Conheço alguns amigos que até se casaram apressadamente, só por causa desses falatórios vãos. Mas te dou um conselho: não faça aquilo que não queira só para agradar os outros. No final das contas, a única pessoa responsável pelas consequências das suas ações é você mesmo.

- Valeu, Patrício! - Agradeci, embora minha vontade fosse negar e dizer que não estava me sentindo mal por essa insistência em minha vida amorosa. Mas em vez de justificar, resolvi só agradecer. Afinal, ele estava certo.

- Hein, Lelê, você sabe que eu sou uma brincante, né? - Maristela disse de supetão, como se tivesse escutado a minha conversa com o Patrício.

Apenas sorrimos e continuamos a jogar papo fora. Era muito bom estar com os amigos.

Quando cheguei no meu apartamento, tomei um banho e logo deitei. O fim de semana havia terminado e o dia seguinte iniciaria uma nova semana. Um novo ciclo. Tirei uma selfie, escrevi uma legenda que expressava o que eu sentia e publiquei no Instagram. Imediatamente choveu curtidas e comentários. Ter essa atenção das pessoas me fazia bem, preenchia, de certa forma, o vazio que eu sentia por estar sozinho naquele apartamento. Ou será que eu me sentia sozinho na vida também?



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E aí, leitores? na próxima segunda-feira tem mais um capítulo. 

Não esqueçam de apertar na estrelinha. Fique a vontade para comentar. 


OBS: Os capítulos são postados sem revisão ortográfica profunda. 

Um Certo ArbogastOnde histórias criam vida. Descubra agora