Ao som da música Por Você - Frejat
Meu coração queria sair pela boca. Minhas pernas estavam trêmulas e borboletas pareciam voar dentro do meu estômago. Era um turbilhão de sensações, de sentimentos. Eu não sabia descrevê-los bem, mas uma coisa eu tinha certeza: era bom me sentir assim.
O Rafael estava me esperando sentado na moto, enquanto eu estava em pé conversando com a Jaque pelo Whatsapp.
"Amiga, desculpa mesmo não voltar com você." - Eu escrevi.
"Toma vergonha nessa sua cara. Eu sei que desde o começo vc queria que isso acontecesse. kkkkkkkk". - Jaque rebateu.
"Sua ridícula! kkkkk".
"Depois me conta tudoooo". - Jaque pediu.
"Pensarei no seu caso." - Respondi.
Guardei o celular no bolso e fui em direção ao Rafael.
- Desculpa a demora, Rafael.
- Tranquilo, Drika. - Ele me entregou o capacete.
- Tem certeza de que hoje é o melhor dia para darmos essa volta? Estou toda suada por causa dos exercícios.
- Nunca deixe para amanhã o que pode ser feito hoje, já dizia o velho ditado. - Sorrimos.
Resolvi não dificultar as coisas. Coloquei o capacete. E com muita dificuldade subi na garupa da moto.
- Segure bem firme a minha cintura. - Rafael ordenou e eu obedeci. - Pronta?
- Sim.
Ele deu partida na moto. No começo me senti desconfortável. Mil coisas passaram por minha cabeça. Eu estava suada. Estava sentada de uma forma empinada e tinha ciência de que não possuía um corpão tipo da Sabrina Sato para ficar me 'amostrando' daquele jeito. O capacete me sufocava um pouco. Visto que eu era atrapalhada, tinha medo de cair e me esborrachar no chão. Isso seria tão trágico.
- Apenas relaxe! - Rafael gritou, sorridente.
- Hã? - Eu falei isso, embora tenha entendido o que ele havia dito. A voz do Rafael tinha saído abafada por causa do capacete e do vento.
- Eu disse pra você relaxar. Não se preocupe. Curta o momento - Ele explicou.
Eu me arrepiei, pois o Rafael parecia ler os meus pensamentos. Como ele sabia que eu estava tensa? Me ajeitei na garupa e agarrei a cintura dele com mais força. Eu sentia um calor emanar do seu corpo. E naquele instante, meu coração acelerou de uma forma diferente. A noite estava bonita. A lua estava cheia e era possível observar as estrelas. O Rafael pilotava a moto com habilidade. Passava entre os carros de uma forma segura e quando menos esperei, chegamos em frente a minha casa. Ele parou a moto. Me ajudou a descer. Não é nenhuma novidade de que eu quase caí em cima dele. Definitivamente eu era muito atrapalhada.
- Eu não consigo tirar. - Que ódio! A cinta do capacete parecia estar emperrada no engate. Fiquei morrendo de vergonha, não bastava quase cair em cima dele, agora estava com o capacete preso na cabeça.
- Vou te ajudar a tirar. Esse engate é complicado mesmo.
Ele se aproximou. Ficou de frente para mim e começou a apertar em algum lugar do engate. Sua mão roçava de leve no meu queixo e o seu perfume invadiu minhas narinas. Fiquei tão embriagada por seu cheiro cítrico amadeirado que minhas pernas ficaram bambas. Quando ele retirou o capacete, ficamos nos olhando por alguns segundos. Estávamos tão próximos que eu sentia a sua respiração quente acariciar minha boca. Fechei os olhos imaginando como seria a sensação dos seus lábios tocando os meus. Naturalmente os nossos rostos começaram a se aproximar, atraídos como íman.
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Um Certo Arbogast
RomanceDrika Santos tem 27 anos, negra de cabelos cacheados e volumosos, olhos castanhos, sorridente, é professora do 3ª ano numa escola particular em Brasília, os pais a pressiona a passar em um concurso público, só que seu desejo mesmo é ser escritora. E...