CAPÍTULO DEZENOVE - DRIKA

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Ao som da música Porque eu te amo - AnaVitória

- Fique calma, Drika! - Jaque me disse assim que parou o seu carro em frente a minha casa.

- Não consigo. Eu agi feito uma idiota. - Passei a mão pelo meu rosto - você tem noção que eu fiz o Rafael relembrar a morte da esposa? Acho que isso era tão pessoal.

- Drika, você disse que ele usa a aliança mesmo depois da morte dela que aconteceu há dois anos. Ele se lembra dessa tal de Amanda todos os dias. Você tocar no assunto não fez muita diferença, para de se martirizar. Veja por outro ângulo, se isso é tão pessoal, como você mesma disse, ele compartilhou contigo, porque ele te considera importante. Caso contrário ele teria mandado você catar coquinho no asfalto.

- Você tem razão. Mas é inevitável não pensar que estou me iludindo, sabe? Ele é bonito, bacana e tem tantas mulheres mais bonitas do que eu na Academia...Acho petulância da minha parte achar que ele sente algo a mais por mim, uma gorda desajeitada.

Jaque respirou fundo e depois de alguns segundos me disse:

- Apenas curta o momento. Não fique antecipando as coisas porque não vale a pena. Ele disse para você abrir o envelope quando voltasse da academia. Então entre na sua casa, tome um banho e abra esse bendito envelope. Acho que você vai se surpreender.

- Por que você acha isso? - Meu coração acelerava só de imaginar o que poderia ter nesse envelope.

- Porque eu percebo as coisas, ao contrário de você. - Destravou as portas do carro - agora vá.

Nos despedimos e logo em seguida entrei na minha casa. Minha mãe estava na cozinha preparando um suco detox de limão, alface e laranja, que ela fazia todos os dias antes de dormir. Já meu irmão estava em seu quarto jogando videogame. Conversei bem rapidinho com cada um e fui direto para o meu quarto.

Pensei em abrir o envelope de uma vez e acabar com a curiosidade. Mas decidi seguir o conselho da minha amiga Jaqueline e tomei banho primeiro. Na verdade eu estava com medo. Medo de ser algo bobo e eu ter criado expectativa. Medo de ser um pedido de noivado e eu ter que recusar ou aceitar, aliás, não dava para aceitar, pois eu o conhecia há pouco tempo. E se fosse uma foto dele mostrando a barriga tanquinho? Me arrepiei de imaginar a cena. Mas pelo perfil do Rafael era impossível ser uma foto dele. Terminei o banho, ainda pensativa, vesti meu pijama surrado, peguei o envelope e sentei na cama.

Respirei fundo várias vezes, até que comecei a abri-lo. Quando finalmente estava aberto, joguei de lado e deitei na cama olhando para o teto. Aí meu Deus! Minhas mãos soavam. Naquela hora me arrependi de não ter pedido para a Jaque entrar em casa e abrir para mim. Você precisa ter coragem, eu disse para mim mesma. Coragem era uma palavra que me faltava muito. Eu sei, estava sendo patética, pois seja lá qual fosse a verdade sobre os sentimentos do Rafael eu saberia de uma forma ou de outra. Mas lá no fundo eu preferia ficar na minha ilusão. Comecei a questionar se havia sido uma boa ideia ter comentado com a Jaque sobre a minha ilusão com o Rafael. Se ninguém soubesse, seria algo só meu e as chances de eu ser decepcionada seriam quase nulas. Se bem que eu não havia dito para a Jaque que gostava do Rafael. E quem disse que eu gostava do Rafael? A quem eu estava querendo enganar?

Sentei novamente na cama, peguei o envelope, respirei fundo e retirei os dois papéis que estavam lá dentro. Fiquei surpresa. Era um convite para jantar no sábado a noite no Nau Frutos do Mar, um restaurante super chique daqui de Brasília que eu havia ido lá uma vez com a Jaque, porque ela tinha ganhado o ingresso em um sorteio de rádio. O outro papel era um bilhete dourado escrito a mão que dizia:

"Drika, não sou bom em descrever os meus sentimentos. Mas encontrei uma música que expressa exatamente o que eu gostaria de dizer a você. O nome da música é "disfruto" da cantora Carla Morrison. Espero que goste da música e desejo muito que aceite o convite de jantar comigo."

Um Certo ArbogastOnde histórias criam vida. Descubra agora